Jeff Palmer: o pornstar negacionista

Detalhe de rosto do ator pornográfico Jeff Palmer

Esse não é meu primeiro texto em que abordo o tema da pornografia, escrevi outros que você pode ler aqui, e aqui. Aliás, a leitura desses textos, mesmo superficial, pode ajudar a entender esse de agora. Pelo que se pode perceber, não tenho uma opinião radical, nem prego a proibição ou interdição da pornografia, embora eu ache que precisamos sempre manter nossas mentes abertas à possibilidade de se criticar tudo o que é oriundo de um modo capitalista de produção de quaisquer coisas. De tanto pesquisar, por exemplo, eu tropecei nesse fato curioso. Jeff Palmer: o pornstar negacionista. Não o conheci de um vídeo que eu teria assistido para meu desfrute. Mas porque alguém o mostrou por motivos humorísticos, fazendo gozação de sua cara de bobo e de seus gemidos. E isso me fez procurar informações e eis que eu tropeço no inevitável.

 

Na Internet, ninguém perdoa ninguém. Há na rede, ainda, alguns artigos que comentam as crenças particulares do pornstar e as mostram como absurdas, assim como fazem piada de seu alegado talento para a música. Duas vezes laureado com prêmios (um por ter os mais sedutores olhos e outro por ser o melhor “ativo” em cena, em 1998 e 1999, respectivamente), David Zuloaga (nome de registro), de atuais 46 anos, começou no mercado aos 20. Além de ator pornográfico, também produz música e, no seu tempo, alguma polêmica por algo que hoje parece comum no mercado pornográfico: fazer sexo sem camisinha. Sua opção por filmes bareback aos poucos revelou ser mais que um desejo seu. Jeff não acredita no vírus HIV, nem nos tratamentos para a contaminação ou para a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

 

Foto do ator Jeff Palmer
Jeff Palmer, foto Divulgação. Clique na imagem para mais fotos.

A confirmação de sua contaminação, de acordo com entrevistas dadas, foi no ano de 1997. quatro anos depois, ele decidiu abandonar o tratamento com antirretrovirais, após os ataques de 11 de setembro de 2001. A associação entre o abandono do tratamento e o evento catastrófico nos EUA não parece ser uma coincidência ou um simples marco. Um evento muito chocante, como um desastre, uma guerra ou um ataque que causam pânico generalizado levam as pessoas a questionarem a vida. Isso pode gerar uma reavaliação positiva ou negativa das coisas. Ou confusa. Guiado pelo princípio do prazer, Jeff Palmer abandona o uso de preservativos nas suas relações pessoais e filmadas. Isso leva ao fim de seu contrato com a Falcon, importante empresa do ramo. Depois de um pequeno hiato, ele retorna com total força em filmes sem preservativo vendendo beleza e saúde, conseguida, de acordo com ele mesmo, por ter parado de usar antirretrovirais.

 

Jeff é um tipo comum de beleza branca: sua pele bronzeada pelo sol de Miami emoldura um rosto de boca vermelha e traços finos. Seus cabelos castanhos, ora descoloridos à moda do surfe, mostravam um visual jovem. O corpo magro, porém com músculos em evidência chamam a atenção. Os primeiros filmes feitos exploravam seu principal talento: o órgão sexual com alegadas 9 polegadas, o tamanho predileto da indústria pornô. Jeff fazia o papel de “ativo”, penetrando outros homens. Mas após seu retorno ao “radical” sexo sem proteção, Jeff passa a ser versátil, em cenas em que ele também é penetrado. A partir disso, sua suposta criatividade e sucesso aumenta também seu amor próprio: ele se lança como músico alternativo, numa série de singles de música eletrônica com vocais em que ele canta, fala, declama, em vídeos quase conceituais, embora não tenham sido bem recebidos pelo público. O sonho de ser cantor e músico é algo que ele mostra mesmo antes de lançar seu material nos anos 2000, como atestam entrevistas nos veículos de imprensa do mundo gay.

