O mundo está vendo que realmente somos o país do carnaval e que este título é nosso e ninguém tasca. Um dos únicos países que não consegue respeitar regras básicas de convivência em sociedade, principalmente durante uma pandemia. Responsabilidade social, uso adequado de máscara de proteção, manter distanciamento recomendado entre as pessoas em estabelecimentos comerciais, barulhos exagerados fora de horário, festinhas clandestinas e filas homéricas em lojas de departamento.
Estamos enfrentando uma doença mortal que há quase um ano e os médicos ainda não sabem como solucionar. Somos cobaias nesta luta por sobrevivência e que pode deixar um rastro de sequelas terríveis e incuráveis. Não temos curados, temos sobreviventes. Não temos vagas suficientes em hospitais (nunca tivemos), remédio eficaz e vacina aprovada. Infelizmente, veremos o mundo se imunizar e seguiremos chorando.
Sabe aquele filme “Quanto mais idiota melhor?”, tenho um monte de “idiotas imunizados” para indicar. Brasileiros hostilizam profissionais de saúde, o que é surreal. Por aqui a moda é usar máscaras no queixo (quando usam), zombar da morte de milhares de pessoas e aglomerar-se. Desdenhar de pesquisadores, médicos e da ciência; fazer piada enquanto o barco afunda, lentamente. Nós temos nosso próprio Titanic (governo), mas estamos vivendo uma adaptação da cegueira de Saramago.
Como se não bastasse os terraplanistas, agora temos que escutar absurdos sobre a vacina contra o coronavírus: virá com um microchip líquido, vamos virar jacaré, irá mudar nosso DNA, nos transformaremos em robôs chineses, mudaremos de sexo, entre outros. Falou-se tanto na tal marca da besta, que surgiram centenas de bestas ambulantes. O que houve com o cérebro dessas pessoas?! Estamos vivendo um ataque zumbi?! (risos). Socorro, alguém me acorda desse pesadelo?!
Famosos, blogueiras e influencers foram “cancelados” no início da pandemia, devido algumas festinhas particulares. Acho que influenciar negativamente virou tendência, só pode! E pior, influenciou tanto que agora no final de 2020 as comemorações explodiram de vez, até quem criticou aderiu às aglomerações.
Quantos não puderam comemorar seus respectivos aniversários?! Eu conheço dezenas! Celebre a vida mesmo sozinha (o), depois juntamos a galera. Talvez, agora, não seja o melhor momento, não coloque a sua vida e nem de outras pessoas em risco. Como disse um amigo que estava com casamento marcado no finalzinho de junho passado – “Cancelamos nosso casamento e não temos uma nova data prevista. Para quando pudermos realizá-lo, em segurança, estejamos todos juntos e não falte ninguém”. É exatamente isso!
Cegueira coletiva, deficiência de cognição ou egoísmo mesmo?! Ficar em casa não é obrigação, castigo – é respeito! Não estou me referindo àqueles que precisam sair para trabalhar, digo especificamente para quem pode ficar em casa e não o faz. Ouvi esses dias um psiquiatra dizendo que geralmente pessoas vazias, não suportam a própria presença. Para elas ficar em casa torna-se insuportável. Que dirá suportar o outro.
Sim, estamos todos cansados, saudosos, irritados, angustiados. Não é momento de passear ou se reunir. Todos nós queremos e precisamos que tudo volte ao “normal” o mais rápido possível, mas depende de cada um. Não está sendo fácil para ninguém, tenha um pouco mais de paciência, vai passar. Não seja um “influenciador” negacionista, você pode não perder alguém próximo, mas pode matar o amor de alguém. Não brinque com o que você tem de mais valioso – a VIDA!
Meu desejo para 2021?! Desejo uma vacina de discernimento, respeito ao próximo, compaixão, gentileza, empatia e humanidade. Seja quem você quer ter por perto! Cuide-se! A pandemia não acabou, infelizmente!
Por Daniela Houck
para sua coluna Café com Respeito!
Foto de Alan Cabello no Pexels
Respostas de 2
Caramba. Que tapa com luva de concreto armado! Muitas verdades ditas e a constatação de que estamos à beira de um colapso potencializado por nossa adesão à barbárie individualista do capitalismo.
Exato, disse tudo! Obrigada pela leitura! Bj grande