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Esportes: Racismo é o nosso forte

Anderson Andrade

 

Arena Grêmio quinta feira à noite, o time da casa enfrenta o Santos pela Copa do Brasil no primeiro jogo das oitavas de final, jogo tenso para o time da casa que estava perdendo por 2×0. A partida estava sendo transmitida para todo Brasil e vários países via TV a cabo e internet, quando as câmeras de televisão flagram uma torcedora chamando o goleiro Aranha de “macaco” juntamente com mais alguns torcedores rivais.

Como se não bastasse mais um caso de racismo no futebol e esse não foi o primeiro ocorrido na Arena do Grêmio, pois segundo o próprio goleiro do time santista em outro jogo foi chamado de “preto fedido”, mas isso não é exclusividade dos sulistas apesar de um vereador de Porto Alegre ter afirmado que “os negros já eram quase brancos, por comprarem carros e saírem com mulheres loiras”.

No interior de São Paulo pelo Campeonato Paulista, outro jogador do Santos, o volante Arouca também foi vitima de insultos racistas, pois torcedores do time rival imitavam um macaco toda vez que ele tocava na bola e o mesmo aconteceu com o volante Tinga, jogador do Cruzeiro, em uma partida na Libertadores da América, no Peru e não podemos esquecer do famoso caso da banana que gerou a ação de marketing #somostodosmacacos que envolveu o brasileiro Daniel Alves na Europa.

Engana-se quem acha que isso só aconteça no futebol, na NBA ocorreu um caso envolvendo o dono do Los Angeles Clippers, porém além dele ter sido banido do basquete, foi obrigado a vender o time, no futebol não temos nenhum exemplo de punição parecida, o que é uma pena, pois racismo é crime e deveria sim ter algum tipo de punição para quem ainda pensa dessa forma. Bem no caso da torcedora flagrada parece que a mesma após ser identificada perdeu o emprego e poderá responder na justiça, já que a senhorita em seu Instagram já havia publicado uma foto de um macaco de pelúcia com a camisa do Internacional, e para bom entendedor uma imagem também vale mais que mil palavras, fora isso torcedores de uma organizada gremista incluem a palavra macaco para ofender os torcedores do Internacional em seus cânticos.

Infelizmente o racismo é muito comum no mundo e no Brasil e não se limita a esfera esportiva cada dia que passa isso está mais escancarado, nas redes sociais temos outro caso, uma jovem negra de Muriaé, interior de Minas Gerais foi vitima do mesmo preconceito ao fazer um “selfie” com seu namorado de um ano e oito meses que é branco, comentários como “onde você comprou essa escrava?”, “Me vende ela”, “Se misturar os dois vira Nescau” entre outros, o casal prestou queixa e a policia abriu inquérito e está investigando.

Voltando ao caso Aranha, na súmula original nada foi relatado pelo árbitro que é negro, e ele nem parou o jogo como manda o código de ética da FIFA, quando o goleiro foi reclamar, o mesmo vale para o santista que não quis prestar queixa, após o término do jogo.  Com a repercussão do incidente na mídia, o juiz anexou um adendo a súmula e o goleiro pressionado pela diretoria do Santos prestou queixa e o Grêmio foi denunciado por mais um caso de racismo em seu estádio.

Em tempo houve o julgamento e o Grêmio acabou sendo excluído da Copa do Brasil pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), além da torcedora, mais pessoas foram identificadas, prestaram depoimentos e podem ser indiciadas por injúria e crime de racismo, e estão proibidas de frequentar estádios por dois anos, não é muito, e cabe recurso.

Veremos se isso será um exemplo definitivo, pois a punição é o primeiro passo para que a sociedade brasileira tenha consciência de seus atos. É preciso fazer campanhas e ensinar para as pessoas que ter etnia, sexo, classe social e superior hierárquico diferentes não seja motivo para descriminar o próximo, e que nossas autoridades mantenham a punição e que não sejam tolerantes com quem causa esse tipo de constrangimento às pessoas, em seus postos de trabalho, momentos de lazer, só assim teremos um mundo livre e justo, e claro, igualitário em todos os sentidos!

Pode parecer utopia, mas que tal nos policiarmos no dia a dia,
até mesmo nos pequenos gestos que muitas vezes passam despercebidos e começarmos a apoiar uns aos outros contra o racismo!

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