Coluna Dazamiga

Erica Naomi

Pai

Olá! Espero que estejam bem e tenham aproveitado julho, em ritmo de final de Copa do Mundo e férias (para quem pôde usufruir).

O Dia dos Pais foi criado por uma americana que queria homenagear seu pai – que se encontrava noutra cidade – mandando-lhe um cartão de agradecimento. E vou falar sobre o meu pai – tarefa de reflexão e emoção. Peço-lhes desculpas caso o texto saia prolixo.

Cheguei à vida dos meus pais após um período de perdas por que eles haviam passado. A minha vinda foi muito esperada e comemorada.

Eu e meu irmão convivemos com um homem que fez jus ao título de pai. E isso conforta o meu coração. Tenho boas lembranças: dele cuidando de nós, lavando fraldas, dedicando-nos parte de seu tempo de descanso.


No dia em que foi nos buscar – ainda na pré-escola – o que era raro, em razão do trabalho dele, eu e meu irmão éramos as crianças mais felizes da Terra! Levou-nos ao parque e nos observava a brincar: coisas de pai coruja babando pelos filhotes.

Em fase escolar, “odiava”-o por me fazer estudar, aos sábados, tabuada (como era desgastante! Hoje, agradeço). No dia em que me irritei, só o ouvi dizer: “Parabéns! Agora, você aprendeu!”.

Houve um incidente no meio do caminho, mas, mesmo tendo prejuízo financeiro vultoso, não nos desamparou; pelo contrário: trabalhava muito mais, para minimizar a perda. Ergueu a cabeça, arregaçou as mangas e continuou na luta: materialmente, a situação era estável – nada nos faltava, mas não havia muita reserva. As noites eram sempre esperadas: quando o víamos descendo a rua, corríamos ao seu encontro, para dar-lhe as mãos e aproveitar sua companhia.

Mesmo lacônico, reservado, dirigia-se a nós quando minha mãe não conseguia contornar situações. Características típicas do japonês.

Acompanhou-me até o final da vida acadêmica. Deu-me um senhor puxão de orelhas quando falei que levaria uma matéria a mais para o último ano do curso. E os nossos sábados eram sagrados: após um longo dia na faculdade, fazia questão de chegar logo em casa, para jantarmos juntos e trocar figurinhas acerca das leituras semanais – ele, eu e minha mãe. Isso só ratificou minha paixão por conhecimentos gerais e viagens.

Final de curso, faculdade concluída. Após a colação de grau, fui para casa comemorar este momento especial. Família, pizza e abraço dele – que me desmontou por inteiro. O mérito foi muito mais dele.

E, há pouco mais de 10 anos, ele partiu. Cumpriu sua missão com muita maestria e competência.

Sou privilegiada por ter tido um referencial masculino muito rico, forte e marcante: transmitiu-me valores, amor, base sólida de Vida. Alguém que me ensinou a ser paciente, tolerante, um pouco perfeccionista e exigente, sem deixar que isso se tornasse obsessão.

Ao meu Pai, onde quer que ele esteja,

A todos os Pais,

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