Cheguei aos 30 anos!

Esses dias me deparei com o comentário de alguém em uma rede social, e essa pessoa dizia ter medo de chegar aos 30 anos, comecei a perceber que esse é um tema recorrente entre as pessoas mais novas, como se ter 30 anos, fosse algo a se temer, onde você não é mais jovem e a vida “adulta” tivesse obrigatoriamente que começar naquele momento.

Ao mesmo tempo ouço de pessoas de 30 anos sobre a saudade de seu tempo de adolescente, onde não se pagava contas, a preocupação era saber o que ia acontecer no capítulo daquele dia de “Malhação” (inclusive, saudades de Fernanda Rodrigues como Luísa, sua trilha sonora que marcou toda uma geração), bem, devo dizer que passei dos 30 há algum tempo e não vejo motivos que me façam temer essa idade, estou com minha saúde em dias (mas a saúde mental precisar ser trabalhada, confesso, estamos em uma pandemia e aquele que tem a saúde mental em perfeito estado nesse momento é quase um monge budista), me sinto bastante confortável com minha vida atual, trabalho no que gosto e ainda tenho tempo de sobra para me envolver em projetos paralelos como podcast, dança e academia, as costas até doem de vez em quando (olá Sandy), mas não o suficiente para sentir saudades da minha época de adolescência, eu não tinha experiência em nada, nem dinheiro pra tomar um suco na lanchonete, andava a pé e nem poderia viajar com facilidade, tinha muitos amigos é verdade, mas com os poucos amigos que tenho hoje, consigo experimentar conexões muito mais profundas de amadurecimento e afinidades.

Ter mais de 30 anos e olhar pra trás, me faz ver que não há melhor momento pra se viver, trabalho no que gosto, pago minhas contas sozinho, consegui comprar minha casa (agora finalmente eu que mando no lugar!) planejo viagens, tenho os amigos necessários para viajar comigo, e aprecio minha própria companhia com boa taça de vinho, chegar aos 30 anos muitas vezes também é se preparar para despedidas dolorosas, você não é o único que envelhece, seus pais também e despedidas duras podem ocorrer, é triste eu sei, mas faz parte desse processo louco que é viver e passar dos 30.

Olhar pra trás me faz perceber o quanto sou privilegiado por ter conquistado tudo o que conquistei ser capaz de conseguir planejar algo ainda maior para mim, e mesmo assim me sentir novo a ponto de brincar de correr com os filhos das minhas amigas (esperando o dia que tereis os meus pra correr também), e conversar como eles de forma igualitária, tenho certeza que meu eu de 15 anos teria orgulho de quem eu sou agora com 30 e não pensaria que essa é uma idade para se temer algo.

Pensando bem, ter 30 anos apesar de ser apenas um número, é uma passagem simbólica para o (re)começo de uma vida que surge magicamente diante dos seus olhos, você ainda é você mas quando olha pra trás parece que era uma outra vida, não tenha medo dos 30 apenas viva, e, se for pra olhar para trás, veja tudo o que você construiu com orgulho.

Foto de Francesco Ungaro no Pexels