Thorn – Aprendiz (Parte Final)

Assim que a última palavra é dita o seu despertador toca para indicar que outro dia já está lhe chamando. Val acorda e não sabe se fica feliz ou preocupada com o Senhor Thorn, mas levando o que ouvira para não ficar preocupada em consideração, ela se levanta para o seu ritual matinal. As horas vão passando acompanhadas das suas tarefas que Val executa uma a uma. E quando dá quinze horas, próximo da hora em que ela teria que estar no hospital, sua preocupação reaparece achando que o padre não a deixaria sair da igreja. No entanto, o Padre Márcio recebe uma ligação de um dos seus fiéis requisitando uma benção urgente em sua casa porque “coisas estranhas” estariam acontecendo lá. O Padre Márcio não pensa duas vezes e pega o seu carro meio antigo e segue sem maiores problemas para aquela propriedade nos arredores da cidade. Val se aproveitando da oportunidade, corre para o seu quarto e troca as roupas empoeiradas para seguir em direção ao Hospital Municipal. Ela vai caminhando e murmurando com ela mesma os seus pensamentos. Lá chegando, outra preocupação: Ela é menor de idade e não a deixariam subir para o quarto por não ser parente do paciente. No entanto, assim que chega na recepção, esta está vazia por algum motivo. Val não se surpreende e sobe para o quarto sem ser questionada por nenhum funcionário daquele lugar. Ela chega na porta do quarto, bate por educação e a abre com toda a delicadeza do mundo. Dentro, ela tem certeza de que não foi somente um sonho, o Senhor Thorn é visto por ela, ligado aos aparelhos que não temos a menor ideia para o que eles servem.

Ela se assusta a princípio, mas represa o seu sentimento e adentra ao quarto. Ao lado dele dois homens, um de cada lado da cama, seguram as suas mãos. Os homens olham para ela assim que entra no quarto e a recebem sorrindo. Eles são bonitos e bem vestidos. Um branco de cabelos pretos e o outro afro-brasileiro, mas ambos de terno, um azul escuro e outro mais claro, ambos sentados ao lado da cama enquanto o Senhor Thorn aparenta estar dormindo, assim entende uma menina de quatorze anos. Val se aproxima um pouco e pergunta:

– Como está o meu amigo? O Senhor Thorn está bem?

Os dois homens se entreolham e voltam a olhar para a menina sorrindo para balançar a cabeça de forma afirmativa.

– Posso falar com ele? Val pergunta apreensiva.

Eles voltam a trocar olhares e depois um deles coloca a mão em sua testa e o senhor Thorn reabre os olhos. O afro-brasileiro segura a sua mão com mais força e o Senhor Thorn levanta a cabeça para olhar para a porta e ver a sua amiga ainda preocupada.

– Menina Val, que gentileza sua vir até aqui para me ver. Mais uma vez não sei como agradecer.

Val sorri aliviada. Depois volta a dizer:

– Senhor Thorn, Fiquei preocupada com o Senhor quando parei de te ver pela pracinha. Eles são seus amigos ou parentes?

O Senhor Thorn olha para eles e depois olha para a sua amiga:

– Não, minha amiga, eles vieram para me levar, lembra que eu te contei?

– Mas… Senhor Thorn! O Senhor disse que seriam dois anjos e eles não são anjos!

O Senhor Thorn sorri condescendentemente e volta a falar:

– Menina Val, por que acha que eles não são anjos?

– O Padre Márcio me ensinou que anjos foram criados por Deus e eles possuem asas para levá-los até o nosso Criador.

O Senhor Thorn entende a afirmação e sorri da ingenuidade de Val ao falar desse jeito.

– Ah, menina Val, sim, anjos tem asas, mas eles não precisam delas para irem até o nosso Criador. No entanto…

O Senhor Thorn para de falar e olha para os homens ao seu redor com um olhar pedindo consentimento. Eles largam momentaneamente as mãos de Thorn para se afastar um pouco da cama, depois com um olhar paternal deixam as suas asas abrirem em suas costas. Um arrepio sobe pela espinha de Val que não resiste e deixa algumas lágrimas de felicidade fugirem de seus olhos enquanto admira as asas que floresceram e estavam prontas para serem usadas, enormes e maravilhosas.

– Eles me pedem que te lembre qual é o maior motivo de estarmos vivos aqui, buscar a verdadeira alegria da vida com pequenos atos de gentileza, consideração, abnegação e de puro amor. Isso até que tenhamos toda a alegria e paz que pudermos levar nesta hora em que devemos partir para as estrelas! A sua amizade e consideração eu levarei em meu coração e nunca mais me esquecerei de você, menina Val. Não se preocupe comigo, pois eu nunca estive melhor.

Assim que termina essas frases, os “homens” o levantam da cama e o seguram um em cada braço enquanto o Senhor Thorn sorri dividindo toda a alegria que está sentindo com a sua amiga que fica estática sem saber o que fazer. Um brilho enorme cerca-os e de repente todos somem juntos, ficando apenas a menina Val no quarto. Segundos depois, uma enfermeira entra no quarto:

– Oi, menininha, está perdida? Este quarto está vazio. Quer ajuda para achar o seu parente?

– Não, obrigada. Pode me dizer as horas? Val fala enxugando os olhos.

– Sim, claro! São 15:36h.

Respostas de 6

  1. O sagrado nem sempre está nas aparências, mas nas atitudes. E eu falo isso por conta dos anjos. A cena das asas dos anjos foi linda.
    Esse final me faz lembrar da importância de encontrar alegria nos gestos simples. Outro aprendizado que fica é que em todas as experiências temos oportunidade de crescer.

  2. Boa noite. Um final sublime e mostra que o amor e perdão amdam juntos basta sabermos coduzir da melhor maneira possível.

  3. Amei a história da menina Val e sua amizade com o Sr Thorn. A forma como encaram a conclusão da história dele é gentil e tocante!!!

  4. Amo muito os contos do meu amigo jean mas esse final 😮 caramba que máximo 😮 tô muito chocado !

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