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Machos Alfas Se Desmancham No Ar

“Quem sabe o super-homem
Venha nos restituir a glória
Mudando como um deus o curso da história
Por causa da mulher”
Gilberto Gil – Super-homem (A canção)

Por indicação da amiga e pesquisadora Priscila Magossi, iniciei 2023 maratonando o seriado Machos Alfa, uma série disponibilizada pela plataforma de streaming Netflix, produzida em 2022. Criada por Alberto Caballero, Laura Caballero, Daniel Deorador, Araceli Álvarez de Sotomayor. A narrativa, leve e irreverente, dividida em dez episódios, revela as crises de quatro homens – os amigos Pedro, Luís, Raul e Santi – cujos valores ‘sólidos’, herdados do patriarcado, entram em conflito com os valores ‘líquidos’ (expressão consagrada pelo sociólogo Zygmunt Bauman) do mundo contemporâneo.

Moldados pela solidez e rigidez do machismo, os personagens, por conta das reivindicações de mulheres transformadas pelo feminismo, se veem desafiados a liquefazer (flexibilizar), desconstruir e ressignificar seus comportamentos e identidades. Valores antes inquestionáveis (sólidos) para os homens – virilidade, poder econômico, monogamia, heteronormatividade, omissão dos sentimentos – “se desmancham no ar”. Entre uma demissão, uma relação aberta, um casamento em crise e um divórcio, quatro amigos de meia-idade tentam se ajustar à era das novas masculinidades.

Daniela e Pedro

Pedro, um alto executivo de uma emissora de televisão, ao chegar ao escritório, é notificado de que foi demitido e que seu cargo será ocupado por uma mulher. A nova executiva, reconhece a experiência de Pedro e o convida para aceitar a mudança e integrar-se na equipe que será liderada por ela. De forma arrogante Pedro rejeita o convite. Ao chegar em casa (uma mansão que ele acaba de comprar), ele retarda comunicar sua companheira, Daniela, da nova situação. Quando o faz, ela o acolhe e o ampara. Mesmo assim, Pedro rejeita o apoio de Daniela e se recusa a aceitar a nova situação, a perder o seu papel de provedor, a modular o seu padrão de vida. Não desiste de manter a casa mesmo com dívidas de hipotecas e a imagem de homem rico, provedor e bem-sucedido.

Porém, não é só o desemprego que irá afetar a fantasia de virilidade de Pedro. Daniela, inicia uma carreira profissional e torna-se uma influencer digital. Daniela rapidamente obtém êxito e Pedro é obrigado a encarar uma situação que gera crise e angústia para homens que performam a masculinidade hegemônica: Pedro entra em declínio profissional, Daniela em ascensão. É emblemático o comentário feito pela funcionária da casa: “para um homem o trabalho é como o seu pênis”. Pedro é o homem psicologicamente intransigente, intolerante. Não aceita a mutação.

Mesmo diante da implacável contingência de transformação, ele permanece agarrado à sua persona sólida rígida e inflexível. Os conflitos com Daniela tornam-se cada vez mais intensos. Recrudescem quando ela o convida para trabalhar com ela. Pedro sente-se humilhado. Pedro humilha Daniela, desqualificando o seu trabalho. No decorrer da narrativa, para negar a conquista de Daniela bem como, a possibilidade de ressignificar a masculinidade, Pedro, paradoxalmente, torna-se um influencer (Moisés dos machistas) e cria um canal oferecendo a homens um curso para resgatar a virilidade perdida.

A insegurança neurótica de Pedro se faz presente ao longo de toda narrativa. O machismo de Pedro é uma espécie de projeção do acúmulo de incerteza de si, arremessado na lama anti-erótica do desejo mais intenso de ficar com quem ama, Daniela. Pedro quer controlar o incontrolável, e fica cego de raiva pela frustração de não conseguir. O ego frágil de Pedro desenvolve um narcisismo defensivo, uma persona resistente. O machismo de Pedro destrói a relação tal qual, destrói a ele mesmo. Exemplo lúgubre de masculinidade tóxica.

