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Sozinho… Mas nem tanto

O filme “A Volta Para Casa” apresenta Plínio, um marceneiro aposentado que vive num asilo. Aparentando ainda muita lucidez, Plínio continua com seu trabalho de marcenaria numa pequena oficina no asilo, mas somente como forma de passar o tempo.

Durante a trama, próximo ao jardim, Plínio chama a atenção do novo jardineiro, Anselmo. Segundo ele, o jovem jardineiro está fazendo a poda de uma árvore de modo errado.

No feriado de Páscoa, Plínio espera pela visita de seus familiares, porém, a tão aguardada visita não acontece. Ele, então, recebe o convite de Anselmo para ir até a sua antiga casa, onde viu seus filhos crescerem. No trajeto, Plínio conta sobre a sua vida, o seu bairro, a sua vida antes do asilo.

O filme trata do assunto do abandono familiar e de como isso pode afetar o emocional dos idosos. Plínio consegue transmitir a angústia, a tristeza e a frustração de forma intensa, diante das situações. O ator que o interpreta é ninguém menos que o gênio Lima Duarte. E, Anselmo, interpretado por Guilherme Rodio, também consegue transmitir os seus sentimentos em relação a Plínio de forma muito sincera, a ponto de questionarmos até mesmo se o jardineiro tem algum vínculo a mais com o idoso.

Durante a espera de sua família na festa de Páscoa no asilo, Plínio conversa com uma senhora que também vive no local. Diferente do idoso, ela não casou e não teve filhos. Anselmo, que aparentemente está na casa dos 35 aos 40 anos, também vive solteiro, não tendo esposa e filhos.

A química entre os dois atores é de um impacto enorme em quem assiste ao curta. A relação é mais do que um interno e um jardineiro de um asilo. O argumento do filme é do ator Guilherme Rodio e o roteiro é do diretor Diego Freitas juntamente com Diego Olivares. A forma como toda a trama é conduzida já emociona, tanto pelo texto, quanto pelas atuações de Lima Duarte e de Guilherme. Os dois se completam em vários aspectos.

As transformações da cidade de São Paulo narradas no filme combinam com as transformações que ocorrem nas vidas das pessoas. O que temos hoje, podemos não ter amanhã. O que é verde hoje, pode estar maduro amanhã. O que está maduro hoje, pode estar estragado amanhã. Assim é a vida, e assim temos que saber lidar. A questão é: quando uma pessoa já não tem condições de lidar com essas mudanças? Não porque não queira, mas por uma impossibilidade que não depende dela? Aí, sentimos que precisamos de mais “Anselmos” no mundo.

E o tem uma sensibilidade enorme para demonstrar sobre o que podemos fazer para as pessoas. O filme evoca de forma direta, carinhosa e emocionante a famosa mensagem de José Datrino, o Profeta Gentileza: “gentileza gera gentileza”.

 

FICHA TÉCNICA:

Direção: Diego Freitas

Argumento: Guilherme Rodio

Roteiro: Diego Freitas e Diego Olivares

Gênero: Drama

País: Brasil

Ano: 2019

Duração: 16 minutos

Uma resposta

  1. A Velhice traz a excelência dos feronomios, de forma Sublime! Lima Duarte é genial quando o personagem traz uma mensagem! Contracenando com Fernanda Montenegro, os dois chegam ao “casório”, onde na “lua de mel” ele da uma risada ao “estilo Sassa Mutena” quando ela apaga as velas do “quarto” do casebre e diz “faz tanto tempo”: cena as escuras com áudio apenas! Quantos homens, especialmente gays, acabam se isolando, porque deixaram de possuir um corpo “sarado”, alteração hormonal com a velhice! E a Auto Estima tem muito haver com “manter acesa a chama”: mesmo que a transa tenha se tornado utopia mas sempre poderemos trocar carinhos e dar o nosso melhor (desculpe o trocadilho) 🙂

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