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CrossDresser

por Anderson Andrade

O termo CrossDresser simplesmente designa as pessoas que vestem roupas ou usam objetos associados ao sexo oposto ao seu sexo biológico e isto pode ocorrer por diversos motivos que variam desde o desejo ou impulso de ter uma vivência feminina para os homens ou masculina para as mulheres, podendo ser também motivos profissionais, fetiches ou para poder experimentar algo diferente.

Péricles Formigoni

De qualquer forma o CrossDresser, que usa também a abreviação CD, não está diretamente ligado à uma orientação sexual, podendo haver Cross heterossexual, homossexual, bissexual ou assexual e também não significa um “meio caminho” para a transexualidade, pois em muitos casos o fato de ser masculino feminino faz parte da diversão, e vice versa.

Por outro lado não podemos negar que os transformistas e “drag-queens” (DRAG, “Dressed As a Girl”) fazem parte do universo Cross ao realizarem espetáculos e terem motivos profissionais que os façam “montar” e “desmontar”, independente do estilo ser mais exagerado ou não.

Outra polêmica é o termo “Travesti” que algumas pessoas acabam associando à prática de prostituição que  tem um longo histórico de discriminação inclusive dentro do próprio grupo LGBT, mas temos de entender que hoje travestis e crossdressers acabam caminhando lado a lado e se confundindo na busca de respeito e aceitação, são termos que podem ter ideologias e propostas não tão alinhadas mas que em muito tem em comum enquanto comportamento humano.

Mas uma coisa nós podemos afirmar, ao nos enveredarmos no universo cross encontramos muito mais do que simplesmente homens vestidos de mulher e isto iremos compartilhar com todos em nossa matéria.

Noite Rainha Cross

A noite esconde seus mistérios… esconde? Na verdade a noite mais nos revela do que nos esconde, na noite realmente tudo pode acontecer, e o que acontece na Noite Rainha Cross é realmente surpreendente! Diante de vários eventos LGBTs que acontecem em São Paulo, podemos falar que o ambiente que encontramos nesta festa é aconchegante e até certo ponto familiar!

Lizz Camargo e Péricles na noite Rainha Cross

Uma festa em que CrossDressers, seus admiradores e pessoas sem preconceito se encontram para bater papo, tomar uns drinks e assistir performances bem originais e até inusitadas pode ser uma das várias formas de descrever o evento organizado pelo Empresário Jaime Braz Tarallo e sua equipe, e também de sua versão CrossDresser Lizz Camargo, que homenageia a Diva Hebe Camargo, que a todos encanta com graça e muita Educação, inclusive com valores morais e familiares bem definidos!

Inclusive Jaime nos contou que vê a Lizz “alem de uma homenagem à diva Hebe Camargo, ela hoje se tornou uma bandeira de todas as CDs, que fala, que se mostra sem medo, de cara limpa pois agora eu tenho recebido de varias que ainda estão enrustidas, sei que a Lizz esta fazendo com que elas tenham coragem em aparecer sem medo, ou com medo mas com coragem de se assumir CD”. Para Jaime e Lizz  “a festa hoje, mais que um trabalho, é um prazer enorme em realização.. mais do que pessoal, é muito bom ver e sentir que a festa esta abrindo um novo horizonte a muita gente e isto me dá alegria não só pra mim mas também para quem aprecia e para quem quer se sentir uma Rainha Cross”.

No nosso ver este evento na verdade não é apenas um encontro de gays e de certa forma todos podem se tornar uma Rainha Cross, Jaime concorda e acrescenta que “é na verdade um encontro de seres que querem se transformar por algumas horas em algo que lhes dê prazer, e todos podem se tornar uma Rainha Cross pois afinal quantos temos dentro de nós mesmos? Quem somos na nossa totalidade? E nas facetas que ainda desconhecemos? Quem somos? E lá há esta possibilidade de ser o que se quiser ser sem censura”.

Flyer da festa que ocorre em Junho/14

Segundo ele  quando as CDs chegam e se sentam para serem maquiadas mudam o olhar e isso é mágico! “Há um ser dentro delas que se desponta…no momento inicial da transformação, muda voz sem ser efeminadão, é natural, é incrível e em mim quando estou de Lizz eu sinto assim também”. E já maquiado de Lizz completa “Há um universo… paralelo… que esta aberto a todas vocês! Carreguem o medo, mas usem da ousadia de suas Rainhas interiores!!!”

Dentro do Universo Cross algumas CDs e frequentadores nos brindaram com alguns depoimentos muito interessantes que apresentamos a seguir, são fragmentos de uma longa e divertida conversa que tivemos na festa Rainha Cross de Abril deste ano espero que gostem e que cheguem a suas conclusões sobre este inusitado mundo.

