Tentar fazer algo novo é um desafio, não só porque muitas vezes não fazemos ideia de como começar e normalmente não temos habilidade suficiente para os novos desafios, mas também porque desbravar algo que você nunca fez pode gerar muita ansiedade. Mas vale a pena tentar. É por isso que estou aqui, fazendo algo novo.
Mas, antes de tudo, as apresentações. Olá, me chamo Mikael, mas podem me chamar de Pato. Eu sou psicólogo, autista, gordo, que se identifica como demi-homem, ótimo em fazer piadas muito ruins e com um bando de conhecimento sobre diversos assuntos. E por saber muitos assuntos que meu marido disse para começar a escrever. E bem, estou aqui fazendo algo consideravelmente novo para mim, por isso achei que trazer esse tema uma boa ideia. E vamos entrar nesse tema com uma pergunta importante:
Quando foi a última vez que você fez algo novo?
Para um bebê, tudo é novidade. Cada dia é uma experiência nova. Até mesmo um toque ou um som qualquer é algo que nunca tinha sido vivido. Mas a gente vai crescendo e tudo em nossa volta se torna cada vez mais comum. Temos nosso primeiro amor, que nos marca (nem sempre de forma positiva), nosso primeiro dia na escola ou no trabalho, nossa primeira vez experimentando um sabor de sorvete super diferente. E essas coisas acabam se tornando rotina. Comidas que comemos todo dia, pessoas que encontramos sempre, as piadas que se tornam comuns, os remédios que passamos a tomar diariamente. Tudo se torna previsível e automático até. Isso faz parte de amadurecer também.
Mas ficar preso em uma rotina, sem novidades, não é nada saudável. Ao realizarmos uma nova experiência, o nosso cérebro é estimulado, ele vai criar novas ligações para lidar com as novas memórias e novos desafios. Jean Piaget, um médico que tem enorme relevância nos estudos sobre a aprendizagem, apresentou para a gente um esquema sobre como aprendemos: quando entramos em contato com algo novo, nós entramos em um estado de desequilíbrio, ficamos sem saber como lidar com aquela informação. A partir desse desequilíbrio, nosso cognitivo passa a trabalhar para encontrar formas de acomodar aquilo que experenciamos dentro do que já temos de conhecimento. Esse processo exige que a gente repense sobre o que conhecemos. Quando esse processo termina, termos como resultado um novo conhecimento. Ou seja, para a gente desenvolver, a gente precisa de passar por essa angustia que a novidade nos traz.
E estimular todo esse processo é extremamente importante para nossa vida. Aprender é uma ótima forma de prevenir e retardar casos de demências como o Alzheimer (odeio essa palavra, sempre esqueço de como escreve kkkkk). Também é um ótimo caminho para a gente entender quem somos, quais são nossos gostos, limites e potenciais. Também nos dar oportunidade de revisitarmos o passado, como por exemplo, questionar se eu realmente sou tão ruim quanto eu achei que era (eu estou passando por isso agora, enfrentando minha angustia de escrever). E, por fim, faz com que a gente tenha novos olhares sobre nossa realidade, percebendo que ela é bem mais complexa que imaginávamos.
Com isso, acho que fica claro o que eu quero passar: Tentem coisas novas. Busquem outros pontos de vista. Façam novos hobbies. Leiam coisas novas. Escutem pessoas diferentes. Não é uma tarefa fácil e você nem precisa de ser bom em tudo que tenta (falhar é importante também), mas vale a pena fazer isso, pela saúde de vocês.
Imagem de capa por Stas Knop de Pexels