 

Aos 31/32 anos, ainda muito novo e com beleza física conservada, Jeff sai em seu último filme pornô gay, em 2009. Alem dos EUA, Jeff viveu em Mendoza, Argentina, cidade vinícola paradisíaca. Durante sua carreira, ele se apresentava também em clubes noturnos e produzia vídeos solo para fãs online, mas não mais produziu material videográfico em grupo desde então. Por fim, ele se mudou de volta para Los Angeles em 2010. Desde então, ele desapareceu da mídia e dos filmes. Ainda hoje, no entanto, ele é lembrado e conhecido tanto por seus filmes pornográficos quanto por sua atitude com relação ao negacionismo em relação ao HIV, mesmo tendo revelado ter testado positivo para o vírus ainda no século passado.

 

A descoberta da sua situação sorológica introduziu Jeff no pantanoso mundo da pornografia bareback., encarada, primeiramente como um nicho fetichista com ares de terror real. A existência de produções pornográficas que usam camisinha é que deve estranhar, no caso. O uso de preservativos começou com uma recomendação, uma tendência dentro da indústria, principalmente no hemisfério norte, depois isso se espalhou pelo mundo, como um apoio ao combate às IST, e uma forma de garantir a saúde física dos trabalhadores da indústria do sexo. No entanto, o filme de sexo sem preservativos foi se popularizando por fora da indústria, dentro e fora da Internet, nos últimos anos.

 

Pornografia, saúde e liberdade sexual

 

Eu me lembro de ler, na primeiríssima revista gay que eu comprei, uma matéria tenebrosa sobre os clubes de sexo do oeste dos EUA, onde gays faziam sexo em orgias sem qualquer proteção. O texto revelava, de modo deturpado, o terreno instável do mundo privado das pessoas em um país em que o sexo consensual poderia fazer mal à saúde e estava tudo OK: a contaminação por IST, principalmente por HIV/AIDS não era mais temida como antes. A chegada dos medicamentos antirretrovirais mais eficientes trouxe a certeza de que era seguro tomar comprimidos de manhã todo dia e poder ter sexo com liberdade, sem medo, sem se obrigar a relações estáveis e controladoras. De fato, essa conduta simplifica as coisas. Há riscos, inclusive em se fazer sexo sem proteção, com ou sem uso de medicamentos. A chegada da PrEP e a possibilidade de se manejar a contaminação por HIV pareceu ser ainda mais animadora para quem queria fazer sexo livremente. Embora as IST não sejam exatamente reduzidas à AIDS, a proteção contra a mais mítica de todas as doenças sexuais leva a um relaxamento com relação a outras, também perigosas e mortais.

 

E o que é fazer sexo livremente? É usar o corpo fora do espectro de ação dos poderes da ciência médica, que é normalizadora e, no caso das sociedades do norte do mundo, incluindo aí o Japão, Austrália e Nova Zelândia, faz eco à moralidade cristã, referendando o pensamento místico cristão em que a conduta moral austera que conecta a economia do uso do corpo para o trabalho em sociedade, o ideal cristão de obediência e subserviência e, por fim, a saúde que sustenta isso tudo num aparente discurso homogêneo. Esse tipo de discurso também faz sentido nas periferias do capitalismo: nas ex-colônias da América, África e Ásia. No entanto, as bases filosóficas liberais do capitalismo, após o século XVIII, reforçam o conceito de liberdade individual, que escapa às proibições metafísicas do cristianismo. A liberdade de pecar e ir para o inferno é também a liberdade de uso do corpo, consignada aos recursos próprios para isso, mas real, principalmente para os indivíduos mais abastados da sociedade.

