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Somos Aliens de Onde?

Assistir a uma obra como ‘À Margem do Universo’ nos traz uma sensação única. Primeiro, porque é um gênero não tão comumente produzido no Brasil. Segundo, porque é uma experiência extremamente comovente, caso o expectador consiga imergir ao lado da personagem principal.

         É preciso antes explicar o título desta análise. “Alien: 1. [Fig.] Algo ou alguém que vem de outro país, raça ou grupo, algo que é “estranho” a você. 2. Algo que vem de outro planeta; extraterrestre”. De fato, no Brasil, estamos mais acostumados com o termo “Alien” como ser vindo de outro planeta, diferentemente de alguns países onde o termo também se refere a pessoas oriundas de outros países e continentes. Porém, ‘À Margem do Universo’ faz com que as duas opções possam ser compreendidas, até de forma unificada.

         Com roteiro de Fáuston da Silva e direção de Tiago Esmeraldo, o filme se inicia com o fim de um período de hibernação de Adawa (Petra Sunjo), responsável por descer até o solo de um planeta provavelmente destruído por sua própria população numa guerra biológica. O que o espectador vê a partir de então, é uma verdadeira obra de arte, com uma simbiose perfeita de fotografia, arte, trilha sonora e maquiagem. Os responsáveis pelos efeitos visuais também merecem ser parabenizados pelo belíssimo trabalho que executaram com uma perfeição impressionante. A fotografia, que teve Gustavo Serrate como diretor, foi premiada no Festival de Brasília de Cinema Brasileiro.

Tudo o que acontece em ‘À Margem do Universo’ tem uma finalidade. Tanto o roteiro quanto a direção, não têm um passo em falso. Aqui cabe destacar a capacidade do diretor, que em nenhum momento deixou o filme sem preenchimento. Ele soube produzir um filme de 17 minutos, onde mistério e curiosidade não diminuem em nenhum segundo. Seja em planos aéreos e abertos ou em planos-detalhes, tudo funciona de forma primorosa.

         No planeta aparentemente devastado, Adawa termina por perder contato com o comando, a Unidade Wami. Ela, então, encontra um outro ser da sua espécie que participa de outra expedição. Neste momento, a sós com o seu semelhante, Adawa reflete sobre os seres humanos; como evoluíram a um ponto tecnológico tão grande, mas como também tinham a capacidade de serem agressivos e violentos entre si. Neste momento questionamos a nossa existência. De como somos vizinhos em um mesmo planeta e como muros e barreiras podem ser capazes de despertar tantas disputas e ódios. Em tempos de tantas polarizações, ‘À Margem do Universo’ nos traz um pouco de esperança num futuro melhor para a nossa espécie.

         Com uma resolução final magistral, ‘À Margem do Universo’ nos eleva para um nível de reflexão sobre quem somos, o que fazemos e para onde podemos (ou queremos) ir. Digo com certeza absoluta que o filme tem um dos finais mais impactantes e emocionantes que vi nos últimos tempos.

         ‘À Margem do Universo’ tem em seus diálogos os idiomas Português e o indígena Suruwahá. Atualmente, cerca de 140 pessoas falam esse idioma, que está em risco de extinção.

 

FICHA TÉCNICA

À Margem do Universo (2017)

País: Brasil

Direção: Tiago Esmeraldo

Roteiro: Fáuston da Silva

Gênero(s): Ficção Científica, Drama

Duração: 17 minutos

6 respostas

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