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O BBB não é justiça social

O BBB23 terminou, pela primeira vez em anos o Top 4 é composto apenas por mulheres, Aline ex Rouge, Bruna Griphao, Larissa e Amanda, essa última tida como a favorita ao prêmio. Para algumas pessoas esse Top 4 é emblemático por conter apenas mulheres, uma vitória do feminismo talvez? A sociedade está avançando diriam, mas se existe alguma justiça social nesse programa com certeza não teríamos esse quarteto finalista. Mas voltemos no tempo para explicar o porquê isso não é nem representatividade e muito menos justiça social.

Pautas sociais não eram coisas tão frequentes nos antigos BBB. O mais interessante é que a pauta que mais tinha destaque nos primeiros programas era a de classe, ou seja, se você fosse pobre e uma pessoa tranquila, você com certeza teria o prêmio em mãos. Cida do BBB4 e Mara do BBB6 são ótimos exemplos. Até mesmo Augustinho do também BBB6, que era bem rabugento chegou super longe, ficando em quarto lugar. Todos eles entraram por sorteio da finada revista do BBB, e eram claros representantes da Classe C e precisavam mais que os outros do prêmio. Mas pautas como feminismo, homofobia, transfobia eram inclusive motivo de piada e escárnio. Mas isso vai mudar.

O ano era 2020. Para os confinados na casa mais vigiada do país os dias eram comuns, mas para o país inteiro o que tínhamos era uma pandemia de um vírus altamente contagioso e mortal. Toda a programação de televisão sofreu interferência e com isso o BBB passou a ser o único programa inédito na grade da Globo. O Brasil que estava confinado passou a acompanhar o programa com mais força e escolher os seus favoritos nessa disputa, a comunidade hippie ou a dupla Timão e Pumba que conquistou o país. Mas antes de chegar nessa formação é preciso falar dos elementos da casa de vidro e da estratégia tomada pelo grupo masculino da casa.

Alguns dos homens da casa decidiram que tentariam seduzir as mulheres casadas da casa para queimar o filme delas com o Brasil. Sua intenção era fazer com que elas caíssem em tentação com seu charme e o Brasil ao ver isso cairia matando nelas, o que acarretaria sua eliminação.

Marcela McGowan ao saber da história decidiu contar para as amigas que no começo não deram muita bola para o que ela falou, mas então Ivy e Daniel entraram vindos da casa de vidro e confirmaram as informações de Marcela e com isso a situação não só inverteu, como quase todos acabaram eliminados, menos Felipe Prior.

Esse foi um dos momentos em que uma parte da internet, especialmente no Twitter, acreditou que estava fazendo justiça social e mostrando como o Brasil não tolera machismo. Os “machos escrotos” foram derrotados com grande rejeição, menos o seu último remanescente que ao se juntar com o ator Babu Santana se tornaram a duplas mais querida daquela edição com Babu e seu jeito de pai brigão junto de Prior e seu jeito moleque pistola, mas que aparentemente queria aprender com o pai a melhorar como pessoas.

Por outro lado, a comunidade hippie começou a mostrar que não era tão contra o machismo assim quando passou a aliviar diversas e diversas vezes a barra de Daniel, na época namorado de Marcela, e o favoritismo da comunidade foi caindo cada vez mais. Marcela passou de franca favorita para rejeitada não só por isso, mas por suas demonstrações de racismo contra Babu e Thelma, contra essa de forma indireta.

Aqui é onde começa a ganhar um rumo diferente. Ao usarem pautas para eliminar o grupo dos machos escrotos, a torcida aqui fora passou a achar que a comunidade hippie era o “bem” que não apresenta erros e seus oponentes o “mal” absoluto. Foi quando começaram a fechar os olhos para várias demonstrações de racismo por parte do grupo enquanto usavam o escudo do feminismo para tentar eliminar seus adversários.

Outro ponto interessante é quando a comunidade ao descobrir o estilo fofoqueiro de Victor Hugo o isolou completamente a ponto de sequer querer trocar palavras com ele (Algo que foi motivo de justificativa para tornar Juliette campeã no ano seguinte, mesmo não tendo sido tão pesado como nesse caso) e apesar de ele não ser um personagem muito agradável, eu mesmo não gostava, ele foi acolhido por Babu e Prior, que também não eram aliados do brother, mas ao menos não queriam deixá-lo completamente isolado.

Não vamos esquecer do ápice quando no paredão contra Babu e Pyong, os crimes de assédio do hiponólogo foram completamente varridos para debaixo do tapete pela dita torcida das “fadas sensatas”, pois Babu teve falas problemáticas. Veja bem, Pyong Lee assediou duas das participantes, mas para a torcida da comunidade hippie, isso era inferior a falas das quais em alguns casos o próprio ator teve uma conversa com outras participantes e voltou atrás nas falas.

Esses foram exemplos de como mesmo no BBB20, o famoso pela “justiça social”, a real é que eram usadas apenas de forma conveniente quando quiseram, e bom, esse Top 4 não é nada mais, nada menos que o resultado de torcidas que com tempo livre votam em seus favoritos de forma obcecada.

Se esse BBB fosse sobre justiça social, nós não teríamos uma figura como Bruna Griphao e suas demonstrações de má educação, fora suas atitudes que apontavam machismo, mas somente para os homens pretos do programa, enquanto o homem branco com quem teve um relacionamento abusivo e inclusive ameaçou de agredí-la, ou o participante expulso por importunação sexual contra a participante Dania são pessoas de bom coração. 

Ao contrário do que Aline Whirley, ex Rouge, disse, esse BBB não teve como marca registrada o machismo, mas sim pelo claro racismo nosso de todo o dia, provando novamente que a fala de Elza Soares ainda é muito atual:

“A carne mais barata do mercado é a carne negra”

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