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Coluna Rapha Bueno

De Madalena à Hermione Granger

 

Rapha Bueno

Há séculos as mulheres lutam para serem vistas além do papel de consorte, da mãe e dona de casa, lutam para não serem subjugadas pelos homens, principalmente embasados nos argumentos da natureza frágil (pelo menos em relação ao
do homem).

Claro que é de conhecimento de todos, ou pelo menos a maioria, que antes do Catolicismo se tornar a religião predominante no mundo e mais ainda na Europa, neste continente velho o Mundo conheceu a sabedoria do povo Celta, cuja divindade suprema era representada por uma força feminina: A Grande Mãe ou Gaia, sendo as mulheres muito respeitadas e atingindo os maiores “cargos” dentro da hierarquia céltica.

Podemos explicar que este respeito era dado, pelo fato de que as mulheres eram consideradas seres Sagrados, pois carregavam o poder de gerar a vida. Com o advento do Cristianismo e a consciência da participação do homem para conceber a vida, o papel das mulheres começaram a cair por terra.

Neste contexto surge, pelo menos para mim, uma das personagens feminina mais enigmática da história e igualmente forte: Maria Madalena, como muitos a conhecem “A Prostituta”.

Segundo os evangelhos gnósticos encontrados em Nag Hammadi, no Alto Egito (textos que foram considerados proibidos e, portanto, escondidos), Madalena foi a apóstola dos apóstolos, sendo a que mais entendia os ensinamentos de Cristo e, para alguns estudiosos, o poder da visão.

Ainda segundo estes evangelhos ( Para maior entendimento ler A verdadeira história de Maria Madalena, Ediouro), ela seria responsável por guiar a Igreja Católica após a crucificação de Cristo, já que era a mais importante e mais amada entre os apóstolos.

Muitos duvidam da veracidade de tais textos, para mim o que importa é o papel da mulher em questão, Madalena é a referência de força, sensibilidade, intelectualidade e doação que caracterizam muitas mulheres, tais como as antigas sacerdotisas do povo Celta.

Seguindo por este segmento, rumo ao fictício, atualmente nos cinemas temos diversas referências de personagens femininas que não comportam mais o estereótipo de “princesinhas tradicionais”, tão comum nas produções Walt Disney! Embora este nos tenha dado dois bons exemplos de “princesas diferentes” , aquelas que vão à luta, uma é Mulan e a outra é Valente.

Podemos citar também a guerreira da série distópica que vem ganhando fãs por todo o mundo, Katniss Everdeen de Jogos Vorazes, escrito por Suzane Collins, ou ainda, retrocedendo há setenta anos, Doroti de O Mágico mundo de OZ, a aventureira contra a bruxa do Norte!

Mas o que mais me chama atenção, claro que aqui sou um pouco tiete, é Hermione Granger, para mim a personagem feminina mais excepcional da atualidade.

Hermione Granger é a bruxa da Saga Harry Potter escrito pela britânica JK Rowling, uma personagem que surge como um expoente do trio protagonista da série, incrivelmente inteligente, forte e sensível, como tantas mulheres.

Durante toda a história ela desempenha um papel importante, sendo através dela que autora revela muitos segredos da saga (dividindo a atenção com outro personagem: Dumbledore); Em situações de risco, ela sempre salva a pele  dela e dos amigos, além da incrível percepção de lealdade e amizade que demonstra no decorrer da trama.

O que me agrada é que ela não espera ser salva, não fica na sombra do personagem principal. Ela ganha espaço e força por sua habilidade de raciocínio lógico e sagacidade, ou seja,
ela se vê em pé de igualdade com qualquer homem, e isto me fascina! Questões de gênero, de força física ficam sempre de segundo plano, o que realmente importa é sua capacidade e o quanto você se dedica a ela.

JK Rowling se tornou a primeira mulher a ficar milionária escrevendo livros, isto para mim é irrelevante, o que importa é que através de seu talento ela conseguiu fazer o melhor que lhe cabia, ganhou seu espeço e influencia gerações de adolescentes e adultos.

Então, no mês das mulheres, podemos parar para ver os sinais que o mundo vem nos dando da mudança na relação da mulher com o meio em que vive, seja ela real como Madalena ou fictícia como Hermione. Não são apenas o consorte, a mãe, a mulher, a trabalhadora, a estudante, a princesa ou guerreira, elas são tudo isso em uma única pessoa, são criaturas multifacetadas que andam nas nuances que regem suas vidas.

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