 

Isso é muito importante. Nenhum ator pornográfico desses que fazem muito sucesso aparenta ter um perfil de vida que não seja burguês. Mesmo sabendo que eles podem ser pessoas de origem muito simples e que alguns tenham vindo da extrema pobreza, da prostituição, a aparência de todos é de extrema saúde e beleza: corpos sempre musculosos, sarados, limpos, depilados, cabelos estilosos, tatuagens. O uso do corpo na pornografia mostra o ideal. O consumidor quer ver beleza, saúde. Não quer pensar em doença e morte na hora do sexo, algo que a prevenção obriga. Fazer sexo com camisinha é lembrar que sexo pode trazer a morte. Ainda mais um sexo não reprodutivo. Mais ainda numa cultura de base cristã ou mesmo de outra base religiosa que seja moralista ou restritiva com relação ao uso dos prazeres. Tudo que é bom mata: sexo, açúcar, drogas. Isso irrita o cidadão com liberdades, pois ele resiste ao estoicismo de se achar a felicidade em viver na restrição e baseando-se em valores, crenças imaginárias, metafísicas que só fazem sentido dentro do cercadinho que o colocaram.

 

Portanto, o sexo livre é um empecilho ao controle do corpo, porque gasta uma energia que deveria ser usada no trabalho. Mas no caso dos trabalhadores do sexo, o prazer deveria ser a sua principal ocupação, não é justo que isso os mate de doenças graves, cuja cura é difícil, impossível ou cujo controle é complicado e burocrático, porque a medicina social enfatiza a prevenção, mais barata que a cura. Quer dizer que dinheiro é mais importante que saúde? No capitalismo, sim. O estado não quer gastar dinheiro demais com a cura da AIDS ou outras doenças. Por isso, a prevenção que constrange liberdades. E é exatamente a economia de recursos estatais que permitiu que filmes pornográficos fossem gravados sem qualquer tipo de proteção física dos atores envolvidos. Uma lei proibitiva, nos EUA, onde o projeto foi largamente discutido na sociedade, mostrou-se inviável. Os recursos necessários para fiscalizar material pornográfico ou para processar quem fizesse material que aparentasse estar sem proteção poderia custar muito ao sistema judiciário, que deve se focar em assuntos mais urgentes para todos.

 

Além de tudo, principalmente nas nações europeias e norte-americanas, as produtoras alegaram o direito à liberdade individual dos atores e mostraram planos e práticas de controle de doenças com testagem e apoio a atores e atrizes que necessitassem de algum tipo de tratamento. Com a diminuição de riscos avalizada pela medicina, os constrangimentos do moralismo, a bizarrice dos argumentos dos conservadores contra o sexo sem camisinha tornaram impossível ao estado controlar tudo, inclusive a vida particular de seus membros. Usa camisinha quem quer se proteger, dentro e fora das telas. Muitas produtoras ainda fazem cenas com preservativos a fim de atender à demanda de quem prefere ver esse tipo de cena, mas ainda discussões profundas envolvem cenas de sexo oral, ejaculação e toda uma discussão de riscos que esbarra nas estatísticas que mostram a eficácia do uso do preservativo nas relações anais e vaginais como aparentemente suficiente para diminuir a quase zero o risco de contaminação de outras formas. Enfim, a lereia toda nunca foi exatamente sobre sexo e prazer, apenas. Mas sobre dinheiro e política, principalmente.

 

E onde entra Jeff nisso tudo?

 

E nesse caldeirão de confusões, está Jeff Palmer. Não me esqueci dele, não. No meio dessa briga, ele era uma espécie de “bad boy” do mundo pornô. Ele aparecia como um desbravador de um caminho importante para a liberdade do corpo no mundo gay. Uma liberdade controversa, que servia mais para expor as pessoas ao risco da contaminação pelo HIV, já que o pensamento de Jeff não era exatamente de estar numa rotina de testes e medicamentos que comprovassem que fazer sexo com ele nos filmes fosse algo seguro. Ele militava pela pensamento negacionista. Ele achava que o HIV não existia. Que a AIDS de fato era um adoecimento causado pelos remédios que buscavam controlá-la. E o direito de pensar como queria e agir como fosse, amparado pela Constituição dos EUA, fê-lo continuar a propagar suas ideias, fazer filmes sem proteção e expor colegas e fãs a esse risco, já que em shows ao vivo que ele realizava em casas noturnas, Jeff permitia a admiradores o contato sexual com ele mesmo, com seu sêmen, inclusive, sem nenhuma forma de prevenção.

