Você já parou para pensar o quê define um médium? De onde vem esse termo? Ah! Com certeza você que está minimamente no contexto religioso brasileiro já deve ter uma montagem mental de todas essas respostas, mas se não, vamos começar do começo. Médium é um termo cunhado pela doutrina Espírita, mais na linha Kardecista, que acabou se normalizando para diversas outras práticas, principalmente no século passado. É o Mediador do mundo espiritual com o nosso (você milenium lembrou agora do livro A Mediadora da Meg Cabot, não é?). Dentro desse contexto, para você ser considerado Médium você precisa da validação de uma comunidade, que se adquire com treino e estudo, se não pode-se dizer que tem apenas “a mediunidade aflorada”. Sei que isso pode parecer meio nebuloso, mas podemos transferir de forma rasa e exemplificada para outras áreas: levar jeito com desenho, canto, fala, esporte, escrita (acadêmica ou artística), etc, não te faz um profissional nessas áreas, para ser um profissional você precisa de estudo, dedicação e uma comunidade (seja clientes ou uma empresa te contatando). Ficou mais fácil de visualizar?
Dito isso, como não é um termo universal também não tem uma única linha de manifestação, mas como mais para frente vamos falar de um estudo que utilizam este termo, utilizarei aqui para contexto. Alguns lugares são bem taxativos quanto os tipos de mediunidades que cada pessoa possui e quem as possui, por exemplo: você enxerga? Então a sua mediunidade é a Clarividência; Você incorpora? Ah… Qual tipo? Transporte? Conselho? Limpeza?; assim vai, para escutar, sentir cheiro, sentir toques, absorver energias, etc. Outros lugares você está aberto a ter mais de uma, tendo mais facilidade em uma ou outra, pois quanto mais, mais trabalho e estudo.
“Eu já passei por experiência x ou y, tenho essa sensibilidade?” Sim, não, talvez. Isso depende de muitos fatores e, bem, eu não conheço UMA pessoa que tenha passado zerada por experiências, não importa a crença. E esse não é um texto para você fazer um teste do BuzzFeed.
Levando tudo isso em consideração, só que não, uma pesquisa feita pela USP sobre Mediunidade foi feita e no dia 19-02-2025 saiu uma matéria no G1 sobre ela com a manchete “Médiuns têm alterações genéticas, aponta estudo da USP”. Um detalhe interessante é que ao longo da matéria se mostra ainda uma teoria, um estudo começado em 2020 e não finalizado ainda, esse conjunto já um problema por si. Essa matéria foi levada para um dos clãs druídicos que faço parte, o Leanaí an Gealach Clan, sediado em Juiz de Fora – MG, para ser debatida. Pontuando que eles não foram os primeiros e provavelmente não serão os últimos a tentarem fazer esse tipo de pesquisa. No meio de nossas brincadeira que agora viramos X-Men (eu aceito ser a Mística, a Tempestade ou o Noturno) e assim por diante, nosso Druida Ávillys mac Mórrigan, e nossa Guerreira Evan Mac-Luga levantaram pontos importantíssimos que trago compilados para vocês.
Dependendo de como for conduzido o estudo e futuramente interpretado, essa retórica pode virar um discurso patologizante da mediunidade, como um transtorno mental/genético, se comprovado. Além da nossa ciência hoje ser completamente eurocentrada cristã e não pensada sobre um prisma realmente empenhado em compreender, de forma genuína, fenômenos espirituais e semelhantes. Onde saberes originários foram excluídos e depois de forma embranquecida são “descobertos”. Como por exemplo em “A Vida Secreta das Árvores”, onde mostram que plantas reagem a cores, sons, toques e demais estímulos externos e como elas cuidam das mais novas transferindo nutrientes pelas raízes e se comunicam por vibrações de folhas.
“Ah, mas é só ignorar esse estudo e seguir a vida, na prática nada muda!” Diz o fulano que nunca leu um texto meu aqui, convido-o gentilmente a lê-los. Você sabe que vira e mexe aparece uns pesquisadores procurando o gene da homossexualidade também, não? Ah! Nos EUA já conseguiram fazer uma terapia de edição genética para reverter uma mutação genética grave em um bebê (que tinha um problema com o metabolismo de proteínas, etc). Agora ligue todos esses pontos e pense em algo mais para frente, já assisti e li muito X-men.
“Hummm… Ok… Mas mesmo assim eu super apoio! Só assim para evitar os charlatões!” Diz o mesmo fulano seguindo sua dieta só de carne e barra de manteiga, suando gordura por que o influencer de livros de auto-ajuda falou que isso aumenta a testosterona e é a dieta natural do ser humano.
Além disso, não é a primeira vez e provavelmente não será a última que tentarão provar cientificamente de alguma maneira a mediunidade. Além claro de diversos programas de TV onde ou são conduzidos por médiuns ou eles são a atração, como no reality Paranormais, da emissora SBT. Ser o “diferente” sempre vai fazer você ser o “freak show” a matéria de estudo, de curiosidade.
“Ain, mas como eu vou saber então se a pessoa é séria?” Conhecendo. Você contrata uma pessoa pelo exame de sangue ou currículo? Permanece com os serviços dela pelo currículo ou pelos resultados? Por isso volto lá no começo do texto, validação de uma comunidade, trabalho e estudo. Grupos sérios sabem como testar, trabalhar e evoluir as pessoas que trabalham lá e cabe a você observar a pessoa e o lugar para saber se é séria ou não e se é o seu tipo de trabalho ou não. Mesmo assim, você vai encontrar picaretas, com ou sem “diploma”.
Ia finalizar falando que não se deve julgar a mediunidade de ninguém… Mas já julgando: incorporação sem espírito como roda por aí é só exercício de teatro e entidade fazendo live eu considero balela. Julgo mesmo.
Foto de Pavel Danilyuk