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Sucesso e decadência da Rua Aurora

Contemplado pelo edital Histórias de Bairros de São Paulo, o curta-metragem em animação “Aurora: A Rua que Queria Ser um Rio”, conta o que uma rua da capital paulista poderia falar de si mesma, de suas origens e suas histórias, seus orgulhos e suas frustrações.

O filme, com roteiro e direção de Radhi Meron, tem narração de Priscila Paes que, em primeira pessoa remete à ancestralidade do que futuramente seria uma das milhares de ruas da cidade de São Paulo.

A Rua Aurora é testemunha do que ocorre em muitas grandes cidades brasileiras, principalmente nas regiões que, num passado tiveram uma importância sócio-econômica-social, mas que diante do crescimento e da degradação, tornaram-se pontos abandonados, com imóveis abandonados, pessoas abandonadas. A cidade que a rua viu crescer, hoje lhe dá as costas. E diante dessa situação a Rua Aurora questiona: “você já viu uma rua morrer”?

“Aurora: A Rua que Queria Ser um Rio” chama a atenção com orgulho da importância que teve na origem da cidade; as primeiras habitações, os primeiros comércios, a sua utilidade como via de transporte de mercadorias. Alternando vários tipos de animação, desde o desenho mais simples, aos mais detalhistas, e também ao stop-motion, o filme apresenta a reconfiguração da rua ao longo do tempo. Com visual e linguagem diretas, o expectador acompanha a passagem dos séculos e das décadas, para, ao fim, nos depararmos com uma rua triste, melancólica e nostálgica.

De certa forma, isto é o que acontece com muitas pessoas: as primeiras lembranças, junto com os primeiros sonhos. Em seguida, o desenvolvimento e o orgulho das conquistas. No fim, as frustrações de, por um ou outro motivo, ter perdido o que teve no passado, ou seja, não ter o devido reconhecimento. E neste ponto, podemos expandir para outros ramos da sociedade brasileira, além de uma rua ou de uma pessoa: vivemos num país que não tem memória e valoriza muito pouco a história que há em cada canto de uma cidade, um bairro, uma rua.

Conhecemos a história da Aurora, mas também conhecemos as suas angústias e aflições devido ao abandono em que se encontra. Mas, mesmo num estado de degradação, ela ainda enxerga uma luz no fim do túnel. A Rua Aurora consegue realizar seu sonho.

Outras “Ruas Auroras” espalhadas pelos quatro cantos do país também podem sonhar. Outros bairros em ruas assim habitam, também podem ter uma renovação e uma revalorização. Cabe às gestões públicas visão para viabilizar readequações para estas ruas, pois várias construtoras já estão se especializando na técnica retrofit.

Que outras ruas tenham o mesmo destino da Rua Aurora, que se reinventou e passou a ter a devida importância que merece. Cabe a nós valorizarmos as nossas cidades, os nossos bairros centrais, as suas ruas.

  • FICHA TÉCNICA:
  • Aurora: A Rua Que Queria Ser um Rio
  • Gênero: Animação, Drama, História
  • Ano: 2021
  • País: Brasil
  • Direção: Radhi Meron
  • Roteiro: Radhi Meron
  • Duração: 10 minutos

Uma resposta

  1. Meu nome é Wagner! Nasci e cresci na Rua Aurora no número 72. Sou da época da antiga rodoviária tão bela na Julio Prestes. Minha infância, adolescência. Minha mãe uma telefonista que ia todos os dias trabalhar na Antiga Telesp da 7 de abril. Rsss e hj é 7 de abril. Eu estudei no Pq. da Infância na Praça da Republica e depois no Caetano de Campos. Muitas lembranças, histórias! Nossa a loja Dell Vecchio na Rua Aurora aonde eu comprei meu primeiro instrumento. O bar dos artistas antes de chegar na S. João. Os desfiles de Carnaval na S. João que cruzavam a Rua Aurora. Hoje moro perto, na Brigadeiro Tobias. Mas tenho saudades dos bons tempos. A história diz que a saudosa maloca de Adoniram foi lá. Tenho saudades e orgulho dessa rua apesar de degradada. Esse só foi um relato de um simples morador da Rua Aurora. ABRAÇOS E OBRIGADO PARA O AUTOR DESSE TEXTO. Professor Wagner da EECM Cursos Musicais e Loja. Praça Pedro Lessa 110 – Loja 211 – Pertinho da saudosa Aurora.

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