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Resenha – Amores de Todas as Cores

Oi gente, tudo bem? Sim, sou eu de novo, seu aleatório favorito, ou não né, vai que… Bom, hoje eu trago uma resenha mais do que especial, tendo em mãos o livro da editora do Instituto eu aproveitei a leitura para também trazer uma opinião sobre os contos do pessoal que escreve para esse site e também deixar um jabá para vocês quem sabem adquirir o livro hahahahaha. Bom, agora comecemos a jornada por essas histórias de amor focadas em pessoas LGBTQIAP+.

Amores de Todas as Cores: O poema que dá título ao livro é curto, porém direto e reto abrindo a coletânea de textos com o pé direito. Por ser direto a leitura é fluida e tem uma boa crescente, terminando com um verso que achei particularmente encantador, “Eu quero um amor de todes os sabores”.

A menina que beijava o mar: Se o texto de abertura já começa bem, aqui temos uma história erótica e muito envolvente. No pequeno conto temos Maria Alice em um tórrido romance de verão com Eduarda em um cenário litorâneo, mais exatamente na praia. Eu não vou mentir, eu tive um misto de sentimentos positivos, desde uns arrepios com as descrições excelentes da autora até, no começo do texto, uns risinhos infantis de “pessoas fazendo sexo hihihihi” (Desculpa, eu sei que estou velho para isso, mas tem coisas que nem a idade curam). Apesar de ter achado o desfecho um tanto anticlimático, a leitura é tão satisfatória que para mim isso não pesou em nada.

Match: Essa devo confessar que não foi uma história que gostei. Ela narra a história de dois homens, Rafael e João, que estão em um primeiro encontro após conversarem por um aplicativo. Começo falando dos diálogos que achei muito artificiais, parecem conversas automáticas que você encontra em redes sociais. Existe também problemáticas que se resolve de forma tão simples que me incomodaram muito, tudo é muito simples, muito fácil, tudo é muito mágico e por isso soa tão artificial para mim. A narrativa, porém, é ágil e por ser bem escrito a leitura não fica exatamente maçante.

O Girassol Sem Pétalas: Se na história anterior tudo era muito simples, essa já é uma difícil que no fim mostra que para até mesmo o ato de amar pode ser um privilégio que é negado de formas cruéis para algumas letras da sigla, especialmente o T. No texto temos Donna Laurent, uma dançarina aprendiz que vive um romance com seu professor de dança. A narrativa é muito boa e fluida e te prende bastante, só achei o começo um pouco expositivo, mas logo isso é deixado de lado. Como era de se esperar o final é triste e me deixou pensativo como eu, mesmo com dificuldades, não tive o direito de amar uma outra pessoa de forma tão violenta e atroz.

Um Brinde: Que história gostosa de ler. É curta, mas apresenta uma série de personagens de forma ágil e direta e com isso faz com que nos apaixonemos pelos amores da pessoa que narra a história tanto quanto ela, o desfecho é extremamente satisfatório e eu adorei cada parte dessa história.

Epístola de Jonatas a Davi: Nesse texto encontramos uma belíssima metáfora sobre uma relação abusiva e a superação dela. Gosto do formato do poema em versos livres que vão nos contando a história de um ioiô e a mão que o joga e como se dá as emoções e o fim dessa relação. Parece besteira falando assim, mas acredite, é tão bem desenvolvida que dá gosto ler.

Um conto de Dia dos Namorados do Caio: Esse conto já é algo que tem um formato até um tanto quanto cinematográfico. Caio está tentando superar um relacionamento e encorajado pelos amigos vai para uma balada e acaba encontrando uma pessoa do seu passado. Um conto fofo, muito bem escrito e que no fim surpreende pela expectativa que criamos lendo seu decorrer.

O cara a quem entreguei meu coração: Um poema que fala sobre as dores de se entregar a uma relação, mas que mesmo ao ser machucado ainda podemos ter renovação em meio aos períodos ruins. É curto e grosso, mas na medida certa e entrega tudo que precisamos saber.

