Ontem preparei o almoço de dia dos pais já sabendo que não o encontraria. Fiz uma moqueca, caipirinha de limão com hortelã e a sua sobremesa preferida – quindim. Foi uma maneira de tê-lo por perto. Afinal, comida também é afeto. Neste momento em que estamos vivendo a ausência se faz necessária e é um ato de amor que infelizmente muitos jamais entenderão o significado. Escolhemos manter o distanciamento para protegê-los. A apresentadora e modelo Fernanda Lima relatou numa entrevista que o pai não acreditava na gravidade do coronavírus, por isso contraiu a doença e acabou falecendo. “Cuidem-se e cuidem dos seus pais. Eles devem estar confusos com tanta notícia falsa e não querem ser interrompidos em suas liberdades. Quem puder fique em casa mais um pouco e, se não puder, use máscara. Logo mais estaremos livres e aglomerados”, concluiu Fernanda Lima em suas redes sociais.
E quantos filhos gostariam de estar comemorando esta data com seus respectivos pais?! Milhares! E muitos não podem porque eles não estão mais aqui entre nós. Portanto, cuide dos vossos enquanto podem. Dói não poder estarmos juntos agora, mas melhor assim.
Hoje, milhões de crianças não têm o nome do pai na certidão de nascimento porque foram rejeitadas, abandonadas ou ignoradas. Sem contar os pais que estupram ou matam seus próprios filhos. É por isso que digo: consanguíneos é algo muito relativo, nem sempre o ambiente familiar é saudável, pois existem dezenas de famílias tóxicas e perigosas. Família é aquela que construímos ao longo da vida.
Crianças são abandonas por casais heterossexuais, mas vejo que o problema maior não está no abandono e sim na adoção. Sim, pasmem! Ainda mais se a adoção for feita por casais homossexuais. Para uma sociedade doente é melhor a criança “apodrecer” num orfanato do que ser adotada por homossexuais. Quanta hipocrisia, né?! Vamos aos números, segundo o CNCA (Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos) existem 44 mil crianças e adolescentes vivendo em abrigos no Brasil. Triste realidade! Nem todos estão preparados, mas se puder, adote!
Sou filha de um pai muito presente e um avô totalmente ausente, mas o fato do meu pai ter sido abandonado enquanto criança o fez ser o melhor pai do mundo. Sempre lutou por nós e nunca nos abandonou. Me ensinou a jogar xadrez e a fazer os papagaios (pipas) mais bonitos da década de 80/90, me ensinou que música boa eram aquelas dos anos 70 em diante. Foi através dele que conheci a música erudita, passávamos horas escutando os vinis. Depois me fez admirar o seu maior ídolo musical: Sir. Elton John.
Conheci meu avô paterno por volta dos treze anos. Depois de vinte e cinco anos sem meu pai saber o paradeiro dele, o destino fez com que eles se encontrassem na porta de um centro kardecista. Trocaram algumas palavras e combinaram dele conhecer os netos (no caso eu e meus irmãos). Foi uma visita rápida, mas nunca esqueci aqueles olhos verdes. Tempos depois ele faleceu.
Existem pais que criam filhos sozinhos, pais de pets, pães (mães que são pais), pais transexuais, bissexuais, homossexuais, padrastos, pais adotivos. O que todos eles têm em comum?! São pais! Pai é quem cria e a paternidade não é para covardes. Qualquer um pode dar amor, basta querer!
Feliz dia dos pais todos os dias!
Para ver mais textos de Daniela Houck, confira sua coluna Café com Respeito!
Foto de Josh Willink no Pexels
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