Raphaelly Bueno |
Que os Jogos Comecem!
Jogos vorazes é um livro sobre um país futurista situado na antiga América do Norte, Panem, dividido em 12 Distritos e uma Capital que governa com mãos de ferro. Uma das formas de demonstrar seu poder são os chamados Jogos Vorazes. Cada distrito fornece um menino e uma menina, com idade entre 12 à 18 anos, como tributos para os jogos. O objetivo é a luta pela sobrevivência e ganha o único a sobreviver.
Parece que o estado de São Paulo se tornou a arena desses jogos, não se pode caminhar por suas ruas sem correr o risco de sua vida ser ameaçada, é uma busca por liberdade que cada vez mais é restringida pelo medo, pela insegurança e pela intolerância, um mal da sociedade moderna que, infelizmente, não consegue entender a diversidade cultural como algo comum no ser humano.
Os constantes ataques a gays em São Paulo (embora seja em escala nacional) condicionaram a uma situação que remete a estória escrita por Suzane Collins, onde se formam grupos para sobreviver por mais tempo nos jogos, os jovens andam em grupos para inibirem e ou para se defender de possíveis ataques, num acordo tácito. O engraçado é que a sociedade vem assistindo a isso impune; Diariamente vemos na TV estes casos e nada muda, nem em longo prazo e, aqui mostro uma visão pessimista do futuro da humanidade.
Mais engraçado ainda é que recentemente houve o tão esperado, o tão polêmico beijo gay em uma novela das nove da emissora Rede Globo, em que a repercussão foi positiva, sendo aceito pela sociedade, vê se então que a vida não imita a arte ou isto inconscientemente desencadeou uma onda de ódio aos gays, pois o que acontece é que a sociedade ainda não aceita a comunidade LGBT, não em sua totalidade. Isto ficou claro na matéria realizada pelo portal Igay no dia 30 de Janeiro, em teste casais gays foram levados ao centro de São Paulo, onde protagonizaram cenas de beijo em público, as reações foram de caretas às ofensas e piadas preconceituosas. Ou seja, muita coisa precisa mudar e a sociedade caminha a passos lentíssimos e a hipocrisia ainda continua sendo um dos piores males que acometem as pessoas.
De tudo isso tenho a forte sensação de estar na arena dos Jogos, preciso sobreviver aos ataques que vem de todos os lados, sobreviver às pessoas que querem me vencer, sobreviver a força de um Estado omisso que não garante o direito mais básico do cidadão: a Liberdade, de expressão, de ir e vir, religiosa, cultural etc. Um Estado omisso impossibilita o que há de mais natural: viver, e isso é preciso.
Então, como nos livros espero que haja esperança e que no final, tudo o que ocorreu, seja uma lembrança dolorosa, mas de aprendizado para as gerações futuras e nestes jogos, não basta ser apenas mais uma peça, se tornar um mártir (como tantos), é preciso sobreviver.