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O suave grito dos excluídos

Há muito tempo atras, observando as várias e variadas injustiças do mundo, escrevi esta prosa poética na tentativa de retratar as pessoas da época que gritavam em silêncio sem conseguirem ser ouvidas, no momento em que elas conseguem reagir deixando de serem vitimas para se tornarem protagonistas de seu próprio destino.

No momento em que elas rompem com o que se espera delas em termos de adequação e submissão, no momento em que elas dão um basta em quem as demoniza e então param de gritar alto demais para serem ouvidas, de dar munição para quem finge as amar, aceitar, representar, proteger e zelar.

Estas pessoas, despertas e despertadas, hoje diferente de quando escrevi esta prosa, tem o papel de fazer também despertar em outros pelo seu exemplo, pelo que sentiram e pelo o que são, pelo amor e não pela dor, um sopro único, vivo contido, um brado retumbante guardado dentro do peito para sempre que preciso for possam entoar o suave grito dos excluídos

O suave grito dos excluídos

Um dia o tempo parou…
E neste dia,
Inesperadamente,
eu percebi que existo,
e minha existência só é possível devido a matéria de que sou feito,
além da carne e dos ossos encontrei a minha essência,
imparcialmente,
constatei algo que gosto e que desgosto,
coisas que eu escolhi e que haviam me escolhido até aquele momento.

Percebi que eu sou feito de amor e mágoa,
de esperança e morte,
de dor e arte,
de ódio e covardia,
de luz e reflexos,
de agonia e paz,
de tolerância e culpa,
de simplicidade e ganância,
de inveja e luta,
de sofrimento e êxtase,
de tudo um pouco e
de nada por completo.

E não importaria mais para onde eu fosse ou com quem eu estivesse,
este seria eu,
não importaria a roupa, o perfume, o corte de cabelo o penteado,
só restaria eu,
sempre eu.

Se até aquele momento nem eu sabia quem eu era,
Como fui tolo em acreditar por tanto tempo que os outros poderiam saber?
Todos me avaliaram e me mediram querendo controlar a minha vida.

Para os outros,
Eu sou a bicha, a puta, o drogado, o viciado,
a alma desgarrada de Deus,
o aidético, o doente, o leproso,
o estúpido, o inútil, o vadio, o coitado…

E de ser tudo isto mesmo…é que eu tinha medo,
muito medo…
e tentando me esconder deste medo cheguei até a viver nas trevas…
mas isto foi o antes,
agora que eu sei quem sou,
os outros é que devem ter medo de mim,
Pois agora que eu sei quem sou,
Consigo ver claramente quem os outros realmente são.

8 respostas

  1. Oi Pericles,eu não sei como explicar,mas há nais ou menos um ano atrás eu estava num onibus,indo trabalhar e neste onibus havia uma pessoa ouvindo uma música da Liniker que Ariel cantava muito,naquele momento eu senti algo tão profundo,como se fosse a dor que minha criança sentia,ali mesmo veio a emoçao ,as lágrimas desceram,entao eu soube ,mesmo numa pequena dose o que era estar mesmo que momentaneamente no lugar dela,foi muito dificil pq a vontade que eu tive foi de abraçar Ariel e não soltar nunca mais.

    1. Oi amore! Obrigado por compartilhar isto com a gente, mas muitas pessoas se sentem assim, todos os dias, como uma vontade de gritar sem ninguém pra ouvir, e gritamos em silencio, mas toda dor deve ser usada para o nosso bem. Como já dizia Friedrich Nietzsche: “Aquilo que não me destrói, me fortalece.”, assim temos de nos tornar a cada dia mais fortes, superando as adversidade, e você é uma pessoa maravilhosa, uma mãe exemplar, que serve de inspiração para todos nós!

    1. Obrigado Nélio, e saiba que para um escritor, nossas palavras são apenas a metade do caminho, se você achou lindo, a metade da beleza está em mim, mas a outra metade, com certeza, está em você! Bjs!!!!!!!!

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