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Paola ComVIDA

Você já ouviu a expressão “a vida por um fio”?

Essa foi minha sensação há algumas semanas atrás! As pessoas que me conhecem sabem o quanto eu respeito o isolamento social, são quase dois anos dentro de casa, preocupação constante com a saúde de todes, tentando sobreviver a esse pandemônio de forma civilizada. Mesmo com todos os cuidados eu fui acometida pela COVID19, e nem precisei sair de casa para ser infectada. Tive contato com uma pessoa que não usava máscara no meu condomínio, e eu como de costume, me sentindo super protegida com minha máscara N95, aliás, não saio no corredor do prédio sem ela, mas bastou esse encontro e passados dois dias, estava eu com sintomas estranhos no corpo.

A princípio pensei que fosse uma sinusite atacada devido ao outono, segui tomando vários chás e medicações para gripe. Nesse mesmo dia, descobri que a pessoa pela qual eu encontrei sem máscara no condomínio havia testado positivo para covid. Meu coração quase saiu pela boca! Por mais que eu não quisesse acreditar, eu tinha uma grande possibilidade de estar contaminada.

Sou muito grata por terem anjos em minha vida, uma amiga logo insistiu para que eu fizesse uma consulta e efetuasse o teste, e foi dessa forma que descobri que estava infectada por esse vírus maldito que tem tirado sorrisos, sonhos e amores de muitas pessoas. A médica me diagnosticou com sintomas leves, mas confesso que foram dias tão tenebrosos, era um mix de sentimentos, dentre eles a revolta e o medo de morrer. Passei noites em claro com medo de dormir e não acordar viva, essa doença é uma surpresa dia após dia, quando você imagina que está melhorando surgem complicações.

Tentei sempre pensar positivo e fazer coisas que elevassem minha energia, mas é impressionante o grau de preocupação que senti estando com o vírus no meu corpo. No sexto dia de tratamento, tive uma congestão nasal que me tirou todo ar, não conseguia respirar, naquele momento pensei que seria meu fim. Mais uma corrida com urgência ao médico e mais uma grande quantidade de remédios a serem comprados, nesse mesmo dia eu perdi o olfato e paladar, que até hoje estou tentando recuperar através de fisioterapia de cheiro. Foram dias angustiantes, e ao mesmo tempo reflexivos, momento de resiliência e de respeito com meu corpo. Minha cabeça era uma combustão de pensamentos, imaginando que estamos lidando com uma doença que não escolhe raça, gênero, sexualidade e classe. Repensei meus valores, minhas amizades e meu futuro.

Quem me conhece sabe que não sou de falar minhas mazelas, mas fiz questão de expor meu caso no intuito de conscientização. É necessário compreender que precisamos estar isolados nesse momento, e também entender que os cuidados devem ser redobrados, encontrou uma pessoa sem máscara, saia! Soube de uma festa clandestina, denuncie! Estamos falando de vidas, de humanidade para além de qualquer militância. Estaremos livres disso mais rápido se nos cuidarmos de forma coletiva, se deixarmos o ego de lado e assumirmos uma postura de responsabilidade social diante a situação que estamos vivendo.

Sigo na recuperação desse pesadelo e imaginando o quanto a vida é frágil, se eu não tivesse os cuidados ou as medicações certas, poderia nem estar aqui escrevendo esse texto, hoje consigo compreender em totalidade o valor da vida, coisas que nem valorizamos cotidianamente como o olfato e paladar, e que nos faz uma falta imensa. Tá sendo difícil sobreviver a tantas tristezas, tantas perdas, corações despedaçados, mas tenhamos fé de um amanhã melhor e solidário. Continuem se cuidando, vibrem amor, estamos vivos e torcendo para que tudo passe o mais rápido possível!

Axé!

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