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3 Poemas de Ano-novo

Fogos de Artifício comemorando ano novo

1.
Ano-novo tinha de ser assim:
ano-bom, réveillon, alvíssaras.
Ano-novo é novidade, evangelho.
Clareza de aguinha rompendo
as camadas de gelo.
Clareza da aguinha respingando
na testa, no rosto, descendo
no corpo inteiro.
Ano-novo é rebento, potro,
pássaro do tempo.
Leveza do soprinho tocando
a gente,
um ao outro.
Leveza do soprinho,
a elegância da gueixa.
Ano-novo tinha de ser assim:
estilística como fé,
fé como fides aos gêneros.
Todo o resto sobra com
as comidas sobre a mesa.

2.
Réveillon de margarina
amarelo prosperidade
escorregou no borrego
engordurado
no vestido dela.
Réveillon de desodorante
ventilou frescura, novidade.
Réveillon de automóvel
no túnel eclipsou-se.
Réveillon de descobertas
e seriedade
enfrentou o mundo,
o lajeado.
a cavalo foi vindo, foi trotando,
foi marchando.
Réveillon é revelação:
ano-novo já a galope.

3.
desejos de ano-novo
Menos gado
menos carneiro
menos pastores
menos débitos
menos créditos
menoscabo
menosprezo.

2022
frente e avesso
será o mesmo de sempre.

Você será o mesmo
ou o outro?

2022 mais empático
simpático com o outro
e consigo mesmo.

Foto de Capa por Pixabay em Pexels

Uma resposta

  1. Três poemas de Ano Novo. O primeiro me flechou mais. Metafórico, anafórico, sensível. E os demais? Muito bons! E há um brinde: os seguintes não numerados. Também poemas. A seu modo.

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