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Você é mais mãe do que eu

Produzido por Juliana Vicente, com roteiro de Gabriela Amaral Almeida e com direção de René Guerra, o curta-metragem Vaca Profana acompanha a rotina de Nádia (Roberta Gretchen Coppola), uma mulher trans que se prepara para se tornar mãe.

Com uma profundidade com forte densidade na personagem Nádia, o filme transmite para o expectador, os desejos e o sonho da maternidade dela. Porém, com a mesma profundidade, abre espaço para que a personagem Ana Maria (Maeve Jinkings) também transmita o seu sentimento.

Indiretamente, podemos imaginar que a gravidez de Ana Maria não foi planejada, mas, diretamente, somos inseridos no planejamento da maternidade por parte de Nádia.

A intensidade do curta se amplia quando o sentimento de maternidade bate em Ana Maria, fazendo com que esta tenha dúvidas sobre entregar a filha para a adoção da amiga. Podemos perceber que a vida de Nádia, como mãe não será fácil, numa sociedade como a nossa, mas o filme também trata com muita sensibilidade da dificuldade em uma mãe biológica entregar um filho para uma pessoa que terá muito mais condições de lhe dar uma vida melhor.

Dona de uma pequena lanchonete e com um apartamento bem arrumado, e com um quarto preparado para a sua filha, Nádia tem as condições de dar uma melhor qualidade de vida muito melhor para ela do que Ana Maria.

Vaca Profana investe a todo instante nas dores e nas cicatrizes que as pessoas, independentemente da orientação sexual, carregam. É compreensível a dor de Ana Maria, tudo fica bastante evidente durante o curta. Assim como é compreensível a dor de Nádia ter de se dirigir ao fórum não como ela mesma, mas como ele. Aí está o ponto: Nádia terá muitas dificuldades em criar a própria filha por ser uma mulher trans numa sociedade como a nossa. Dificuldades que Ana Maria não teria por exemplo, pelo simples fato de ser uma mulher cis. Os outros tipos de inúmeras dificuldades que ela e a filha poderiam vir a passar são aqueles que os moralistas costumam não se importar.

O filme tem um arco dramático interessante e emocionante, que traz a reflexão sobre alguns tabus empurrados goela abaixo por uma sociedade machista, misógina e homofóbica. A trama, com certeza, pode incomodar os mais conservadores ou reacionários, mas traz um debate altamente necessário.

FICHA TÉCNICA:

  • Vaca Profana
  • Ano: 2017
  • Gênero: Drama
  • País: Brasil
  • Direção:  René Guerra
  • Roteiro: Gabriela Amaral Almeida
  • Duração: 16 minutos

Foto de Capa: Google/divulgação

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