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Borboletas no estômago

foto de mão femininas tentando tocar borboletas. Foto de Tatiana e Evie Shaffer no Pexels

O ano era 2005. Combinei de encontrar com uma amiga da faculdade no metrô para irmos num barzinho. Chegando lá tomamos uma cerveja, encontramos outros amigos e seu telefone tocou. Do outro lado era um amigo dizendo que a irmã estava em São Paulo e gostaria de sair para se divertir.

Ouvi a conversa, por entre linhas, e imediatamente disse para minha amiga aceitar o convite. Disse que poderíamos nos encontrar onde quisessem, pois não tinha absolutamente nada a perder. Minha amiga desligou e brinquei com ela: pode tirar o seu cavalo da chuva que hoje é “meu dia”. Minha amiga queria pegar todas, inclusive eu. (risos). Senti algo diferente a respeito da irmã daquele “amigo” que havia ligado, mas não soube explicar, minha intuição só dizia que era coisa boa.

Pegamos um táxi e fomos ao encontro deles. Chegando na frente da boate programada nos desencontramos e disse para minha amiga que estavam demorando muito e que iria embora, pois estava cansada. Chegaram em seguida, mas resolveram seguir para outra balada. Nos dividimos em dois carros e fomos.

A balada escolhida não era novidade, pois a frequentava muito aos finais de semana. Era uma mistura de bar com pista de dança e mesas ao ar livre. As noites de sábado naquele lugar eram super agradáveis. Subi aquela escadaria e nossos olhares se cruzaram instantaneamente. Não estava a procura de ninguém, havia saído de um relacionamento há pouquíssimo tempo e ela também. Mas o destino tem dessas coisas, não é mesmo?!

Olhei para ela e pensei: é ela! Lembro exatamente da roupa que ela estava usando. Acho que foram os segundos mais exatos da minha vida. Ela me chamou para tomarmos uma cerveja, fomos até o balcão do bar e fizemos o pedido. Ela foi de Heineken e eu de Skol Beats (adorava o design daquela garrafa). Óbvio que pedi para marcar a cerveja dela na minha comanda. Conversamos a noite inteirinha como se não houvesse amanhã e ela ofereceu carona até minha casa que ficava próximo. Trocamos email, telefone, um beijo no rosto e nos despedimos com: durma bem e até um dia!

Cheguei em casa com uma sensação diferente, inexplicável. Só sei que era muito bom! Quando acordei minha mãe perguntou se eu tinha visto o passarinho verde. Acho que ela também percebeu que eu estava diferente. Tempos depois, ela me contou que também acordara com a mesma sensação. Tomei café, abri meu email e para minha surpresa ela havia me mandado assim que chegou na casa do irmão, durante aquela madrugada mesmo, dizendo que tinha adorado me conhecer e se eu gostaria de acompanhá-la numa consulta médica na avenida Paulista, já que não morava aqui e sim no Paraná.

Pronto. Claro que não a deixaria “perdida em Sampa” e prontamente aceitei o convite, assim poderia vê-la mais uma vez antes dela voltar definitivamente para casa. Nosso ponto de encontro foi no shopping Paulista. Quando a avistei minhas pernas ficaram bambas e meu coração disparou. Ela estava linda tomando seu refrigerante preferido (Fanta laranja), de rabo de cavalo, calça jeans e blusinha amarela colada no corpo. O médico que a atendeu era seu amigo e após a consulta saímos para comer alguma coisa e fomos para a casa dele. Dia este em que as borboletas no estômago se conheceram.

Desse dia em diante nunca mais nos separamos. Naquela época namorar a distância não era fácil, não existia videochamadas e toda essa tecnologia que temos disponível hoje. Passávamos horas no telefone, trocando emails, SMS e no messenger. Nos falávamos o tempo todo. Logo depois passei a visitá-la de quinze em quinze dias e em seis meses já estávamos morando juntas. Colecionamos várias borboletas no estômago e aquele passarinho verde que vimos, naquele dia, nos acompanha há quinze anos.

Para ver mais textos de Daniela Houck,
confira sua coluna Café com Respeito!

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