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“Sorria” é uma experiência “Traumatizante”

“Sorria”, do original “Smile” lançado esse ano, é um longa de estreia Parker Finn, que não só dirigiu, mas também escreveu o roteiro. O filme conta a história de Rose Cotter, uma terapeuta que atende em um instalação para pessoas com graves problemas de saúde mental. Rose é uma workaholic, ou seja, uma pessoa que trabalha demais com intuito de compensar algo ou um pobre comum… (parei, crítica para outro dia hahahaha) e que em um de seus atendimentos se depara com Laura Weaver, uma jovem que se diz perseguida e atormentada por uma entidade que diz que sua hora está próxima. 

Após dizer que a entidade estava presente, Laura se mata com um pedaço de vidro e começa ali a jornada de Rose para tentar fugir da entidade que a partir daquele momento passou a persegui-la como se tivesse sido passada para ela. 

Falando breve do filme em si, eu gostei bastante e é um filme feito com bastante empenho. Um entretenimento que acredito que alcance até mesmo que não é muito fã do gênero, embora sua protagonista não seja uma pessoa tão fácil de se co-relacionar. Dito isso, acredito que mesmo essa característica dela serve para a leitura que fiz dele, então vou me atentar para esse ponto de agora em diante.

Daqui também teremos spoilers então deixo o trailer no fim do texto caso a curiosidade bata e você não curte saber de coisas demais veja o filme e depois comenta o texto para trocarmos uma ideia.

O filme segue a trajetória de Rose tentando de todas as formas chegar a fundo da história da entidade, mas com todos ao seu redor desacreditando e colocando seu comportamento em cheque, e a mensagem do filme está toda nesse ponto, por vezes a nossa saúde mental está em frangalhos e mesmo pessoas próximas e que supostamente nos apoiariam, parecem ou não acreditar ou sempre jogar a responsabilidade para outros. 

No filme, a entidade precisa de pessoas traumatizadas, quanto maior o trauma seja pelo suicídio induzido na frente da próxima vítima ou por traumas do próprio passado, melhor e pouco a pouco as vítimas são levadas a um estado de isolamento e desequilíbrios que as levam ao fatídico final com a entidade as engolindo por completo e as matando. 

A metáfora ficou cada vez mais explícita na maneira como Rose e os personagens ao seu redor reagem ao problema. Enquanto Rose vai ficando cada vez mais desesperada e fragilizada, suas tentativas de se abrir com as pessoas que ela acreditava que lhe dariam apoio e suporte acabam a isolando cada vez mais já que a resposta dessas pessoas é ou de tentar terceirizar o problema e dando a missão como cumprida, ou de hostilizá-la ou descredibilizá-la e chamá-la de louca. 

Nesse ponto o filme é um grande acerto, porque quem nunca viu uma pessoa com problemas de saúde mental que vai cada vez mais ficando isolada de tudo e todos porque alguns falam que é frescura e outros apenas dizem coisas como “Ah só ir no profissional pessoa, vai ficar tudo bem quando você for”.

Apesar de tirar o peso da consciência quando se indica tratamento profissional, ou falar meia dúzias de palavras muito bonitas e supostamente edificantes, essas coisas não resolvem de fato o problema, muita das vezes essas pessoas estão fragilizadas demais para procurar ajuda, ou em alguns casos elas esperam um apoio mais incisivo do que somente falar o óbvio. 

Claro que todos temos os nossos problemas, mas se sua ajuda se limita a chavões ou em tentar falar que isso é frescura e a pessoa precisa é trabalhar, procurar deixar isso de lado, melhor que você guarde para você essas coisas, ou que peça para uma outra pessoa que você acredite que possa ajudar assumir o problema. 

Por isso outro ponto que acredito em que o filme acerta é em parte da caracterização da personagem principal ela ser uma pessoa um tanto quanto chata e incomoda, afinal a pessoa que está em um estado mais crítico de uma doença mental por vezes é aquela pessoa que não queremos ter por perto, ou seja, a pessoa que mata a festa por assim dizer, nesse ponto creio que é outra ideia que fica muito clara no filme para mim. 

Por fim, acredito que o sorriso que intitula o filme e que ilustra boa parte de seus pôsteres, isso no meu coração e talvez seja uma barra forçada, seja o símbolo de quando essa pessoa, com todos os seus problemas, passa a fingir uma felicidade e tentar empurrar com a barriga, mas inevitavelmente o fim é aquele que já vimos com várias pessoas, o bom e velho “Nossa, mas tal pessoa era tão alegre, nem parecia que faria isso”. 

Não ignore os sinais, as vezes eles são claros como água pura e limpa. 

2 respostas

  1. Eu fico a pensar na possibilidade de existir mesmo uma entidade espiritual que se alimentasse de traumas, o quanto ela estaria farta agora. Entupida. Saindo pelos olhos.

    1. Se houver uma entidade do tipo com certeza veio para o Brasil nesse período de pandemia e comeu tanto que explodiu hahahahahaha

      Mas então, ironicamente no filme uma das poucas vezes que a entidade foi passada para trás foi aqui no Brasil, achei isso um detalhe muito engraçado kkkkkkkk

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