Com o seu cabelo encaracolado,
Um permamente como se dizia,
Ela ia toda feliz para cozinha,
Em seu fogão de ágata bem cuidado
Colocava uma panela de alumínio no fogo
Que brilhava ao ponto de poder se ver nela
E lá despejava um litro de óleo pra esquentar.
E fazendo uma massa bem medida,
Farinha, ovos, leite, açúcar, fermento
E uma pitada de sal era o que tinha
Com uma colher moldava bolinhos no óleo
Que girando iam ficando dourados como o Sol
não mereciam o nome que recebiam
bolinhos de miolo, bolinhos de chuva.
Passando no açúcar e na canela
Ainda bem quente abria um para
Ver se havia cozido bem a farinha
Saber se óleo estava muito quente, ela dizia
E também me dizia todo dia: sorria, sempre sorria!
Não importa quão ruim tenha sido o seu dia!
Sorria, sempre sorria! Era uma coisa dela e minha.
Quanta falta me fez nestes dias
Diante de tanta tristeza, de tanta agonia
Vendo um mundo banal e pessoas vazias
Aquela fritura toda nem um mal me fazia
Eu já não era uma criança normal
E mesmo naqueles complicados dias
Por ela eu sorria, sempre sorria!
In memoriam de minha Vó Salete.
Foto de Capa: Bolinhos feitos pela minha avó
PS. Ela iria odiar a foto, pois o cabelo não estava arrumado, nem batom tinha passado! Mas foi a última vez que ela fez estes bolinhos pra mim, e numa brincadeira minha, tivemos a ideia de fotografar.
Respostas de 4
Bjs Tia!!!
Muito bacana, com muita reflexão, ainda mais ,hoje estou pra baixo é cansada da semana.
Mas valeu muito poder recordar bons momentos. Bjs
Bjs Mãe!!!
Oi, Péricles!
Amei e me emocionei muito.
Saudades imensa da minha mãe.
Bjo