 

Capa da revista Unzipped Magazine de novembro de 1999, mostrando o ator pornográfico Jeff Palmer
Jeff Palmer na capa da Unzipped Magazine de novembro de 1999. Na época, sua carreira de ator e cantor/compositor era o foco. Isso, no entanto, abria espaço para que ele pudesse disseminar suas ideias negacionistas

 

Sua saída da produtora Falcon fê-lo caminhar por diferentes selos de produtores pornográficos. Somente em 2015/2016 é que esse imbróglio legal do uso do preservativo na pornografia foi resolvido. E os partidos beligerantes do congresso estadunidense se uniram para derrubar o projeto de lei que tentava normatizar o sexo seguro no vídeo. Mas isso aconteceu antes do desaparecimento de Jeff Palmer desse mundo pornô. Sem que saibamos o porquê, ele parou de fazer filmes adultos aos 32 anos, mas como é uma idade em que muitos se aposentam no ramo, isso não pareceu importar tanto. Sua militância contra HIV/AIDS pelo negacionismo é difícil de se rastrear desde então, algo que também foi perdendo importância, mas é uma postura parecida com o pensamento antivacinal que hoje assombra a luta contra a pandemia de SARS/COVID-19.

 

O pensamento negacionista é um resultado do empoderamento da estupidez humana, alavancado por uma educação de péssima qualidade ofertada a todas as classes sociais em uma sociedade capitalista, que raramente promove real autonomia de pensamento e quase nunca promove a possiblidade de se usar os conhecimentos aprendidos na escola, até o fim do ensino básico, para interpretar corretamente o mundo, a realidade que nos circunda. Mas o mundo não é uma entropia. Por que então não vivemos numa selvageria? Porque há dispositivos de controle: as instituições estatais, os poderes, a imprensa, a polícia, a sociedade se organiza para interpretar o mundo para o cidadão trabalhador. Por exemplo, na atual situação em que vivemos, somos, até certo ponto, refém da boa vontade dos políticos e da imprensa. Quando eles resolvem lutar pela verdade, estamos no lucro. E quando não?

 

Essa situação aumenta e muito a possiblidade de surgirem outras tantas formas de negacionismo. Jeff Palmer ficou encantado com teorias que negam o vírus HIV e a AIDS, acima de tudo porque era conveniente a ele, porque ele se sentia bem, produtivo, bonito e desejado. No entanto, ele não aparece para que julguemos como ele está, nem sabemos sequer da veracidade de seus exames que comprovaram a contaminação, no passado. Tudo o que temos é o que ele nos diz por meio de suas entrevistas, hoje difíceis de se garimpar na Internet, porque as mais recentes estão perto de fazer 20 anos que foram dadas. Jeff militava pelo direito de usar seu corpo sem liberdade e enganos, mas negava a dura realidade do uso do corpo numa sociedade em que a saúde é uma questão de uso de dinheiro público e que as soluções tem que pesar menos para o estado. Ele preferiu entrar em negação.

 

Como a sua carreira foi muito curta, jamais saberemos se de fato ele conseguiu viver com qualidade seguindo a filosofia de saúde que incluía misticismo quântico, a crença absurda nas teorias de acidez ou alcalinidade do sangue, o uso de suplementos duvidosos e toda uma série de mitos de saúde que acompanham negacionismos, contraditoriamente dando um suporte de tratamento falso a quem quer negar uma doença verdadeira, para que a sensação de bem-estar trazida pelo uso de placebos possa prevalecer inclusive sob a manifestação da doença negada. Por isso, é difícil saber que vida Jeff Palmer tem levado após a sua aposentadoria como ator pornográfico. Ele, como todo ator do ramo, entregou o mais do mesmo, ainda que tenha se apoiado no discurso fetichista do uso do corpo livre, do sexo bareback hardcore. Olhando para o passado, com os olhos de hoje, ele, mesmo contra a camisinha, não fez mais do que o mercado queria. De fato o que ele conseguiu foi entregar um produto que, na sua época, já era a Coca-Cola comunzona e largamente aceita no mundo gay: o sexo sem preservativo nas produções pornográficas. Sua fama de bad boy passa mais por seu desafio nada inteligente à ciência médica do que por sua ousadia em optar por uma liberdade a qualquer custo.

