Jean andava pela rua Augusta, à medida que ela descia, e passava por entre as pessoas, anônimas, inquietas, umas felizes, outras indiferentes, percebeu que um homem a acompanhava de longe, mas bem próximo. Se ele quisesse a alcançaria.
Extremamente bonito, tão lindo como um macho viril que acabou de transmutar-se em uma fêmea, sedenta, sagaz, a andar lentamente, parecia flutuar, tão leves e precisos eram seus passos; seus cabelos eram de fogo, seus olhos incrivelmente luzentes contrastavam pelas cores, um de castanho luminoso, outro de um azul translúcido.
Seus lábios sãos finos, rubros de um sangue intenso. Jean teve a sensação que seus “sharp teeth”, levemente salientes ultrapassam o lábio superior e confundiam-se com o alvo de sua pele. Por mais que sentisse medo, aflição, angústia, era inevitável não parar de olhá-lo.
A Augusta passou a ficar mais escura, à medida que desciam, mais na penumbra, mais densa, mais atraente, mais sombriamente sedutora. Os bordéis ficavam para trás e ele a seguia quase a alcança-la.
Eis que os passos dele, cada vez mais leves e quase flutuantes, a alcançaram. Mesmo que não o olhasse, irresistivelmente ela queria que ele a abordasse. Ele perguntou, numa polidez vinda de outro tempo, outro lugar, quase outra dimensão, com um sotaque que lhe parecera britânico: seu nome milady? Ela responde: Jean. Gélida e ao mesmo tempo extremamente excitada, com o peito quase arfante, perguntou-lhe: “e o seu? Num sorriso leve, misteriosamente belo, ameaçadoramente perigoso e ao mesmo encantador, ele disse: Bowie…
Mavetse Dionysopoulos
Foto de capa por Youtube retirada de Correio do Povo
Uma resposta
Costumo dizer que, também, mesmo que sejam cisgeneros podera haver complementariedade, isso é, seja anus ou vagina, feminilidade e virilidade se percebem! Já fui deitado com glamour, ajeitado para receber penetracao, pernas e nadegas peludas renderam o elogio de pelos macios! Importante quando se percebe a possibilidade de ser casal e felizes como tal ou mera fluidez sexual!