Crítica da desrazão violenta

Samuel Pufendorf (1632-1694), importante intelectual contratualista, nos alerta sobre os desafios da convivência em sociedade. O filósofo acreditava que a comunidade dos homens era fundamental, na medida em que o homem só é mudo, e depende de um autoabastecimento rudimentar. Logo, ele acreditava que por não sermos os mais aptos para nadar, correr ou voar, nossa maior chance seria a vida em coletividade. Pois, vivendo juntos, em bandos, teríamos mais chances de sobreviver frente aos predadores.

Tudo seria perfeito, vivendo em harmonia, tal como a animação infantil. Porém, não é o que ocorre. Na mesma medida, Pufendorf revela um problema: os homens são mais capazes de causar mal uns aos outros do que as feras. O que isso significa? Que apesar de precisar, em nome da sobrevivência, viver em coletividade, nós não temos receio em agredir, atacar, depredar ou vandalizar terceiros quando, por algum motivo, acredita-se que deva ser feito. Isso é crime, pessoal!

Ou seja, é um paradoxo, nós precisamos – somos obrigados – conviver juntos. Contudo, não suportamos uns aos outros! Que coisa. Infelizmente, vemos isso em casa, nas difíceis relações domésticas; no trabalho, frente aos colegas que parecem nos odiar simplesmente por existirmos; na rua, por não atendermos as expectativas – e fetiches – de terceiros.

Dentro do próprio meio LGBTQIAPN+ há rupturas e desacordos. Mas, é preciso entender a importância da boa convivência e da união, principalmente, frente às agressões e violências diárias que a comunidade sofre. Lembre-se que a justiça é lenta… E quando Inês é morta…. Pouco se pode fazer!

Mediante um mudo tão desarrazoado, o que podemos fazer? Podemos fazer toda a diferença, nos unindo:

Vai sair sozinho? Informe aos seus amigos para onde vai… que horas pretende voltar… E avise aos mesmos que tudo ocorreu de acordo, ao voltar para casa.

Pretende encontrar alguém? Não saia de casa sem ter certeza sobre quem é a pessoa, onde será o encontro – preferencialmente em local público. Percebeu diferenças entre a conversa e a figura, ali na sua frente? Siga outro caminho.

Vai deixar os amigos na festa e sair acompanhado? Apresente o dito cujo aos amigos, deixe eles conversarem um pouco. Daí, você zarpa para seu encontro.

Para os amigos… Seja cordial. Seja parceiro! Se você acredita que seu amigo vai entrar numa enrascada, alerte-o… Se ele bebeu um pouco a mais, não deixe ele sair – depois, no dia seguinte, você briga e reclama. Mas, proteja-o, antes. Mande mensagem no dia seguinte para saber se ele está OK. Não precisamos nos maltratar, já existe uma homotransfobia terrível matando a cada dia. Devemos nos proteger!

Foto de capa por Aline Viana Prado de Pexels.

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