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Ursos de todo o Brasil, uni-vos!

Ursos, uni-vos! Vamos falar sobre intolerância?

No Brasil e no mundo, principalmente hoje, podemos ver a intolerância em foco. Ao olhar para o passado é inegável que os discursos de ódio se intensificaram. A pergunta, a meu ver, é: será que existe “vacina” contra a intolerância? Como devemos nos precaver? É possível em tempos sombrios se desconstruir? Como?

Acredito que um importante passo é a reflexão. Por meio da autocrítica – e antes de sairmos às ruas censurando e debochando uns aos outros – é preciso nos questionarmos sobre as possíveis consequências de nossas palavras, textos e atitudes. Não tenham dúvidas, li e reli muitas vezes o que agora escrevo para tentar minimizar a zona de impacto. Tudo que escrevemos (inclusive nas mídias sociais) são escritos para leitores. Tomar cuidado como agimos em sociedade, ou mesmo em relação a familiares, namorados e companheiros, exige cuidado. Ninguém tem o direito de agredir.

Dentro ou fora de casa, seja no trabalho, na escola ou na internet, as violências se multiplicaram. Não deveríamos perpetuar isso. A violência funciona como efeito matemático e progressivo. Meu mantra é: nas mídias sociais evito invadir o espaço do outro, mesmo quando acredito que o outro esteja errado. Essa postura me ofereceu paz de espírito, na medida em que não me desgasto com estranhos; e, principalmente, ganhei tempo sobressalente – quanto menos tempo eu perco com o diletantismo dos outros, mais tempo eu tenho para o que realmente importa para mim.

Por consequência, a cada dia tento aprender um pouco mais sobre os outros, suas dores, perdas, ganhos, sentimentos, conflitos e necessidades. Os seres humanos são dinâmicos, plurais, complexos e contraditórios. A isso ninguém escapa. O intrigante é que isso nos separa, quando na verdade, deveria nos unir. Conhecer pessoas diferentes agrega valor para cada um de nós.

Cada pessoa que passa pela nossa vida, seja ele um lindo amanhecer ou uma trovoada em meio a uma tempestade, representa um momento no qual aquela pessoa foi importante, seja como uma lembrança imortal, ou um arrependimento. Temos de aprender a deixar o passado no passado. O presente é uma dádiva, e deve ser visto como tal. Alimentar diariamente ódio contra aquele, que muitas vezes já não faz parte da nossa vida, vai fazer mal exclusivamente a nós mesmos. Quem ganha com isso? Será que, tal como novela dos anos 90, deveríamos passar cada dia da vida planejando contra alguém que seguiu em frente? Quem perde com isso? Você já parou para pensar nos relacionamentos que você nunca teve por causa de suas amarguras diárias que afastaram quem te admirava?

Quanto menos multiplicarmos a intolerância, mais sobrará espaço para a empatia e o respeito. A comunidade ursina pode se unir mais. Existem excelentes festas e baladas; restaurantes com churrascos e cervejas geladas… As noitadas podem sempre ser melhores amanhã. Mas, isso não nos define, exclusivamente. É preciso também ter fraternidade. Quando aquele belo espécime é gentil com você não significa dizer, obrigatoriamente, que vocês vão casar e ter 4 filhos. Muitas vezes, ele está apenas sendo educado. Não precisa, ao ser rejeitado em uma padaria, destilar ódio eterno ou praguejar mil maldições. Basta seguir em frente. Lembre-se: ele não te odeia e cada um tem o perfil que lhe agrada mais ou menos.

O quanto nós estamos dispostos a conhecer pessoas diferentes, ter uma boa conversa… rir muito, simplesmente porque é bom aproveitar esses momentos? A amizade tem o seu valor. Na sociedade da depressão e da ansiedade amigos são amuletos importantes para sobrevivermos ao caos social atual. As mídias sociais podem também ser excelentes ferramentas para jogar conversa fora, conhecer pessoas que podem, ou não, se transformar em relações afetivas, e será ótimo. Vamos aproveitar isso. Ursos de todo o Brasil, uni-vos!

Será essa união, essa abertura ao novo, ao diferente, que garantirá forte resistência contra a dor que estamos sentindo agora – seja pela pandemia, pelas perdas, frustrações, ou mesmo mal humor. Não importa. O que importa, de fato, que é que a amizade resulta em laços fortes e duradouros. É a família que nós construímos diariamente. E, acredito eu, sempre cabe mais um irmão ou irmã. Este talvez não seja o principal caminho para combater a intolerância, mas certamente vai fazer bem a você. Nos veremos no futuro.

Por Daniel Camurça
para sua coluna Oráculo dos Ursos

2 respostas

  1. Daniel, bela e provocativa reflexão acerca do ser humano, que por vezes manifesta o mais ruim de dia humanidade, pela via do preconceito e discrimacao. Cada vez mais vivemos em bolhas, que querem exclusividade e poder no.mumdonho de bolhas, que se não se ligarem, serão.a causa de sua decadência moral, física e espiritual.

    1. Concordo com você. Somos melhores que isso. Podemos ser afáveis com os outros. Fazer a coisa certa faz bem a todos nós! Fique bem.

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