Enfim pais…

Imagem do filme Patrick 1,5 na cena em que os pais recebem a confirmação da adoção

“Quando vocês farão uma barriga de aluguel ou adotarão uma criança?” Essa é uma das perguntas com tom de cobrança que mais temos que responder desde que nós nos casamos em 2015. E a nossa resposta vai sempre de encontro ao que pensamos: ainda não é o nosso momento.

Ter um filho requer um preparo do casal, não é simplesmente o ato em si de formar uma família, mas é estar preparado para amar, educar e prover o necessário para a criança. Para se adotar um bichinho de estimação é necessário planejamento, imagina só para ser responsável por outro ser humano?! Além de tudo existe toda a lentidão e burocracia do serviço de adoção no Brasil, como todas as outras coisas por aqui.

Foi pensando nesse assunto que me veio a ideia de comentar com vocês aqui hoje sobre um filme cujo enredo fala exatamente sobre adoção por um casal homossexual: Patrick 1,5!!!

O filme sueco lançado em 2010 é um emaranhado de clichês que ao final nos damos conta de que deram certo ao serem utilizados. Fórmula Hollywood de comédia romântica com pitadas de dramaticidade. Não, não é nada piegas e chega a encher os olhos de otimismo ao final.

Somos apresentados ao casal Göran Skoogh(Gustaf Skarsgård) e Sven (Torkel Petersson), que acabaram de se mudar para um daqueles típicos bairros de subúrbio aonde todo mundo finge uma certa simpatia para esconder os seus pensamentos homofóbicos e preconceituosos e ficar cuidando da vida alheia. Goran nos apresenta uma urgência em constituir uma família com filhos ao lado do seu marido Sven, que já de cara demonstra uma aparente relutância com a adoção, uma vez que já é pai de uma adolescente que mora com a ex-esposa. Certo dia Goran é convocado pelo serviço de adoção que apresenta a ficha de um menino chamado Patrik, de 1 ano e cinco meses (1,5 do título). A alegria dá lugar ao desespero quando se descobre que houve um erro de digitação na ficha e eles acabam por adotar um adolescente de 15 anos.

Você deve estar se perguntando o que mais poderia dar errado nesse momento, não é mesmo?  Vamos a uma lista delas?

Patrick é o típico adolescente rebelde, com passagem em reformatórios por pequenos crimes e extremamente homofóbico. Já é o suficiente? Ainda não???  A relação do casal, devido a isso, começa a ruir ou simplesmente demonstra que as estruturas não estavam tão fortes o suficiente para a “construção da vida familiar.”

Vamos acompanhando aí todo um processo de transformação dos personagens, afinal de contas, Patrick nada mais é do que uma vítima da sociedade.  Mais uma criança abandonada que foi pulando de lar em lar sem a chance de ser amada e cuidada. Sua agressividade é um mecanismo de defesa. Temos alí então Goran e sua necessidade de ser um pai para alguém e Patrick em ser um filho, mesmo que tardiamente. O filme mostra toda a complexidade das relações humanas num parâmetro geral da vida em sociedade.

O filme foi baseado numa peça teatral escrita por Michael Druker e adaptada pela própria Diretora Lemhagen. Recebeu merecidamente o prêmio de Melhor Filme no 33º San Francisco International LGBT Film Festival, de 2009.

E antes que eu me esqueça: preste atenção na canção Here You Come Again interpretada por Dolly Parton. Simplesmente linda, brega e inesquecível.

Dedico a minha sinopse de hoje aos meus amigos e ex-alunos, Lucas e Henrique, que conseguiram nesse ano de 2020 realizar o sonho da adoção, não de apenas uma criança, mas de três irmãos. Que o amor seja sempre o caminho a ser seguido.

Ficha Técnica: Patrick 1,5 (“Patrik Age 1.5”)

Ano de lançamento: (2009)
Direção: Ella Lemhagen
Roteiristas: Michael Druker e Ella Lemhagen.
Elenco: Torkel Peterson, Gustaf Skarsgard e Thomas Ljungman.
Duração: 103 minutos.







Por Alexandre Stábile
para a coluna Meu Mundo na Tela.

Respostas de 2

  1. Ai, Alê, não conhecia esse filme não, mas o enredo me encantou e,com certeza , irei assistir. São nos desafios que enxergamos o outro e a nós mesmo pq quando tudo está linear estamos na nossa zona de conforto. O tempo passa, mudamos tanto,não é mesmo? Construímos e desconstruimos o modo de pensar e agir, o modo de lidar perante aos obstáculos e assim vamos crescendo. Bjus e,mais uma vez , amei! PARABÉNS, meu amigo.

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