Pedro precisaria de umas “aulas” com Vinícius de Moraes.

“Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto – pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer “baixo” seu, a amada sente – e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia – para viver um grande amor. É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que – que não quer nada com o amor. Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada – para viver um grande amor.”

Vinícius de Moraes em Para Viver um Grande Amor

Luz e Raul

Luz é uma mulher empoderada em todos os âmbitos. Assumiu pleno comando de seu desejo, seu corpo, sua sexualidade, seus relacionamentos e de sua carreira profissional. Luz namora Raul, um homem com dificuldades profissionais e financeiras. É sócio de um bar, mas não se identifica com seu trabalho. Mantém um caso extraconjugal com a parceira do seu sócio. Na mesma linha de Pedro, Raul, performa uma masculidade hegemônica, trazendo em seu discurso falas machistas, sexistas, homofóbicas.

Na narrativa a crise se instaura quando a namorada Luz, propõe que o relacionamento seja aberto. Ou seja, uma relação em que eles romperiam com a monogamia e passariam a ter relações sexuais com terceiros sem que isso fosse considerado traição ou infidelidade. No início, Raul se sente ofendido, se recusa a aceitar. Num rompante de indignação sai de casa, mas, depois reconsidera e aceita a proposta. As regras: não repetir os encontros com a mesma pessoa, não fazer sexo com amigos. O contrato rompe também com a heteronormatividade visto que, considera possível que ambos se envolvam com homens e mulheres.

Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir são a mais conhecida referência neste tema. Com seu relacionamento iniciado nos idos dos anos 1920, Sartre afirmou: “entre nós, trata-se de um amor necessário: convém que conheçamos também amores contingentes”.

A narrativa explicita que, para Luz, a relação aberta traz satisfação pois, impede que a monogamia estorve a realização do desejo sexual. Para Raul, a abertura da relação traz angústias. Raul está preso nos valores machistas que consideram que o corpo e desejo de Luz são propriedade dele.

Para o homem, a poligamia é permitida e estimulada, uma prova de virilidade, mas, é interditada à mulher. No bojo do patriarcado, o corpo da mulher é objeto de posse exclusiva do parceiro masculino. Além disso, o fato de Luz se relacionar com outros homens coloca em risco a autoestima. Após um ménage com uma mulher, Luz propõe a Raul que eles experimentem um ménage com outro homem. Raul se sente ameaçado pelo falo concorrente.

Diante do sucesso profissional de Luz e da sua postura aberta em relação ao desejo, Raul se sente ameaçado e se protege, semelhante a Pedro, na sua máscara machista. O machismo de Raul prospecta dominação interditando o gozo. Na mesma linha de Pedro, Raul não consegue se libertar do torturante leito de Procrusto do machismo. A crise para Raul foi muro e não porta.

Como escreveu Drummond:

A porta da verdade estava aberta,
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim, não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
Voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
Seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Carlos Drummond de Andrade em – Verdade

Esther e Luís

A narrativa inicia com o casal na cama e, após Luís chegar no quarto informando que, após um longo trabalho, as crianças tinham finalmente dormido, Esther reclama ao marido que ele não a procura sexualmente há muito tempo. Ele revida justificando que está cansado. O diálogo e as performances corporais são temperados com muito humor.

Luís trabalha como policial. Esther é instrutora de autoescola. Eles são casados, estão na meia idade e tem dois filhos (um casal) que se encontram na infância e que requerem muita atenção de ambos. O casal está engolido por uma rotina estressante. Trabalho, filhos, hipoteca. E em meio a tudo isso, se percebem envelhecendo. No núcleo do conflito entre Esther e Luís não está apenas a perda do interesse sexual, mas a crise da meia idade. Porém, a falta de atividade sexual do casal passa a ser bode expiatório, a justificativa de todos os problemas que o casal enfrenta.

