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Blue Lock, o individual e o coletivo

Ho ho ho, se você achou que eu falaria de natal, você errou. Essa coluna se chama Aleatoriezando e ela não tem esse nome atoa pessoas que estão em meu coração, é por isso que vamos falar de anime de futebol, isso mesmo, perdemos a copa, mas achei essa joia do entretenimento. 

Blue Lock é um mangá publicado pela Weekly Shonen Magazine de autoria de Muneyuki Kaneshiro e ilustrado por Yusuke Nomura desde 1 de agosto de 2018 e ainda em publicação. Atualmente são somados 22 volumes e em outubro passado ganhou uma animação de 11 episódios. Uma coisa interessante sobre a obra, ela ganhou bastante notoriedade no Japão por conta da Copa do Mundo e suas vendas tiveram um bom aumento, acredito que a temática muito aproximada do evento tenha auxiliado bastante nisso. Mas não quero me ater a isso, vamos sobre a história. 

Yoichi Isagi é um jovem que joga pelo time de futebol da escola e que tem como objetivo ser campeão mundial pela seleção japonesa, porém o time de sua escola acaba eliminado do campeonato nacional. Ao chegar em casa do jogo ele recebe um convite da Federação Japonesa de Futebol para um evento e ao chegar descobre que o evento é uma tentativa da Federação de criar um atacante perfeito, então ele e mais 300 atacantes estão ali para o experimento, mas caso sejam eliminados sua carreira no futebol estará destruída.

Blue Lock poderia ser como qualquer outro mangá shonen (Demografia voltada para adolescentes do sexo masculino) sobre esporte, a valorização do companheirismo e como juntos somos mais fortes, até porque ele é pautado em um esporte de time, isso facilitaria em esse rumo, mas não é, ao menos não inicialmente, o caminho que o mangá toma.

Na primeira cena (Vou me ater ao anime, pois vi apenas ele) o que temos é o protagonista Isagi questionando se a ação de passar a bola para seu parceiro de time, que erra o gol, foi de fato uma boa ideia. Talvez eu deveria ter chutado? Feito uma jogada individual? Isso tudo passa pela mente dele, o que destoa do que geralmente temos em histórias assim.

A coisa muda ainda mais e bruscamente quando Jinpachi Ego, o criador do acampamento Blue Lock, faz sua introdução na história e para os personagens de forma direta e brutal, um atacante perfeito precisa ser egoísta, precisa ter uma fome tão grande de gols que até mesmo seus companheiros são rivais em seu objetivo, o gol é aquilo que o move, mesmo que para isso ele precise fazer sozinho. Ao ouvir aquele discurso Isagi decide entrar para o acampamento e junto dele entra um jovem chamado Ryousuke Kira que vem determinado a provar que o futebol é um jogo em que se ganha pensando no coletivo e não apenas no individual.

A primeira grande virada de Blue Lock, e o que me conquistou e deixou extremamente curioso vem agora. Em tramas do tipo é comum termos um contraponto que vem dos extremos, no caso acreditei que por um lado Ego seria o personagem a fixar o ponto do individualismo a série toda, Kira seria o contraponto oposto e assim funcionaria a dinâmica, mas a realidade é que já na primeira etapa do acampamento o protagonista simplesmente ELIMINA de forma brutal e chocante o Kira deixando todos na sala em choque, assim como eu na sala.

É aí que Blue Lock se destaca e sai do ponto comum, ao invés de se pautar em extremos para fazer contrapontos, ele o faz dentro da própria trama com os outros 11 personagens que após essa etapa terão de formar um time para seguir em frente com seu sonho. No acampamento Blue Lock os personagens precisarão saber como fazer para não deixar o individual de lado, pois é uma competição em que apenas um vai vencer, enquanto jogam como um time.

Esse equilíbrio é estabelecido com dilemas como alternativas de avançar na competição sem precisar de fato do time, o que faz os personagens pensarem, afinal o time do protagonista tem os jogadores menor ranqueados do local, ou seja, avançar sozinho pode ser uma opção melhor do que em time, e assim, alternando esses problemas com doses de boas interações entre os personagens, o que nos faz querer que todos avancem, mesmo sendo uma competição individual.

Acredito que nesse ponto Blue Lock aborda a individualidade de uma maneira um pouco mais crível, pois quem já não se pegou em dilemas no dia a dia em que você acredita que teria feito melhor você mesmo? Melhor ainda, quando é o momento para se jogar em time e todos saírem destacados e quando é que você quer se destacar, pois existe algo em jogo além e esse destaque poderá te ajudar? Ou seja, a obra não se baseia em apenas “Jogar de forma egoísta”, mas em “Quando eu devo ser egoísta?” e acredito que a maneira como faz isso, sem ir de um extremo a outro, faz com que os personagens tenham carisma e charme para chamar a atenção de quem assiste.

Blue Lock é um shonen que foge, mesmo que de leve, de utilizar contrapontos extremos, tornando-o uma obra divertida e empolgante de ver, e posso garantir para você que está lendo uma coisa, até eu que não sou fã de futebol estava fortemente na torcida vendo essa obra.

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