 

Enfim

 

O surgimento da Profilaxia Pré-exposição (PrEP) e de outras formas de tratamento, de ajuda e apoio à população LGBTQIA+, a profissionais do sexo, quer estejam na prostituição convencional ou no mercado de pornografia, trouxe a liberdade e a relativa segurança que Jeff Palmer gostaria de sentir quando ele estava na ativa. Ele saiu do mercado exatamente quando isso já era parcialmente possível e provavelmente o rigor de testes de saúde ou mesmo os tratamentos que zeravam a carga viral e aumentavam a imunidade salvaram muitos de seus colegas de se contaminarem por meio dele e de outros tantos negacionistas, já que ele não era e nunca foi um caso isolado.

 

No entanto, a existência numa sociedade de cultura baseada em valores judaico-cristãos ocidentais enche de culpa qualquer tipo de vivência social que não seja bem-sucedida, normalizada ou padronizada. O relativo sucesso e poder financeiro de Jeff permitiu a ele viver fora desse perímetro de condenações, do modo como sempre quis. Isso não é uma realidade para maioria das pessoas que estão expostas a IST. A maioria dos LGBTQIA+ é pobre, de classe trabalhadora, já que a sua dispersão na malha social mostra isso. A diversidade de orientação sexual e de gênero não é um fenômeno das classes ricas, que podem gastar recursos próprios na manutenção, ainda que controversa, da saúde. Para os pobres, para as pessoas de classe média, mesmo a classe média alta, que se acha muito especial e poderosa, a prevenção é a melhor escolha. Por isso tanto a PrEP quando o uso de preservativos devem ser mantidos e cada vez mais defendidos e utilizados. Porque, sem isso, no final, só os abastados vivem com qualidade.

 

Acima de tudo, mesmo que tenhamos uma postura crítica, analítica e dispersiva, os efeitos práticos da prevenção são melhores do que os efeitos do tratamento. Para além das leis não proibitivas ao sexo sem camisinha e para além do surgimento da PrEP, outro plot twist aconteceu no mundo da pornografia. A exposição dos seus males psicológicos, das mazelas da indústria e de suas relações abusivas, criminosas até (principalmente contra mulheres) tem tirado de foco, aos poucos, a produção pornográfica standardizada e industrial. Proliferam na Internet perfis de usuários de redes sociais que investem no sonho particular de produzir a própria pornografia, alguns raros com discurso filosófico do uso do corpo com liberdade, mas a grande maioria visando o lucro.

 

É um mercado extremamente acirrado porque não conta com as estruturas privilegiadas que a indústria tem de publicidade e distribuição. E nesse mundo das plataformas privadas como o Onlyfans.com, todos podem ter um espaço, cobrar por acesso. E o uso de preservativos é a exceção. Isso mostra uma distorção na compreensão dos benefícios da profilaxia. Mas ao mesmo tempo mostra o anseio de liberdade do uso do corpo que só acontece em sociedades em que a medicina busca fazer o mais barato para a população e não investe na promoção igualitária da saúde, por meio da cura. Isso pode ser medido pelo quanto se investe na cura de doenças largamente espalhadas, pela boa vontade da ciência médica e dos governos de produzir melhores condições de existência, não somente para heterossexuais que sejam ricos.

 

Não dá para dissociar a realidade do fato de que, no entanto, o uso do corpo por gays, principalmente, jamais seria o foco da ação da saúde social, em sociedades que herdaram seus valores, direitos e estruturas governamentais da Europa, como as americanas, também centradas em sistemas de crenças judaico-cristãs. Por outro lado, o controle do HIV e da AIDS é mais que necessário porque a contaminação e a doença atinge a todos, não somente os gays. O descontrole pode gerar epidemias difíceis de manejar e que demandariam altos custos, gastando dinheiro público. E é tudo que as casas legislativas das democracias ou os governos ditatoriais aqui da parte pobre do mundo não querem. Mas também eles não têm interesse supremo na cura da AIDS, cujas pesquisas para isso, mesmo nas nações da nanotecnologia e da briga de egos de ricaços espaciais, já passam dos 40 anos sem uma solução definitiva, assim como tantas outros males e problemas sociais que pobres experimentam. Mas, lembremo-nos. A medicina social lida com a cura em segundo plano. O consumo de recursos públicos é que organiza as demandas.

