Recebi algumas mensagens perguntando qual era o filme que marcou minha vida. Bom, a primeira vez que fui ao cinema era muito criança. Lembro como se fosse ontem, fomos eu, minha irmã e meu pai ver “Branca de Neve e os Sete Anões”. Foi a partir daquele momento que meu mundo da “tela gigante” fez meu coração bater mais forte. A cinematografia nunca mais saiu de mim.
Na minha adolescência diversas locadoras tinham promoções de cinco fitas – cinco dias – R$ 10,00. Nossa, era meu paraíso, ficava ansiosa toda semana esperando meu pai falar a palavrinha mágica: “vamos à locadora?!”. Meus olhos brilhavam naquele mundo cercado por uma infinidade de títulos, além, de poder alugar cinco fitas só para mim. Pensa numa felicidade?! Minha única tarefa era lembrar de rebobiná-las para não pagar multa.
O tempo foi passando e cada vez mais voltava carregada de filmes, chegava assistir os cinco num final de semana. Tinha sonho de trabalhar em locadoras. Tempos depois fiquei intrigada com aquela porta nos fundos das locadoras com a frase: filmes para adultos. Curiosa que sou não via à hora de fazer dezoito anos para entrar ali, que filmes poderiam ser mais proibidos que filmes de guerra ou terror?! Sempre muito esperta desde cedo, logo descobri quais filmes estavam guardados ali, protegidos como num cofre (risos).
Assistia filmes com a família, amigos e muitas vezes sozinha. Sempre gostei de filmes que a maioria não curtia muito. Filmes cult eram meus preferidos, acho que até hoje. Sempre fui na contramão da galera. Lembro da comoção em massa quando estreou Titanic, eu já sabia que não correria para assistir, pois, já tinha lido o livro sobre o acidente e não tinha gostado nada de terem romantizado uma tragédia.
E olha como as coisas caminham interligadas, na época que cursei o ensino superior, minha faculdade dava duas formações e uma delas foi de criação de roteiro para cinema, novela e teatro. Cursei dois anos de roteiro durante o curso de jornalismo. Foi neste momento que enlouqueci de vez. Tive um orgasmo cinematográfico quando conheci os irmãos Lumière, Godard e Méliès (choro só de olhar o cartaz da “Viagem à Lua”). Parecia doentio, mas me apaixonava cada vez mais.
Ah, e o encanto do cinema mudo que Chaplin fez impecavelmente. Passava horas no escuro em preto e branco, acho que a única coisa que brilhava era o segredo dos meus olhos. Encantei-me com Gance, Epstein, Dulac, Wiene, Lang, Buñuel, Welles, Bergman e Eisenstein com seu “O Encouraçado Potemkin”.
Fiquei fascinada com o beijo de Greta Garbo e as danças de Fred Astaire e Ginger Rogers. E foram surgindo outras paixões: Kubrick, Hitchcock, Copolla, Woody Allen, Tim Burton, Scorsese, Tarantino, Spielberg, Malick, James Cameron, Fellini, Almodóvar, Truffaut, Kurosawa, Bertolucci, Lars von Trier, Lynch, Padilha, Bruno Barreto, Salles, Glauber Rocha, Babenco, Fernando Meirelles e outras dezenas deles.
Ficaria horas falando sobre isso por aqui, mas realmente o bichinho do cinema me picou. Sou apaixonadíssima por esse mundinho, me emociono, dou risada, fico intrigada, irritada, arrepiada, encantada, com medo, choro horrores, me descabelo. Assisto de tudo, dou dicas, indico, critico. Cinema é isso!
Respondendo o questionamento inicial, vários filmes me marcaram, mas o filme que sem sombra de dúvida posso considerar como o filme da minha vida é o CINEMA PARADISO. Filme de Giuseppe Tornatore, premiadíssimo, trilha sonora e fotografia de tirar o fôlego. Claro, que comprei a versão original de cinema e ele está muito bem guardado. Não vendo por nenhum valor, o valor que este filme remete a mim é imensurável.
Acho que vou revê-lo e me afogar em lágrimas, como todas as vezes que perdi as contas, assistindo.
Até a próxima semana!
Para ver mais textos de Daniela Houck, confira sua coluna Café com Respeito!
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