O filho é diagnosticado com TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e medicado. Luís questiona a medicação e ao lerem a receita descobrem que entre os efeitos colaterais, o medicamento pode causar perda de apetite e de peso. Esther então, escondido de Luís, passa a consumir o medicamento em busca do milagre do emagrecimento e do corpo performado de acordo com o padrão da indústria cultural. Luís, por sua vez vai a um médico que lhe prescreve testosterona.

Nesse núcleo do seriado parece-nos trazer uma marca da nossa época já mapeada pelo filósofo teuto-coreano Byung-Chul Han: A Sociedade do Cansaço. Diante da crise da meia idade, o casal sente o cansaço (burnout) diante do imperativo de responder à expectativa de alta performance, ditada pelo espírito do nosso tempo. Empreender e atingir resultados no sexo, no trabalho, nas finanças, na educação dos filhos, nas redes sociais digitais. Tudo em nome da expectativa de sermos cronicamente felizes.

O casal Esther e Luís corresponde no seriado ao novo espírito do capitalismo emocional – “uma cultura em que práticas e discursos emocionais e econômicos se configuram mutuamente” e que se difunde pelo marketing que a felicidade é um ‘bem subjetivo’, um ‘capital psicológico’ passível de ser acumulado e investido bem como “um combustível importante para quem pretende crescer na carreira”.

A alta performance no sexo é uma metonímia que corresponde ao combustível indispensável para a adaptabilidade do indivíduo na sociedade da alta performance, definida pelo filósofo Byung-Chul Han como uma sociedade que estabelece modos de vida que se expressam por um excesso ou tirania da alta performance e da positividade, produzindo sujeitos que devem buscar sempre superar-se com relação aos seus ganhos. Com isso, são engendradas subjetividades e sociabilidades agenciadas pela multitarefa e constante (auto)produção. Nessa lógica, para Esther e Luís alcançarem alto rendimento, eles precisariam buscar ferramentas para elevar o seu coeficiente performático. Para tanto, recorrem às novas ciências instrumentais como medicina, psicoterapias, personal training e seus apêndices fast foods como os coachings, autoajudas e toda sorte de espiritualidades gerenciais. Os dispositivos de autoajuda em prol do biopoder e do sofrimento humano

O núcleo do casal Esther e Luís sugere muitas críticas pertinentes: patologização da infância (indústria dos diagnósticos de TDAH), medicalização (fármacos usados como estratégias milagrosas para a adequação a normatividade social), ditadura da estética corporal que recai principalmente sobre as mulheres com mais ênfase sobre as mulheres de meia idade. Porém, o sexo, passa a ser o vilão e o foco do conflito. Na fantasia do casal, mais atividade sexual iria resolver milagrosamente todos os problemas. Testosterona para bater metas e atingir a alta performance na vida e na cama. Em meio à crise, o casal busca uma psicoterapia que valida a percepção de ambos. Sentença: sem sexo, sem casamento. A psicoterapeuta, também colonizada pela cultura da alta performance, olha para a parte e não para o todo.

Esther, em sua busca pela felicidade sexual, investe no relacionamento paralelo com o seu personal. Luís descobre, o casal se separa e inicia-se uma crise transformadora para ambos. Ao contrário de Pedro e Raul, Luís, menos rígido e mais flexível, absorve com dor a crise no casamento e na vida, mas, permite-se abrir para oportunidade de transformação o que implica na desconstrução do machismo e da masculinidade tóxica. A crise transforma também Esther que, aos poucos, muda a percepção sobre si mesma, sobre o casamento, sobre o parceiro, sobre os filhos e sobre a realidade. Ambos passam por um processo que a Psicologia Analítica denomina de metanoia.

A metanoia caracteriza-se por um processo psicológico que pode ocorrer a partir do meio da vida, em que intensos fluxos de energia do inconsciente fluem em direção à consciência, trazendo novos conteúdos para a psique consciente e reaproximando conteúdos reprimidos ou negligenciados no passado para que possam ser elaborados e integrados pelo ego. Esse processo mobiliza tanto crises como também desenvolvimentos emocionais.

