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A figura do pobre e suas fantasias – Uma reflexão

Farinha de Mandioca

Há alguns dias tive o desprazer de ver mais uma das deliciosas presepadas do senhor que tem o título de presidente desse país, na imagem ele comia farinha, completamente sujo desta e com parte dela jogado no chão. Comia como se tivesse a boca furada, de maneira tosca e rudimentar. O objetivo era se aproximar mais da figura do povo brasileiro. Não é a primeira vez que presencio esse imbecil protagonizando cenas desse tipo para mostrar que é uma figura do povo, gente como a gente, mas isso fala mais sobre o que essa elite podre ACHA que é o povo, o pobre, do que o que ele é realmente.

Eu sou uma pessoa vinda da classe C e te digo, se alguém come igual aquele asno estava comendo a primeira coisa que vai acontecer é alguém falar “Tá com a bocada furada infeliz?” porque ao contrário do que esses imbecis do governo pensam a gente sabe comer bonito e de boca fechada.

Também não vamos a eventos que pedem roupas finas de maneira tosca, de sandália e blusa de time, em alguns casos apertamos o orçamento e alugamos roupas, em outros pegamos emprestado, damos um jeito de aparecer com o vestuário requisitado porque temos conhecimento que se aparecer de outro jeito passaremos vergonha. Se nos arrumamos para ir ao shopping, imagine para um casamento.

Mas acredito que não é só esta parte da elite que tem uma fantasia de pobre que me incomoda. O pobre inofensivo, sonhador, que quer só comer e ter um lar para sua família, que precisa de uma figura messiânica que nos dará tudo isso derrotando os homens maus da direita só existe no imaginário de progressistas que se projetam como arautos da justiça social enquanto muitos desprezam todo e qualquer traço da cultura muito popular brasileira como o funk, sertanejo e programas populares, vocês não poderiam estar mais errados.

Como a pessoa quer salvar toda uma classe que mal conhece mesmo? Pois é, não vai. Utilizando um dos prováveis músicos que fazem sucesso com essa galera (Inclusive ouso dizer que conhece o que citarei, mas entender que é bom…)

“A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”

Vocês juram mesmo que a gente só quer isso da vida? Que a gente não tem sonhos de viajar o mundo, conhecer a China e aprender a tocar piano e violino? Ou que a gente não quer conhecer sobre música, cinema vendo dos mais variados filmes ao invés dos caça niqueis que Hollywood lança? Vocês acham mesmo que não queremos ter hábitos de leitura ou acessar o mesmo tipo de informação que vocês têm por agora? Somos milhões de brasileiros, temos vontades diversas, não somos uma alegoria que vocês tiram de filmes e nos limitam somente a isso. Estamos nas ruas, fazendo corres (Sabe o que é isso? Não? Google então), fazendo levantes, lutando à nossa maneira, não tente nos limitar a figuras indefesas para que você possa salvar, porque fazendo isso você não está do nosso lado.

Falar por pobre todos querem, mas e conhecer para além de superficialidades? Você quer ou conhece?

 

Foto de Capa de Google

 

3 respostas

  1. 2022…. sem carros voadores, o trabalhador também valoriza o imaginário do que é ser pobre. Acho que esse é o maior erro do brasileiro. Não nós reconhecemos como trabalhadores, pois é o nosso trabalho que gera a riqueza de quem nós explora. Tá no humor que consumimos, na arte ( a nova onda mini esculturas de favelas, já viu?)

    1. Sim, mas isso é por conta da mídia que nos bombardeia todo o dia com os ideiais liberais, mas aos poucos eu vejo mais e mais trabalhadores entendendo e adquirindo consciência de classe. O meu ponto é que tem gente que não quer isso, não quer dividir o espaço, acredita que o que pensa é o melhor por estar “acima” do pobre. Lembra do Mano Brown falando sobre trabalho de base? É sobre isso, mas tem gente que não entende e nem quer.

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