Vai me dizer que tu nunca imaginou que poderia transar dentro de um fusca, tendo 1,81, e ainda perceber que suas dobrinhas se encaixavam perfeitamente com as da/do parceira/o e que no calor do momento nem você e nem a/o outra/o repararam nelas?
Ou então, daquelas vezes que o melhor sexo aconteceu sem ter tido antes aquela “batidinha da gilete” no azulejo do banheiro? Pois é!
E o que pretendo evocar em você é que o sexo possuí sua própria performance, que poucas ou raras vezes corresponde a idealização de corpos e cenários maravilhosos ou instigantes. Na maior parte das vezes transamos nos lugares mais inesperados ou nos lugares mais cotidianizados possíveis.
Há uma grande armadilha em querer fazer um sexo performático. Contudo, realizar o mesmo não é a questão, mas sim: por qual motivo? Quem nossos corpos estão servindo? Foucault (e não estou invocando seu nome em vão, só para deixar essa questão com um ar intelectualizado) em suas obras trouxe a ideia do vigiar e punir (comparando-a com a arquitetura panóptica) que teve como consequência a docilização dos corpos, que serviria muito bem para atender os ideais industriais da nova sociedade. Afinal, é mais fácil dominar corpos dóceis do que corpos rebeldes.
Nessa lógica, a religião judaico-cristã na qual nós ocidentais somos herdeiros, permeou por muito tempo com quem e como deveríamos transar: sexo performático. E qualquer desvio dessa performance teria como consequência a fogueira ou forca. Depois a psiquiatria viria: manicômios.
E agora, no auge da liberdade sexual (será?) com toda uma indústria pornográfica, produtos de sexy shops, infindáveis sexólogos/as nas mídias, estudos científicos, pílulas disso e daquilo, será que gozamos como queremos?
Será que nos sentimos livres o suficientes para não ter que ser o famigerado corpo malhado capaz de dar/receber orgasmos quânticos que de algum modo reacenderia o bem estar que nos falta para seguir sem aposentadoria?
Quantas infelicidades e sofrimentos há em nós quando não correspondemos a essas expectativas?
Veja bem meu/minha leitora/o, esse é um texto inacabável, e gostaria muito de ouvir o que você tem a dizer e pensa sobre…
Para ver mais textos de Sérgio Lourenço, confira sua coluna Queer-se.
Foto de Ketut Subiyanto no Pexels
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Uma resposta
Já peguei taxis com motoristas que não davam “a entender” sentirem atração por mim, até com jeito mas largadao como se diz! Vinha do trabalho as 20h30 e passei no supermercado e comprei pão até que vindo pela calçada recebi “jogo de luz” e nem imaginaria qual taxista seria e, quando abriu a porta de trás veio a mim e abriu a camisa: peitoral todo peludo mais que o meu! Surpreso pelo galã e riu maroto depois de me perguntar: acabamos transando e demorado!