O bacante

À Zé Celso Martinez
Um bacante não morre
Se mostra à luz da videira
Em esplendorosa alegria
Um bacante não morre
Encena a dor
Na própria Antropofagia
Matiza de cor, de luz
Nosso sofrimento, nossa alegria
Um bacante não morre
Pisa, encantador
O chão das estrelas
Um bacante não morre
Deixa o rastro luzidio
De sua dança báquica
De seu encenar, e
Como Sêmele
Incinera-se
Ante o brilho de um deus
Um bacante não morre
Altivo, irônico, perturbador
De sua Oficina
Luta contra o algoz reacionário
Com gesto, força, olhar
Nos torna visionário
Um bacante não morre
Dá seu último adeus
No espetáculo flamante
O bacante, que és
Nu
No último ato
A interpretar
Sua luzente rebeldia
Para nos mostrar
A vida é um ator em cena
A atravessar sorridente
Essas rubras cortinas
Encena e nos faz encenar
Um bacante não morre
Veste a máscara de Diônisos
Flameja, ri, dança
Áureo cocá na fronte
Tirso na mão
Incandescentemente Tupi
Do cimo do palco
Exuberante
A gritar, alegre, para sempre
Evoé!

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