Verão. Meia noite. Maria Alice sentou-se em frente ao mar para apreciar a lua cheia que ofuscava em seus olhos. Enquanto refletia sobre a vida, desejava os lábios de Eduarda. O som das ondas e o calor do desejo lhe rasgavam por dentro. A cada novo pensamento seu corpo entrava em chamas e Maria Alice molhada entrou em colapso. Só lhe restava banhar-se naquelas águas salgadas para conter toda aquela excitação. Tirou o vestido leve que cobria seu corpo e caminhou até o mar. Entrou na água que estava tão quente quanto a sua vulva e fechou os olhos.
Maria Alice imediatamente sentiu as mãos de Eduarda por entre suas pernas tocando-lhe suavemente. Um cheiro adocicado pairou no ar. Seus batimentos cardíacos aumentavam a cada toque e a sua respiração cada vez mais ofegante quase a fez desmaiar. Nesse momento, a boca de Eduarda toca delicadamente os lábios de Maria Alice que a faz contar metade das estrelas que iluminavam o céu daquela noite mágica.
Abraçadas, beijaram-se apaixonadamente por entre as ondas, seus corpos colados de desejo imploravam amor. Saíram do mar de mãos dadas e deitaram na areia sob o vestido de Maria Alice. Não havia mais ninguém naquela praia, somente elas e a luz do luar.
Os olhares se cruzavam a cada movimento, seus corpos dançavam sincronicamente. Maria Alice entrava em êxtase todas às vezes que Eduarda jogava seus cabelos longos de lado e apertava suas mãos contra a areia. Eduarda sabia provocar Maria Alice que se entregava de corpo e alma.
Para Eduarda era um tipo de dança proibida e só realizava esta “dança” com Maria Alice, mas ela estava lá na intenção de acalmar seu coração. Eram cúmplices de um amor puro que as alimentavam há alguns meses. Durante todo verão, passavam horas naquele lugar deserto todas as noites. Quase sempre viam o sol nascer abraçadas em silêncio, exaustas.
Na realidade, Eduarda tinha medo desse sentimento novo que tomava conta dela desde a primeira troca de olhares. Ficou encantada com o sorriso daquela mulher misteriosa, mas ela não sabia como agir, só se entregar. Maria Alice já estava acostumada a ter seu coração despedaçado por dezenas de mulheres, mas não imaginaria viver sem o calor e a sensualidade de Eduarda.
Era tanto desejo entre ambas, que pareciam um tsunami. Poseidon e Iemanjá sabiam de tudo. O ritual tinha uma mistura de toques, cheiros, beijos, abraços, carinho, pegadas, risadas. Duas mulheres fortes e independentes que sabiam exatamente o que procuravam. Maria Alice era mais contida, mas nos braços de Eduarda tinha uma pitada de safadeza. Eduarda era um vulcão em erupção, decidida, impetuosa. Uma completava a outra.
Encontraram-se pontualmente todas as noites daquele verão, até que um dia Eduarda não apareceu. Maria Alice nunca soube o motivo. Ao acordar, enquanto preparava o café pode sentir o cheiro do perfume de Eduarda e o toque da sua pele macia ainda estava no seu corpo. Maria Alice sorriu e continuou tomando seu café lentamente, acreditando que em algum momento Eduarda retornaria em seus sonhos novamente. Quem sabe no próximo verão. Ela preferiu beijar o mar, por medo de amar.
Para ver mais textos de Daniela Houck, confira sua coluna Café com Respeito!
Imagem de Pexels por Pixabay
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Respostas de 8
Pra ler, esquecer da rotina do dia e lembrar que podemos viver a vida de forma mais intensa, livre e despretensiosa. Precisamos de mais leveza! Adorei!
Disse tudo! Muito obrigada pela leitura! Bj
Muito bom!!!
Olá, muito obrigada pela leitura! Abraço
Muito obrigada pela leitura! Abraço
Que lindo!
Olá, muito obrigada pela leitura! Abraço
Muito obrigada! Bj