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Alguns hotéis são grandes demais para um hóspede só

A animação em curta-metragem ‘Hotel do Coração Partido’ apresenta Ronaldo; um homem com um coração grande, onde cabem várias pessoas, desde mãe até amante.

Com roteiro de direção de Raoni Assis, o filme é composto por desenhos feitos por Ayodê França e montagem e animação produzidas por Paulo Leonardo. Sem ação direta dos personagens, e narrado em terceira pessoa, o curta pernambucano é direto e reto em demonstrar os sentimentos que fazem do ser humano diferente dos outros animais, mesmo sendo racional e tendo ainda alguns sentidos instintivos, como a proteção das pessoas de quem se gosta.

Ronaldo, assim como qualquer pessoa, está sujeito a gostar ou deixar de gostar, ser querido ou deixar de ser querido por alguém. O filme questiona como algumas pessoas podem agir diante de uma rejeição, de um sentimento não correspondido. Apesar de ‘Hotel do Coração Partido’ ser um filme de 2006, ou seja, bem antes da popularização da internet e das redes sociais, Ronaldo pode ser visto como a pessoa que busca a aceitação, o que praticamente hoje, é uma necessidade de muitos usuários.

Mesmo tendo uma esposa, Ronaldo coloca outras pessoas no lugar onde deveria estar somente a mulher com quem escolheu viver. Porém, Ronaldo precisa comprar o afeto de outra mulher. Neste ponto, o curta questiona sobre como algumas pessoas estão sujeitas a serem manipuladas por outras devido a uma carência afetiva, ou simplesmente, uma dependência daquela pessoa. Homens e mulheres, carentes, estão sujeitos a este tipo de relação.

O curta também reflete sobre a situação de como algumas pessoas têm dificuldades em aceitar “um não”. O coração de Ronaldo é grande, sempre cabe mais pessoas. Porém, isto não quer dizer, que outras pessoas são abrigadas a terem um espaço para ele em seus corações. Afinal, afinidade é um sentimento que surge de forma natural entre duas pessoas. Comprar o afeto de alguém não significa que exista afeto por parte da pessoa que aceita ser comprada. Ela somente finge um sentimento que não existe, mas que massageia o ego da pessoa que gasta o que pode e o que não pode somente para ser querida por ela.

Uma desilusão amorosa pode afetar a forma como uma pessoa lida com outras e consigo mesma. Um amor não correspondido pode afetar a auto estima de uma pessoa, mesmo com um número pequeno ou grande, tendo um sentimento real por ela. Pode-se interpretar o “fechamento” do coração para outras pessoas como egoísmo, porém a dor da desilusão só sabe quem sente.

Talvez Ronaldo, mesmo sendo uma boa pessoa, tenha tido dificuldades em lidar com a rejeição, simplesmente por estar acostumado com sentimentos autênticos de outras pessoas. Porém, foi obrigado a enfrentar que um sentimento real e verdadeiro não pode ser comprado com bens materiais.

‘Hotel do Coração Partido’ traz estas e muito mais reflexões sobre as relações humanas e como cada pessoa se comporta diante delas. Há os que são transparentes e colocam em seus corações algumas pessoas, independente de como elas são ou do que têm. Há os que necessitam da aceitação, sofrendo de carência afetiva, e que se dispõem a pagar, para somente ter a ilusão de que uma pessoa a tem em seu coração. E há o tipo de pessoa que enxerga as relações de amor não como uma relação de troca de sentimentos, mas como um meio onde para se tirar vantagem de alguém.

 

FICHA TÉCNICA:

  • Hotel do Coração Partido
  • Gênero: Animação, Drama
  • Ano: 2006
  • País: Brasil
  • Direção e roteiro: Raoni Assis
  • Duração: 5 minutos

Uma resposta

  1. Acontece de maneira, mais habitual do que se imagina, é o “comparar-se”! Há nos relacionamentos, Independente se amorosos ou não, Independente da sexualidade, uma Não entrega mesmo tendo surgido atração ou sentimento, em momentos como professor e aluno (mesmo sendo em curso superior); paciente e dentista ou médico; cliente e vendedor de loja; por exemplos! E são contextos que sabemos distinguir quando o “status” seria de um “ficar” a “conhecer melhor”! Mas na cabeça de muitos, deu de perceber aquela “sensação”: “ele desejou me sentir”, ou seja, foram “gentlemem” comigo na máxima de que eu sempre voltaria pela atração sentida, sem usar a razão de que eu estava sendo “usado” e sem perceber que jamais haveria uma transa! E eram homens casados ou bissexuais “no armário”, fiéis a uma relação mantida a base da “hierarquia”: na máxima “sim, senhora”! Um dos meus irmãos em conversa com a nossa mãe justificou manter o casamento porque a esposa “satisfazia” ele!!! A frase dele “chocou”, por ele ser uma pessoa que se destacou na profissão que abraçou e que poderia ter uma esposa que o valorizasse como ser humano em plenitude!!!

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