Ouvimos muito falar sobre masculinidade, produtividade, relações, famílias, religiosidade e pessoas tóxicas. Inclusive escrevi textos na minha coluna sobre a toxidade das redes sociais e produtividade tóxica, vale conferir!
Hoje vou falar sobre feminilidade tóxica e suas armadilhas. Milhares de mulheres estão presas neste conceito totalmente construído pela sociedade machista e opressora. Será que precisamos estar o tempo todo preocupadas excessivamente com a nossa imagem?! Não! É saudável nos cuidarmos, mas até que ponto esse exagero é sadio?! A feminilidade tóxica, constrange, adoece, aprisiona e castiga.
Afinal o que é ser feminina?! Ser feminina para mim vai muito além de roupa ou estética. Muitas pessoas acreditam que mulheres com cabelos curtos, cortes radicais, coloridos ou aquelas que assumem seus grisalhos são menos femininas. Outras te julgam pelo simples fato de não estar com as unhas pintadas vinte quatro horas. Mas, já parou para pensar que existem centenas de mulheres que desenvolveram algum tipo de alergia e NÃO podem pintar as unhas e até mesmo o cabelo?! Elas existem!
E aquelas que estão lutando para vencer o câncer e precisam raspar a cabeça?! Deixaram de ser femininas?! Não! Pasme, existem homens que se separam daquelas que precisaram retirar as mamas. Absurdo, né?! Aliás, o silicone foi criado justamente para que essas mulheres se sentissem um pouco melhores após passar por esse processo delicado da doença. Só que virou essa busca desenfreada por silicones e cirurgias estéticas de todos os tipos – a doença do século.
Não é só homem nocivo que pensa assim, existem dezenas de mulheres que acreditam nessa “teoria” e tornaram-se escravas da beleza. Quem disse que não existem mulheres femininas e sensuais fora dos padrões estabelecidos pelo machismo?!
Não sou contra pequenos procedimentos ou procedimentos reparadores. Eu, particularmente não faria, pelo menos até o momento não sinto necessidade. Tenho pavor de ficar com a cara da Donatella Versace. Sempre fugi desses padrões impostos. Se hoje aparento ser mais nova, com toda certeza, foi por causa de alguns cuidados básicos que sempre tive – nunca tomar sol sem protetor solar, não usar maquiagem diariamente e quando precisar, jamais dormir sem retirá-la por completo.
Quer saber se a sua feminilidade já se contaminou por essa toxidade?! Preste atenção nessas imposições: você já deixou de ir à praia, piscina ou encontros amorosos se não estiver devidamente depilada; vestiu roupas sensuais apenas buscando aprovação e atrair olhares; fez procedimentos estéticos por pressão de alguém; não se impôs no ambiente de trabalho por medo de desaprovação; precisou estar sempre com as unhas e cabelo pintado para evitar julgamentos; tem medo de cortar o cabelo curtinho ou radicalizar por medo de te acharem menos feminina; só saiu de casa se estivesse devidamente maquiada. Tudo isso é prejudicial para nossa saúde mental.
Segundo a historiadora e estudiosa da beleza, Luciana de Almeida: “As redes sociais nos coagem a sempre maximizar o que é belo o tempo inteiro” e “A sensação é de que os filtros do Instagram roubaram os nossos rostos”. Concordo plenamente com ela. Existem mulheres tatuadas, que trocam salto alto por tênis, não gostam de saias/vestidos, gostam de esportes radicais, futebol, MMA, são cervejeiras, apreciam whisky, charuto, falam palavrão, não gostam de flores, cor-de-rosa, entre muitas outras coisas – e continuam FEMININAS.
Ser feminina não significa ser perfeita. Faça as pazes com o espelho e liberte-se!