A metanoia é um corte. É neste corte que é possível o nascimento de uma nova identidade. Cavalheiro afirma: “Ela produz angústia, depressão, pensamentos de morte, assim como perspectiva de liberdade, de planos de um novo renovador que muda o rumo de uma vida

O núcleo Esther e Luís nos leva às palavras de Fernando Sabino:

De tudo ficam três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando,
A certeza de que é preciso continuar
A certeza de podemos ser interrompidos antes de terminar,
Portanto devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo
Da queda um passo de dança,
Do medo uma escada,
Do sonho uma ponte,
Da procura um encontro.

Fernando Sabino em O Encontro Marcado

Blanca, Alex e Santi

O quatro é composto por Blanca, ex-esposa de Santi e a filha do casal, Alex. Santi mora sozinho, está separado de Blanca após ter descoberto que ela tinha um caso extraconjugal com o dentista da filha. A narrativa tem início quando ao entrar no seu apartamento, Santi descobre que a filha optou por morar com ele e não com a mãe. A escolha instaura conflitos com Blanca e, sobretudo, grandes mudanças para Santi.

Alex é uma adolescente que pertence à geração Z (15-20 anos). Alex tem uma íntima relação com o mundo digital, rechaça a rigidez das hierarquias e das formalidades, valoriza sua autonomia e não se fixa a nenhum padrão identitário de maneira permanente. Se define como não binária e ao longo dos episódios ela enuncia várias frases que vão mostrando ao pai que a postura machista sólida não se adequa mais aos novos tempos.

Alex cria um perfil de Santi no Tinder e estimula o pai a sair e conhecer muitas mulheres. Segundo ela, ele precisaria sair com pelo menos dez mulheres para esquecer o relacionamento com Blanca uma vez que a despeito da traição, Santi ainda se sente vinculado à ex-mulher.

Dos quatro personagens, Santi é o mais flexível e mais aberto a experimentar novas formas identitárias e de relacionamento. É Santi que convence Pedro, Raul e Luís a participarem de um seminário sobre masculinidade tóxica e incentiva os amigos da importância de se desconstruírem e se ressignificarem.

O núcleo Blanca, Alex e Santi é o que mais se aproxima do que Bauman chamou de “era da liquidez” na qual os valores – especificamente os patriarcais – da cultura ocidental cada vez mais diluem-se como a água que se escorre das nossas mãos, sem que sejamos capazes de detê-la. A vida líquida de Santi é uma vida precária, vivida em condições de incertezas constantes. As diversas aventuras de Santi por intermédio dos aplicativos de relacionamento mostram de certa forma o empobrecimento das relações interpessoais, incapacidade de compreender “o outro” com sua pluralidade simbólica, a transformação do ser humano em mercadoria consumível nos aplicativos.

Os relacionamentos de Santi demonstram o que Bauman apontava para o enquadre e a performance na cultura contemporânea na qual não basta penas consumir é preciso também ser “consumível”, transformando a própria aparência em commodity capaz de ser ofertada tanto para relacionamentos quanto para o mercado de trabalho. Nos sites de relacionamento, o produto que se coloca no mercado é a própria pessoa. Na sociedade de consumidores, ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e ninguém pode manter segura sua subjetividade sem reanimar, ressuscitar e recarregar de maneira perpétua as capacidades esperadas e exigidas de uma mercadoria vendável. A “subjetividade” do “sujeito”, e a maior parte daquilo que essa subjetividade possibilita ao sujeito atingir, concentra-se num esforço sem fim para ela própria se tornar, e permanecer, uma mercadoria vendável.

Como foi dito, o personagem Santi é dos quatro amigos aquele que mais abertura oferece a desconstruir a masculinidade tóxica e reinventar uma nova masculinidade. A flexibilidade não poupa Santi a atravessar várias situações conflituosas. Afinal quando nos despimos de uma identidade e de uma persona precisamos construir outra. Que persona, que identidade constituir num ambiente cultural de identidades fragmentadas, flácidas, fluidas e líquidas?