Bastos: Bastos relatava a história de um jovem gordo e gay fazendo a descoberta pelo tesão. É um texto de bom ritmo, e apesar de achar que o ar erótico é bem-feitinho na obra, isso me incomodou de leve porque o que antes era sobre se descobrir e acabou virando meio que um soft porn. O final abrupto me deixou com a sensação de que a pessoa que escreveu não sabia bem como finalizar a história.

Nos muros da cidade: O conto do jovem estudante de filosofia Jorge e sua história saído do interior para a cidade grande é muito bem escrita. Ele é muito bem feito, tem ritmo, tem uma narrativa muito bem-feita, e acredito que seja um trabalho feito com muito esmero.

Leis da Atração: O tímido Hélio tem um desafio para enfrentar, entrar em contato com um simpático rapaz que sempre o cumprimenta no ônibus, mas isso vai ser concretizado? Bom, não direi se sim ou não, mas o que posso dizer é que apesar do tema simples o texto tem um grave problema, informações excessivas. A narrativa em primeira pessoa não colabora porque parece que estamos em uma mente que tem graves problemas de ansiedade e que foge do tema o tempo todo com pensamentos completamente aleatórios e isso pesa muito contra o texto em si.

Vinte e Dois: Olha, não vou mentir aqui, esse é um dos meus favoritos, mas digo os motivos. Primeiro, em tão poucas páginas o conto nos apresenta todo um mundo pós apocalíptico e um romance entre dois homens com tudo que precisamos saber de forma assertiva e sem delongas, isso é algo complicado de fazer. Segundo, como é bem desenvolvido o romance doentio e perturbado entre Sérgio e Júlio, desde a maneira como ele se inicia até o fatídico fim, fica muito claro que o que algumas pessoas veem como amor nada mais é que uma grande obsessão, e como é bem contado. Terceiro, o final trágico, mas com um ar poético me deixou com aquela sensação agridoce de olha que negócio amargo, porém belo ainda assim. Como disse, um dos meus favoritos com certeza.

Uma história de amor Alvi-Negra: Que história gostosa de ler, apesar de uma narrativa um pouco apressada, poderia ter dado uns detalhes aqui e ali, quando li esse conto eu conseguia sentir aquele ar de cidade pequena e Eugênio não precisa de ter uma descrição precisa para eu saber e conseguir me relacionar bem com ele. Uma história muito bacana de ler com certeza.

A Dança: Voltamos para uma vez mais uma história sobre juventude e essa não decepciona. Jennifer se apaixona por Carla e pensa em como conseguiria se aproximar, o jeito tímido e meio que atrapalhado de Jennifer nos ajuda a torcer por ela e vibrar com sua vitória, mas esse texto tem uma troca de narrativa em sua reta final que nos tira muito forte de seu clímax. Embora esse pequeno tropeço exista, eu ainda gostei bastante do que li.

A última vez que vi Ana: Finalizando o livro temos uma história sobre o término entre a personagem principal e Ana, sua namorada. É bonito e muito triste, a despedida é afetuosa e agoniante, e eu amei demais esse conto, que final bacana.

Terminado os contos eu quero falar um pouco do livro no geral. Achei que o número de contos bons se sobrepõem aos que não gostei, além de que a qualidade daqueles que gostei brilham muito em comparação aos que não curti tanto. Uma coisa que me incomodou na estrutura do livro em si foi o poema título do livro ficar antes do índice, pareceu uma quebra muito estranha e que me coloca no ritmo e depois tira completamente do nada, porém a segunda história é boa o suficiente para te puxar de novo para o livro. Deixo aqui a forte recomendação para quem quiser um livro curtinho para se distrair.

3 respostas

  1. Maravilhosa resenha, dá vontade de ler de novo. Obrigado pelo comentário sobre meu texto, demonstrou uma leitura atenta e sensível. Abraços, amigo!

    1. Muito obrigado, de verdade mesmo. O seu texto é trágico, mas é muito envolvente, eu senti um cuidado e um esmero para contar essa história que mesmo ela sendo muito densa e com uma atmosfera pesada eu não conseguia parar de ler até acabar. Você é muito talentoso <3

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