 |
| Daniele Barbieri Coppi |
A principio eu queria escrever outro texto sobre a minha realidade pessoal, sou solteira e mãe de 5 filhos, mas decidi por este pois acredito que seja um assunto emergencial. Estou receosa e muito preocupada com os rumos que a nossa sociedade está tomando. Todo mundo fala sobre a homofobia, mas já pararam para pensar como ela começa? Nasce de uma criação preconceituosa, onde pais, avós, tios e vizinhos minimizam ou ridicularizam gays, casais gays e travestidos. Ao brigar na rua ouvir um “viado” ou “sapatão” é um dos piores insultos.
O primeiro casal gay que conheci foi me apresentado pela minha mãe. Ela me disse que “elas se amavam e se respeitavam e por isso eram um casal” e fim de papo. Cresci assim. Tenho muitos amigos e conhecidos gays e posso afirmar que se juntar alguns héteros que conheço… sou mais eles. Mas nem todos pensam assim, muitas mães afirmam não ter preconceito no entanto dizem que não gostariam de ter um gay na família. E eu já cheguei a ouvir que preferiam um bandido em casa à um filho gay, comentário este que me embrulha o estômago! Até tenho uma “conhecida” que hoje é casada e bateu muito no seu cão porque ele estava cruzando com outro do mesmo sexo e disse aos quatro ventos que isso é um absurdo e que na casa dela não entrava esse tipo, mas esqueceu do passado em que teve um caso lésbico…
Recentemente um fato que aconteceu na escola de um dos meus filhos me chocou muito, e ficaram evidentes a intolerância e o preconceito e me revoltou e me levou a mudar a proposta original do artigo, que era a difícil tarefa de ser mãe, para a difícil tarefa de ensinar o que é certo para nossos filhos. Um jovem travestido de aproximadamente 16 anos apanhou de três garotos de 15 a 17 anos em que arrancaram até cabelo dele, por simples preconceito porque o menino não tinha feito nada contra ninguém. Um desses “mini fanáticos religiosos” postou no Facebook o seguinte comentário mar-cando os outros dois:“Batemos no viado kkk” Isso é aceitável?
Homofobia é crime e isso independe de idade. E para piorar a situação um dos professores depois que todos envolvidos estavam na diretoria comentou que era para tomar cuidado com “ele” (o travestido), pois pessoas desse “tipo” andavam armadas com canivete. Professores, assim como pais deveriam ensinar a respeitar as diferenças e não propagar o medo e incentivar a exclusão do convívio.
Não sou homossexual, não tenho filhos homossexuais, alias eles ainda são crianças e não tenho como saber, mas como mãe, como uma pessoa de bem, apoio o respeito às diferenças e os ensino aos meus filhos porque fui ensinada assim. Como diz o velho ditado: “É de pequeno que se torce o pepino” e se ensinando o certo já esta difícil, apoiando a intolerância, que tipo de pessoas teremos no futuro!