O machismo institui aos meninos que o tamanho do pênis regula a sua masculinidade; sentencia aos homens que não há espaço para demonstrar sentimentos, emoções; treina os adolescentes para que percebam que a masculinidade do homem é mensurável pelo dinheiro, pela marca do carro e pelo sucesso profissional. O leito de Procusto se faz presente nos ambientes familiares, escolares, empresariais e políticos e midiáticos. O leito de Procusto é uma cama de pregos, se por um lado adapta o homem à cultura patriarcal e machista, por outro, causa dor e sofrimento.

Sabemos que a construção da ideia de uma masculinidade e do que é ser homem está totalmente atrelada ao modo como são organizadas as sociedades ocidentais capitalistas. Em outras épocas e outros lugares, havia outras formas de organizar as corporeidades que não essa binária e opositiva.

Nessa divisão, a constituição do homem como categoria universal favorece as formas de dominação masculina e empobrece o mundo subjetivo da masculinidade. Logo, não há possibilidade de superação das múltiplas violências sofridas nem por esses sujeitos, nem pelos sujeitos subalternizados sem que haja questionamento da forma como a masculinidade se organizou historicamente.

A despeito desse cenário catastrófico, observa-se um esforço no sentido de propor mudanças. Se por um lado, ainda há na cultura comportamentos, de forma muito acentuada, discursos e ações violentos que reforçam o espírito de uma masculinidade machista nos homens e nas mulheres, ou seja, indícios que acobertam a perpetuação de um comportamento tradicional da masculinidade, por outro, há movimentos silenciosos e por vezes isolados. Aqui e ali, de maneira silenciosa e isolada, surgem grupos reflexivos de homens, descontentes e insatisfeitos com esse padrão hegemônico machista e que, procuram levantarem-se do leito de Procusto, ressignificar a masculinidade e entender que outras masculinidades são possíveis, urgentes e necessárias!!!

Esses homens incomodados procuram tensionar o padrão clássico propondo a ressignificação da masculinidade. Há uma tensão que atravessa o imaginário social suscitando considerar a possibilidade não mais de pensar a unilateralidade do padrão masculino no singular e acolher a pluralidade de identidades masculinas.

Que novos modos de ser homem apontam para a desconstrução da masculinidade emergem na cena contemporânea? É possível ser homem sem a máscara da heteronormatividade, do machismo, do poder, da violência, da dominação? Se a resposta para as questões anteriores é sim, quais os caminhos possíveis para reimaginar a masculinidade no contemporâneo?

Nos solidarizamos com todas as mulheres que foram e ainda são vítimas desse sistema patriarcal, machista misógino e violento. Nós homens, precisamos cuidar e estarmos alertas e atento para não sermos engolidos pela cultura da banalidade do mal.

Ao lado das mulheres queremos imaginar que outras masculinidades, andróginas, integrativas, decoloniais são possíveis, urgentes e necessárias.

Como enfrentar a esse desafio. É sempre oportuno recorrer aos poetas.

“Faz com o coração o contrário do que fazes com o corpo: despe-o.
Quanto mais nu, mais ele encontrará o único agasalho possível: um outro coração.”

Mia Couto – “A chuva pasmada”

Jorge Miklos
4 de janeiro de 2023.

2 respostas

  1. Venho percebendo eh que homens alfa ou no armário encontrando dificuldades em se manterem Alfa! Até homens na terceira idade , flertando! Quanto a “infância patológica” se deve a gestação tardia: tive colegas que geraram filhos aos 40 anos, com mais de 20 anos de carreira e quando a mulher passa dos 35 anos, ovula os remanescentes óvulos que são liberados numa espécie de “repescagem”! E quando adolescente a prole, vindo de uma infância com atendimentos médicos, parece “gótica””!!! Nesse cenário cabe ao homem alfa reparar nos homens coroas, depois que as mães avós (esposas deles) e com mais afazeres, deixam maridos “de lado”!

    1. Caro Geraldo, o que você quis dizer? Talvez seja deficiência minha, não sei, mas não entendi uma só frase do que você escreveu. Agradeço por se dignar a me explicar, se assim o quiser. Um abraço!

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