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Uma carta aos medianos

Uma carta aos medianos: a foto tem um casal sentado em cima de um muro, mostrando apenas da cintura pra cima #pracegover

Não faz muito tempo, na gravação de um podcast, comentei que brancos e homens – e, principalmente, os homens brancos – possuem o privilégio de poderem ser medianos na vida. Vejam: essa ideia não é uma concepção minha, mas desde que tive contato com ela, comecei a refletir sobre o quanto isso fazia sentido dentro da minha realidade.

Falando da minha realidade, observo um fenômeno curioso entre meus amigos homens e, em grande maioria, brancos. Esse fenômeno se chama “Os caras que não querem e nem admitem serem machistas, mas acham super aceitável serem medianos”.

Antes de começar a explicar do que falo, peço desculpas antecipadas às mulheres que ainda precisam lidar com homens violentos e que nos subjugam acreditando ser o correto porque, estes, ainda são a maioria e me parece pequeno falar do que quero falar com tantas lutas mais urgentes. Contudo, existem discussões necessárias em todos os locais de fala para que novas formas de pensar e agir possam surgir.

Voltando ao fenômeno que mencionei e sobre ser mediano, estou falando sobre o não esforço dos homens, sobre esperar que as coisas mudem por contra própria, com o tempo, por meio da luta das mulheres pelo direito à equidade porque, se eu sou homem, mas não sou violento e nem subjugo as mulheres com quem convivo, eu já estou fazendo muito mais do que a maioria, não é mesmo?

Meu caro (com o artigo correto porque me refiro a esse gênero), sabe quando você fala: ainda bem que só tem homens fazendo esse projeto no trabalho comigo, porque é mais fácil do que ter que lidar com mulheres. Não é pelo fato delas serem mulheres, é porque são essas mulheres em específico, sabe? Então, você está se comportando de forma mediana.

Sabe quando você e seus amigos trocam mensagens no celular para falar o quanto a mina que acabou de chegar na roda de amigos é gostosa pra caralho e, mesmo que ela tenha ótimas ideias, a primeira e provavelmente a única coisa das quais vocês vão comentar e se lembrar é somente o quanto ela é gostosa? Então, você está se comportando de forma mediana.

Sabe quando você nunca precisou lavar um prato ou uma roupa porque, na sua estrutura familiar sempre teve uma mulher que fez isso por você e, quando você está na casa da sua namorada ou quando você se casa, você começa a ajudar e acha isso incrível? Então, você está se comportando de forma mediana.

Sabe quando uma mulher faz um texto, colocando alguns exemplos sobre ser mediano e você não consegue entender o porquê, mas está avido para continuar lendo esperando que ela te explique os motivos destes serem exemplos de atitudes medianas? Então, até neste momento, você ainda está se comportando de forma mediana.

E – sinto em lhe informar – não será pelo fato de encontrar uma mulher paciente que te explique o porquê destas atitudes serem medianas e nem, – meu deus, espero mesmo estar  dizendo o óbvio –  porque ainda existam masculinidades piores, que as coisas vão mudar sem que você precise fazer nada.

A mudança também vai depender de você, que se deu o direito de ficar na média até agora. Vai depender do quanto você vai se questionar o tempo todo e do quanto você vai questionar os seus amigos mais queridos e legais e veja, estou falando de questionar e não de julgar. Há diferença.

Vai depender do quanto você vai se incomodar com a sua inércia, do quanto você vai deixar de lado essa coisa aí dentro que te sabota e te diz que autoconhecimento é coisa de mulher que medita e faz yoga e, acredite, não digo isso porque quero me sentir realizada enquanto mulher nesta sociedade, mas porque quero que você também se sinta realizado enquanto alguém que foi além do que podia, e foi melhor e se amou.

Antes mesmo do Brasil ser descoberto, Leonardo da Vinci dizia:

“É algo que desde então veio à minha atenção, que pessoas realizadas raramente se sentaram e deixaram as coisas acontecerem a elas. Elas saíram e aconteceram às coisas”.

E aí, bora fazer algo além da média pelo coletivo?

Um abraço, um beijo, um cheiro.

Obs.: se você ficou com a pulga atrás da orelha e quer ir além mas não sabe como, me manda um oi no @dizialu do Instagram. Vai ser muito legal conversar com você com muito carinho e aconchego.

Referência bibliográfica: Nogueira, Salvador. Os 25 maiores gênios da humanidade e como a vida deles pode inspirar a sua. São Paulo: Editora Abril, 2016.

Luciana Andrade tem 32 anos. Formada em Comunicação social com habilitação em Jornalismo e especialista em Gestão de comunicação executiva. Casada com Danilo, escritora por paixão. Sou aquela que sempre traz amor, que está sempre com uma pergunta na cabeça, mas que esta feliz demais por ser essa Luciana toda!

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2 respostas

  1. Basta uma simples análise do ciclo social que estamos inseridos para perceber essas pessoas; e como a medianidade, a falta da busca por mudanças ou simplesmente uma atitude encorajadora impacta todos!

    Muito bacana, está incrível❤

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