Divinne Scandall e Péricles Formigoni

“Cumpro o papel de uma Rainha, até me comporto como tal usando roupas adequadas, fora de um contexto sexual, exaltando muito mais o Glamour. Para mim existe uma função social com postura e conduta exímia, sem ser pejorativa. Ser Cross é muito mais que apenas usar uma roupa qualquer, é uma filosofia de vida, existe um faz de conta com o universo feminino e suas regras, podemos incorporar elementos positivos, se sentir bela, se sentir amada, até para que as mulheres possam espelhar também!”.
Divinne Scandall (Cristiano) foi Eleita Rainha Cross 2014, tem 42 anos e é Consultor de Eventos.

Cynthia Andreia e Jenyfer Nakashima

“Como Adolescente conheci o Cross, mas desde a infância já tinha me descoberto assim, eu achava mais bonita a roupa das meninas do que a dos meninos, eu achava a langerie muito mais interessante que a cueca. Sou heterossexual e como Cross sou lésbica, muitas bissexuais curtem o meu comportamento, as vezes é difícil mulheres heterossexuais curtirem ou estarem dispostas a entender este universo, muitas tem medo de eu ser homossexual e outras de eu acabar virando por causa das roupas”.
Cynthia Andreia (Robson) é Cross Dresser, Heterossexual, tem 39 anos e trabalha em uma empresa de engenharia no setor de equipamentos hidráulicos e pneumáticos.

“Eu fico montada 24 horas por dia, sou transexual mas ainda não fiz a cirurgia e sou Cross, não gosto de viver fora dos padrões, acredito que dá pra seguir regras e conseguir o respeito de héteros e de gays. A “travesti folclórica” que faz programas, que tá na rua, na droga, não existe mais como a única opção de vida. Existe escolha sim!” Jenyfer Nakashima, tem 23 anos e trabalha como auxiliar de laboratório.

Mallana Velloso

“Ser Cross é realizar um desejo que reprimi por falta de aceitação, é um universo muito amplo, mas escondido. Para mim o fato de ter o desejo de se vestir de mulher já torna uma pessoa Cross, se vestir ou não é de menos neste sentido, no meu caso, sempre me vesti de mulher como brincadeira, mas nunca me depilei e não tenho sentido sexual nisto. Vejo o preconceito contra a Cross ocorrer hoje muito mais dentro de casa do que na rua. A família é a mais perseguidora e ainda  e sinto que os Gays discriminem mais o Cross que os héteros. A festa Rainha Cross trás o Cabaret,o Glamour e o lado menos comedia de se vestir de mulher, não existe a caricata, todas são como são”.
Mallana Veloso (Jan Oliveira) tem 31 anos, Cross Dresser e é Gestor de Qualidade.

Audrey Top

“Sou transformista frequento a festa Rainha Cross e faço o look de algunas CDs, ser Cross é um fetiche de se vestir como mulher, mas não tirando as características masculinas. A diferença é que o transformista tenta se parecer muito com uma mulher e no meu caso é somente para shows, tudo é diferente tanto roupa como maquiagem, para uma transformista ou Drag Queen seria mais cor, mais brilho, glamour e a cross seria para você sair e aproveitar uma festa ou você sai com roupas femininas e uma maquiagem simples, mais leve. A Audrey Top significa alegria e glamour, eu sou uma pessoa tímida, e com a Audrey eu consigo me soltar mais, consigo colocar pra fora e fazer algo que se ela não existisse não sei se teria coragem de fazer. Sobre maquiar homens Cross e mulheres em geral, o estilo de maquiagem é o mesmo, o que muda é  adaptar a maquiagem feminina num rosto masculino, sem tirar essa característica masculina, mas sempre uma maquiagem social nude ou noite”. Audrey Top (André Lima) tem 27 anos, transformista, também é maquiador e cabeleireiro.

Revista CABARET

“Não sou cross e sou gay, curto a androginia, o ato de se montar, a feminilidade e principalmente a alegria. A proposta da revista Cabaret é a arte (cinema, teatro, artes plásticas, show) voltado para o publico LGBT, com muita moda e o colunismo social gay, não tenho objetivo de educar, esclarecer, a minha revista é de cultura e entretenimento sem preconceitos. Já tivemos na capa Gay, travesti, transexual, cross dresser, mulheres, curto a liberdade, mas sem nudez, na revista não há nudez”. Acácio Brindo, tem 39 anos e é Jornalista e produtor de festas Cross e LGBT.

Serviço: A noite Rainha Cross acontece sempre no último sábado de cada mês no Bar Queen na rua Vitória 826, próximo ao metro Republica em São Paulo, mais informações em noiterainhacross@gmail.com ou pelo telefone (11) 99403-5678

Uma resposta

  1. A Rogeria numa Entrevista “lembrou” em ser Rogeria e Astolfo, também, e já a Mamma Buschetta, vive o travestir e a homossexualidade! Na prática quando a gente segue a atração que sentimos, nos é inata, nem o homem com perfil viril deixará de nos reparar, desde que a feminilidade nossa, no conviver “mais” gentleman, cordial, se faça presente! Numa ocasião um taxista nas entrelinhas disse que o colega sempre busca um passageiro que troca de traje durante a viagem (entra vestido de homem e desce travestido)! E imaginei o clima maravilhoso: nudes masculino e depois senti-lo como “mulher que penetra” 🙂

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