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Rezas e Benzeduras: Cura e Tradição Popular

O filme “Benzedeiras: Ofício Tradicional”, de 2015, com roteiro e direção de Lia Marchi mostra o cotidiano e traz depoimentos de benzedeiras da região de Rebouças e São João do Triunfo, no interior do Paraná. O curta mostra detalhes da prática de rezas e benzimentos, bem como a utilização de plantas e ervas medicinais.

O ofício de benzedores é bastante comum praticamente em todo o território nacional. Tendo muitos aspectos de religiões africanas e indígenas, têm alguns elementos até mesmo do catolicismo, pois muitas pessoas que se utilizam desta prática admitem serem católicas apostólicas romanas.

Embora a prática de benzeduras tenha sido extremamente perseguida na Europa medieval, tendo o estigma de “bruxaria”, no Brasil desde o século XVI, juntou-se às práticas de costumes africanos e muitas das características da pajelança indígena, com o uso de raízes, plantas, cascas e ervas nativas.

Entre os séculos XVI e XVIII, a presença de benzedores era muito comum, dada a falta de médicos em vários pontos da colônia. A partir do século XIX, a medicina tradicional, acadêmica, passa a integrar a vida social urbana e se desenvolver como incontestável. Mesmo assim, a prática de benzedeiras e rezadeiras resiste ao tempo e a tecnologia, mesmo com o decréscimo no número de praticantes e à intolerância de ordem religiosa.

Assim, podemos observar atualmente, por um lado, muito preconceito contra as práticas tradicionais de rezas e benzimentos, relacionado principalmente por questões religiosas, e por outro, uma aceitação de técnicas de medicina alternativa, como o Reiki, por exemplo. O preconceito com a prática das benzedeiras se dá fatalmente pela forte ligação dela com as religiões de matriz afro e com o espiritismo, pois as rezas estão muitas vezes atreladas às “doenças de origens espirituais”.

Embora, a medicina tradicional tenha avançado muito nos séculos XX e XXI, e o preconceito de cunho racial e religioso imponha um certo impacto, ainda é possível observar a credibilidade e importância de rezadeiras e benzedeiras, por boa parte da população, mesmo em grandes centros urbanos. É comum algumas pessoas aliarem a medicina tradicional com a crença popular das rezas e com produtos naturais à base de ervas, plantas, cascas e raízes, oferecidos pelas benzedeiras.

O curta-metragem consegue aprofundar sobre o aspecto histórico-cultural, e sobre o “dom” para ser benzedor e como isto está relacionado a transferência de conhecimento de geração para geração, num processo de tradição familiar.

A organização das benzedeiras da região mostrada no interior do Paraná, rendeu em 2010, a aprovação da Lei Nº 1.401 por parte da Câmara Municipal de Rebouças, que reconhece os conhecimentos das benzedeiras como ofício tradicional de saúde popular, reconhecendo a sua importância para a saúde pública, garantindo-lhes o direito de exercerem seus saberes e livre acesso à coleta de plantas medicinais nativas.

  • Título: Benzedeiras: Ofício Tradicional
  • Ano: 2015
  • Direção: Lia Marchi
  • Roteiro: Lia Marchi
  • Duração: 24 minutos

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