Começou com um beijo despretensioso que evoluiu para uma paixão que nos fazia flutuar. Não queríamos estar longe e você foi quase jubilada da faculdade… É verdade quando dizem que o mundo para quando nos apaixonamos.
Hoje, 24 anos depois, reflito ao olhar para trás e perceber quanta coisa aconteceu e por quantas coisas passamos juntas.
Começamos com a não aceitação no contexto familiar, no trabalho, com os amigos e na igreja. Tudo isso doeu muito!
Mas o que rasga mesmo a sua alma é a não aceitação da família. É uma dor indescritível, pois a sua própria família rejeita quem você é, e faz você questionar a sua essência. A sua mãe não te aceita, o seu irmão rejeita-te, e o inferno não é no pós-morte, é em vida e acabou de começar.
E a igreja? Eu cresci num lar cristão, amadureci escutando que ser homossexual é pecado e que Deus ama o pecador, mas não o pecado. Essas palavras sempre causaram muita angústia na minha alma.
Mas, hoje, superando tudo isso, posso afirmar que a cada ano, o dia 19 de Março representa resistência. E essa resistência só existe por causa do amor, muito amor! A base sempre foi essa.
Esse mesmo amor me fez ressignificar a minha relação com a minha família, que é cheia conceitos de heteronormativos, patriarcais e cristão tradicional. Também precisei ressignificar a minha relação com Deus e entender a graça.
Para finalizar, quero reforçar que o dia 19 de Março representa muito amor. O amor de uma relação amorosa, o amor da família, amor de Deus por mim e o meu por Ele. A minha relação com Ele não é baseada nas doutrinas, nas regras e nos moldes racionalmente estruturais, eu creio que a fé atua pelo amor e pela graça!
Hoje sigo uma vida pautada no afeto e na decisão diária de amar. Assim construo um futuro leve. Persisto nEle e no Seu amor que moveu muitas montanhas dentro de mim.
Que venham mais 24 anos!
Foto de capa por Rebeca Zar
