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Diva da Administração Pública

Mulheres!!

 

Pierre Rinco

Olá, little divos! Sentiram saudades de mim? Muitas saudades ou saudades incontroláveis? Eu senti falta de todos vocês!
Como vocês sabem, neste mês comemoramos o Dia Internacional da Mulher. E este dia me comove muitíssimo. Não somente pela origem do evento – as mulheres queimadas na fábrica anos atrás – mas também pelas mulheres que fizeram parte da minha vida na política pública.

Lembro do início da minha carreira pública, na década de 60. Eu recém-bacharelada em Montreal, recém-chegada no Brasil, recém-diva da administração pública.

Entrando belíssima com meus 20 aninhos na repartição, usando um finérrimo tailleur verde bebê, toda trabalhada tal qual cocota ninfa sensualmente administrativa, fiquei chocada com a cena que vi: aquele monte de papéis amarelados, pastas amareladas, mesas amareladas, até os servidores públicos de lá eram bem amarelados, tadinhos. Parecia uma propaganda triste dos tons amarelos das tintas Coral.

A única servidora que lá já atuava e que me recepcionou, minha primeira chefe, chamava-se Vanderléia. Reconhecia nela uma diva como eu e eu a respeitava. Ela me falou sobre o setor público, que não era exatamente igual ao que aprendi em minha faculdade em Montreal. Que no Brasil algumas coisas eram diferentes, o poder público engessado, os servidores tristes e desmotivados. Mas que havia um poderoso remédio, daqueles que não nos ensinam em nossos cursos caríssimos, capaz de neutralizar estes males: ouvir o ser humano e se colocar no lugar do outro.

E passei a ouvir as pessoas, sobretudo as mulheres por onde eu passava. Tempos depois, ao lado de grandes companheiras irmãs camaradas como a Nice, a Celinha, a Ênin, a Carol e a Vivi, todas da Coordenadoria do Observatório de Políticas Sociais da Secretaria Municipal de Assistência Social, aprendi que, apesar de todo o sofrimento e da luta, a carreira pública pode ser mantida com orgulho, com vontade de mudar a vida das pessoas, com competência, feminilidade e alegria.

Mesmo eu, que alcancei níveis estratosféricos de elegância, competência e etiqueta, me rendode joelho para estas mulheres que me ensinaram tudo o que sei. Se eu hoje sou a diva suprema na administração pública, devo a estas amigas e trabalhadoras, que me formaram politicamente. Sou eternamente grata a todas elas.

E pensando nestas mulheres que sobreviveram ao mundo machista, ao país que se exauriu com a ditadura militar, que trabalharam nas áreas da saúde, da assistência social, na educação e em todos os campos de políticas públicas, que, com charme e sutileza, formaram o Brasil de hoje, que é um pouquinho melhor do que era antigamente, sinto uma tristeza imensa sobre as mulheres que vivem em situação de rua, de violência ou de vulnerabilidade social e pessoal.

Se hoje posso usar minhas roupas babadeiras da Dudalina, que ficam adequadas apenas na minha idade; se hoje posso usar minhas maquiagens da Chanel, se eu tenho condições de me perfumar com a nova fragrância da Lâncome, o La Vie Est Belle, cuja garota-propaganda é a Julia Roberts… Sei que não são todas as mulheres que possuem a mesma fortuna que eu tive.

Para elas, eu, que sou uma diva, peço a ajuda de todos vocês. Se souberem de alguma mulher que apanha do marido, que está passando uma imensa dificuldade alimentar, alguma mulher que tenha sido despejada e precisa muito de ajuda… Por favor, encaminhem estas mulheres para a rede de Assistência Social do município em que vocês estiverem.

Na cidade de São Paulo, além dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) regionais, as mulheres vítimas de violência recebem encaminhamento para os seguintes equipamentos:

1.Centro de Defesa e de Convivência da Mulher (CDCM) – serviços de atendimento social, psicológico, orientação e encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência e vulnerabilidade social. Atualmente, existem 14 serviços como este distribuídos pela cidade;

2.Centro de Acolhida Especial para Mulheres em Situação de Violência – serviço que oferece acolhida provisória para mulheres, acompanhadas ou não dos filhos, em risco de morte ou em virtude de violência doméstica. Há cinco centros como este, um em cada região da cidade;

3.Centro de Acolhida Especial para Mulheres em Situação de Rua – serviço que oferece atendimento especializado para mulheres que estão nas ruas de nossas cidades.

Por isto, mulheres e homens que leem a coluna da diva da administração pública todo mês: denunciem casos de abusos, encaminhem alguma mulher para obter ajuda do governo. Será o melhor “Feliz dia das mulheres” metafórico que você terá dito em sua vida.

Beijos públicos a todos vocês, little divos!

Até a próxima.

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