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Cheguei no baile bem inocente, pronto pra perder a BV

Olá a todas e todos. Apresentando minha coluna aqui no Instituto Pró-Diversidade, resolvi começar com uma breve apresentação temática. Vamos falar de música e refletir sobre os diversos dilemas que a sociedade nos traz quando se fala de música e arte em geral. Por isso, tentando trazer um pouco da minha diversidade, trouxe no título o primeiro verso da canção Amor de Coca do cantor e compositor potiguar Beethoven. Eu sou um musicista de formação acadêmica da música de concerto e meu fazer musical transita pelos mais variados gêneros. Gosto de lembrar que a música não é “música popular” nem “música de concerto”. Não é “música antiga” nem “música de prática comum” (que se refere à música da Europa) nem “música exótica” ou “música do mundo” (termos segregacionistas para a música não europeia). Música é música. Assim, existe música boa e ruim em todos os gêneros. Agora, pergunto: Boa para quem? Ruim para quem? Para mim, para você.

Inicialmente vou definir aqui a música boa (para mim) como aquela que eu gosto e aquela que você gosta (para você), assim como acontece com a ruim. Porém, seria interessante irmos mais além e parar para pensar um pouco do porquê de eu gostar da música x e não gostar da música y. Depois ir um pouco mais profundo nisso e questionar se essas características que me agradam nas músicas também coincidem com a apreciação das outras pessoas e assim encontrarmos um conjunto geral de características a ponto de dividi-las em tais categorias. Mas, será que existe uma música boa universal?

Se sim, quais são os critérios para ela e quem decide isso? Vou deixar em aberto esses questionamentos que apenas alguns serão respondidos por mim, ao longo das semanas seguintes, e outros ficarão apenas como provocação para que vocês pensem e questionem sobre a música que produzem/consomem. Por que eu produzo/consumo essa música? O que ela influencia na minha existência e nas minhas relações? Que aspectos educativos (e aqui não me refiro à educação escolar) elas me trazem, se é que trazem? Eu consigo perceber processos criativos nela? Existe mais de uma maneira de apreciar uma música/uma obra artística?

Antes de tudo, gostaria de falar um pouco não especificamente sobre música, mas sobre a arte em geral. O que é arte? Por que algumas produções são consideradas arte e outras não? Na verdade, eu nem conseguiria definir o conceito de arte em tão curto texto, muito menos em tão pouco tempo, já que ele vem mudando ao longo das gerações e dos diferentes movimentos estéticos. Portanto, o que se entendia por arte no século XVI, por exemplo, é muito diferente do que se entende ou se aceita como tal nos dias de hoje. Os critérios sobre isso também variam de acordo com o lugar e com a cultura de cada povo. Além disso, a mesma arte que foi produzida em um certo período perde seus valores e ganha outros novos com o passar do tempo.

A arte é fluida e está em constante movimento. Ela se modifica, se complementa, cresce, diminui, “evolui”, “involui”, se complica, se simplifica a todo instante. Além disso, em uma mesma época, há diferentes correntes artísticas e cada uma delas pode ter um entendimento diferente desse significado. Enfim, como definir a arte agora, depois de dizer que cada um dos inúmeros conceitos serve apenas para um momento, um lugar e uma escola artística específica? Realmente não tem como, mas vamos tentar generalizar de alguma maneira bem simples. A cada semana tentarei trazer um gesto musical artístico diferente que pressupõe uma bagagem conceitual específica.

Para a provocação de hoje, sugiro a leitura de um livro que resume as diversas formas de conceituar esta palavra que por vezes fica tão confusa para ser entendida: “O Que É Arte” de Jorge Coli, da Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense. Coli nos fala sobre os mecanismos e ferramentas de autoridade que categorizam por nós o que é e o que não é considerada uma obra artística, bem como os estilos, as épocas e as diferentes correntes filosóficas sobre o fazer artístico. Ainda cita outras formas de identificar a arte diferentemente das obedecidas por autoridades da área (museus, galerias, críticos, historiadores etc) e tudo isso com uma linguagem clara e tranquila, além de citar inúmeras obras e autores de diferentes expressões artísticas que servem também como proposta para buscar conhecê-las e assim ampliar o seu repertório apreciativo.

Espero poder contribuir com o seu crescimento no mundo das artes e principalmente da música nessa jornada colunística e por isso acredito que esse livro pode ser um bom passo inicial para fomentar seu fazer e/ou sua apreciação artístico-musical.

 

Abraço Musical!

 

Foto de capa por Rodolfo Clix no Pexels

4 respostas

  1. Parabéns! Tenho muito orgulho deste amigo que a vida me deu! Continue caminhando e galgando seu espaço!!!

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