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Sorria, para sempre sorria!

Com o seu cabelo encaracolado,

Um permamente como se dizia,

Ela ia toda feliz para cozinha,

Em seu fogão de ágata bem cuidado

Colocava uma panela de alumínio no fogo

Que brilhava ao ponto de poder se ver nela

E lá despejava um litro de óleo pra esquentar.

E fazendo uma massa bem medida,

Farinha, ovos, leite, açúcar, fermento

E uma pitada de sal era o que tinha

Com uma colher moldava bolinhos no óleo

Que girando iam ficando dourados como o Sol

não mereciam o nome que recebiam

bolinhos de miolo, bolinhos de chuva.

Passando no açúcar e na canela

Ainda bem quente abria um para

Ver se havia cozido bem a farinha

Saber se óleo estava muito quente, ela dizia

E também me dizia todo dia: sorria, sempre sorria!

Não importa quão ruim tenha sido o seu dia!

Sorria, sempre sorria! Era uma coisa dela e minha.

Quanta falta me fez nestes dias

Diante de tanta tristeza, de tanta agonia

Vendo um mundo banal e pessoas vazias

Aquela fritura toda nem um mal me fazia

Eu já não era uma criança normal

E mesmo naqueles complicados dias

Por ela eu sorria, sempre sorria!

In memoriam de minha Vó Salete.

Foto de Capa: Bolinhos feitos pela minha avó

2013, Minha Vó Salete, fogão, panela, bolinho de chuva… Sorria, para sempre Sorria!

PS. Ela iria odiar a foto, pois o cabelo não estava arrumado, nem batom tinha passado! Mas foi a última vez que ela fez estes bolinhos pra mim, e numa brincadeira minha, tivemos a ideia de fotografar.

4 respostas

  1. Muito bacana, com muita reflexão, ainda mais ,hoje estou pra baixo é cansada da semana.
    Mas valeu muito poder recordar bons momentos. Bjs

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