Eu sempre tive problemas para entender algumas normas sociais, principalmente relacionadas à vestimentas e postura, sendo muito comum me sentir bem deslocada até entender algum ambiente novo. Postura então? Nem se fale, estou neste exato momento parecendo o Gollum na cadeira escrevendo este texto. Meu prestar atenção não é te encarar, meu processamento de informação muitas vezes vem acompanhado de fazer pequenas coisas ao mesmo tempo. Tudo isso é possível controlar, claro, mas é extremamente cansativo e quanto mais cansada vou ficando mais difícil vai se tornando. Então me afasto, para entender a situação de longe e reorganizar a cabeça.
Sou a típica esquisita socialmente.
Já minha agenda é uma organização só, tudo extremamente cronometrado, pronto para me dar uma crise de ansiedade caso não siga a risca, mas se não for assim, é pior. Dessa forma eu consigo olhar, riscar, e fazer as substituições necessárias durante o dia. Para você que vê de fora, é tudo uma bagunça só, mas por favor, nunca arrume ela, as coisas estão onde precisam estar naquele momento. Arrumá-las da sua maneira só irá bagunçar minha cabeça.
Dito isso, concluo que sempre fui extremamente metódica, mesmo que para você não seja. Mesmo sendo metódica, eu tenho dificuldade para coisas básicas como, comer, cuidar do meu altar e regar as plantas. Então essas coisas tem que estar na agenda. (risada)
Por exemplo, fui entender como funciona uma agenda e como se estuda após terminar a faculdade, pois meus métodos são outros, mesmo assim sempre consegui ser alguém na média.
Agora é o momento onde você se pergunta: Onde você quer chegar com isso?
Bem, não sei.
Talvez seja por achar que nosso mundo prioriza muito a Ordem, mas esquece que a Ordem de um é o Caos de outro e vice-versa. Um mundo que teme tanto o Caos que somos ensinados a fugir dele e não a dançar com ele.
Não é segredo para quem me acompanha aqui que gosto muito da deusa irlandesa Badb, o caos, o pavor, da batalha e quanto mais me aproximo dela, mais o Caos fica evidente, mais as coisas mudam de forma rápida, mais eu tenho que lidar com mil corvos gritando na minha cabeça e mais eu percebo que ela sempre indica os caminhos mais curtos da jornada, não os mais fáceis.
Sou uma boa dançarina do Caos? Não. Estou perto de ser? É como se dez anos de prática fossem o equivalente a um minuto de aprendizagem, mas em uma meditação uma vez Mórrigan, a general, a Ordem, irmã gêmea de Badb me disse:
“Não é por que Badb domina o andar pelo Caos, que ela sabe como se faz, só passou por mais caminhos dentro dele. Ninguém SABE, nem eu, nem ela, como se faz e seria muita pretensão de vocês acharem que conseguem”.
E então Badb disse:
“Deixe o caos fluir, se tentar controlá-lo você enlouquece”.
Então continuamos dançando esta música que a cada segundo muda seu compasso para um dia, quando estivermos cansados nos afastarmos para entender a situação de longe e reorganizar nossas cabeças.
Foto de capa por Mikhail Nilov de Pexels.
Uma resposta
Adorei a crônica. Esse caos, que parece uma fraqueza, pode ser nossa força. Valeu! Uma reflexão muito boa e com um exemplo vivo da realidade de Renata CB Lzz.