Sal a gosto

Viver é uma inconstância engraçada. Há dias em que se acorda resplandecente, amando tudo e todos. O coração cheio de alegria, admirando cada detalhe ao redor com inspiração e um carinho que faz até esse motorzinho dentro da gente funcionar mais rápido.


Em outros, pensa-se que o mundo é um lugar cruel, duro e odioso. A ruindade predomina e transpira em cada rua, esquina e poro. Tudo que se vê é violência, guerra, maledicência, e chega-se a desejar profundamente que algo aconteça e acabe com essa colônia de caos negativo na qual vivemos.

Ao meu ver, ambas as visões são verídicas e válidas. Acredito que o mundo seja sim um lugar vil e doloroso, repleto das piores coisas imagináveis que podemos conhecer.


Acontece que, se pararmos por um momento para admirar a crueza dessa nossa realidade, havemos de perceber que, impreterivelmente, é isso que ela é: crua. E como qualquer coisa crua, seu sabor depende dos temperos que utilizamos. O tempero das nossas ações é o que dá a cor, o sabor e a textura dessa grande sopa coletiva a qual chamamos vida. E apesar de não podermos controlar a quantidade de sal que os outros colocam, sempre podemos adicionar alguns pedaços de batata para suavizar o gosto.

Dose o seu tempero e divida sua porção com as pessoas. Pode ser que elas se apaixonem pelo sabor e comecem a temperar suas vidas com uma boa dose de seja lá o tempero que você escolher. Mas lembre-se: prefira sempre os mais frescos e escolha sabiamente, pois assim como o manjericão tem o poder de trazer frescor ao prato, a beladona tem o de intoxicar – e até matar! – aquele que o prova.

Bom apetite!

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