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Para os desenhos de William Feitosa em nós

eles foram encontrados nas paredes
de uma cozinha antiga
do tempo em que se usavam
azulejos.
em que o azul era um som de viola
e de que os sábados
eram para desejos.
eles desconheceram donos,
coleiras.
e brincavam no traço
de grafite
como circunscrição
de fala
de filósofo que estuda estética.
eles foram desenhados
por um homem das cavernas.
um lobo, um urso, um bisão.
Carbono 14 nenhum
soube ao certo datá-los.
eles foram figuração.
mesopotâmicos, iranianos
eles foram abatidos
pelos neo-nazismos,
pelos neo-fascismos.
a maravilha deles foi ser carvão.
aos escombros do céu em ruínas
expõem-se ao chão
de doenças contemporâneas.
cavocam iambos guturais trágicos.
suas mortes cruas seriam simbólicas
não fossem sobrados
nas paredes desenhados
do assobradado resistente
em meio aos prédios.

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