 

Esse texto fez com que você queira saber mais sobre prevenção e qualidade de vida para pessoas com HIV/AIDS? Acesse o canal do Instituto Pró-Diversidade e assista os programas do projeto Vida Athiva, cujos temas mostram na prática como se orientar e se ajudar, buscar seus direitos de cidadão e viver bem, contando com todos os recursos disponíveis no nosso país, por meio da ciência médica e do trabalho do serviço social e dos sistemas de saúde. É uma ótima programação para quem quer aprender mais e viver melhor.

 

Assista ao programa de abertura da temporada 2022 de Vida Athiva:

 

 

Por Alex Mendes
para sua coluna O Poder Que Queremos

Respostas de 6

  1. Assim, ou SE existe, ou SE não existe, SE for tudo ficção, apenas um mal estar, q sim , tem cura ,mas aí os cientistas viram nisso tudo a oportunidade d faturar bilhões, SE for ou não for,nos ,não sabemos, então pelo sim, pelo não,na dúvida, ninguém sabe, então, vms utilizar a camisinha q é pra evitar TODAS DSTs, hepatites ,Sífilis, Gonorreia, entre tantos outros problemas q infeções sexuais causam né, até q as mideas ,breve, um dia,comece,divulgar a cura oficial, ainda assim, vms continuar usando,CAMISINHA, né
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    1. Não tem SE. A doença existe e não há como negá-la. A não ser que a pessoa que nega prefira duvidar da ciência por motivos político-ideológicos. Ninguém deve usar camisinha por via das dúvidas. Deve usar se quiser ter a proteção que ela DE FATO oferece.

  2. Será que de fato, foi “negacionista”? Houve a época em que ter AIDS/Soropositivo, foi como uma maldição, onde sem haver medicamento ou tratamento, para muitos foi equivalente como a vingança ao diagnóstico recebido, ter relação sem camisinha, inclsuive era forte a associação com relação homossexual, dai ser casado e ter amante mulher, como se a contaminação não chegasse, inclusive foi bem comum em exame admissional pedirem “somante” exame para diagnosticar se era portador de sifilis!!! Tive uma colega que chegou a transar com alguns colegas, em mesma época e, ouvi de um desses colegas, que “agora impossivel dar sossegado”, sem cogitar da minha virgindade, seguiamos nos anos 80!

    1. De fato, esse texto é um ensaio longo, talvez não tenha lido a informação. Sim, ele era negacionista, porque afirmava que o HIV não existia, não era um vírus, que a AIDS, a síndrome, de fato era causada pelos remédios que supostametne deveriam tratar o HIV e isso tudo era um complô para assassinar gays, pessoas trans, prostitutas etc. Esse tipo de teoria, Jeff Palmer não inventou. Ele lia isso em supostos artigos científicos distribuídos pela Internet, na sua época, um tipo claro de fake news. É negacionismo porque negava a ciência. Ele passa, depois disso, a fazer filmes sem proteção, mesmo depois de diagnósticos de soropositividade, mesmo quando a lei passou a exigir que profissionais da indústria pornográfica sexual apresentassem exames de saúde como forma de protegerem a si e aos outros. Isso, de fato, é negacionismo.

  3. Texto critico e que foge totalmente do senso comum, uma leitura boa pra quem gosta de refletir sobre a nossa realidade, ou negação dela!

    1. Obrigado, querido! A minha vontade é que todos sempre reflitam. E para que reflitamos, não há assunto que precise ser mais ou menos importante. Até uma bobagem aparentemente sem sentido nos permite fazer a arqueologia do modo como nossa sociedade pensa e organiza seus poderes. Obrigado!

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