Eu sempre detestei ler artigos ou teorias que dividem a humanidade em gerações. Clique no link para ler um conteúdo sobre isso. Eu tive contato com esse tipo de informação ainda no século passado. Eu li textos que faziam referência aos estudos de Strauss e Howe, publicados em 1991, mostrando o ciclo das gerações. Eles me forneceram informações e insights importantes na compreensão da dinâmica demográfica de grupos humanos. Eram teorias que se alinhavam à cronologia da história europeia e norte-americana.
A princípio, isso tudo parecia a mais nova astrologia, depois me pareceu outra teoria psicanalítica aplicada à dinâmica das populações. Por outro lado, a teoria passou a explicar fenômenos dentro de escolas e igrejas, ou seja, virou uma febre tipo “constelação familiar”. Tudo me irritava. Eu tentei não entender, até que um dia, obrigado por uma pergunta de um estudante, resolvi pesquisar sobre.
Esse vídeo apresenta uma discussão sobre aspectos do tema de maneira ilustrativa, não representando exatamente a minha opinião sobre o assunto.
Pois bem. A teoria é inteligente, no entanto, é mais inteligente ainda quem a escreveu. A pessoa se baseou nos passos do capitalismo e nos principais fatos históricos que trouxeram desenvolvimento ao mundo, um surto incomum, capaz de fazer com que certas pessoas tenham nascido num mundo praticamente medieval — no interior de um país distante de uma ex-colônia europeia da África, Ásia ou Américas — possa morrer num mundo digital, conectado e cheio de satélites rodando o planeta
Primeiramente, o grande ponto de mudança. De repente, o ser humano chega à Lua e uma torrente de produtos de tecnologia inunda os lares europeus, norte-americanos e de suas ex-colônias. O Japão se consolida como um país capitalista de cultura oriental e, até certo ponto, europeizado.
Imagem de Carlos Lorite por Pixabay
Por sua vez, a China estabelece seu poderio, a Índia explode em população, assim como explodem conflitos no Oriente Médio. A ONU falha em garantir uma idílica paz mundial, mas guerras mundiais são sempre evitadas, a despeito dos conflitos regionais, sempre presentes.
Nas Américas, exceto nos Estados Unidos e no Canadá, os governos das ex-colônias inglesas, francesas, portuguesas, holandesas e espanholas convulsionam em conflitos, lutas de camponeses, ditaduras militares e interferência ianque nos governos, a fim de não permitir a proximidade com Cuba e União Soviética.
Consequentemente, a África e a Ásia retalhadas pelo passado colonial também passam por um século XX duro. Uma lei se aprende na geopolítica mundial: o país que foi colônia de povamento dos europeus de fato se tornou parte de uma Europa estendida, desenvolvida. Os explorados como fontes de recursos agrícolas, humanos e mineirais, deram origem a países fragmentados, violentos e de desenvolvimento conflituoso.
Por isso, eu nem sempre dei tanta atenção a uma teoria norte-americana totalizadora. Ela vê o mundo sob a ótica desenvolvimentista das lentes míopes do colonizador, feitas para enxergar apenas até o próprio umbigo. Isso para o bem do capitalismo. Pior ainda quando sabemos que se trata de um olhar que toma como base a sociedade norte-americana. Privilegia sua dinâmica de produção de bens e de valores voltados ao consumo. O que isso pode trazer de útil para nós? Tanta coisa a comentar. Talvez a mais importante delas seja a relação das gerações, das diferentes idades com a tecnologia.
Imagem de svklimkin por Pixabay
Em toda família, temos uma escadinha de gerações, todas com o celular na mão. De idosos Baby Boomers a adolescentes da Geração Z. A nossa concepção sobre o contato das gerações com o celular mostra que “gente mais velha” não sabe usar direito o telefone e nem internet. Menos ainda um computador com destreza. No entanto, eu sou um professor e atuo com essas gerações num lugar específico: a construção de conhecimentos. Nenhuma delas segue um padrão linear de comportamento frente à tecnologia que seja determinado por idade Menos ainda por década de nascimento
A Geração Z menos favorecida é igual à Geração Z burguesa? Será que poderemos aplicar esses conceitos a todos de maneira a colocar qualquer idoso, qualquer adulto ou adolescente sob esse rótulo? Não perca o meu próximo texto…
Por Alex Mendes
para sua coluna O Poder Que Queremos