As transformações sociais pelas quais os países têm passado nas últimas décadas abrem um horizonte de possibilidades e corresponsabilidades das empresas que buscam ser socialmente responsáveis.
É nítido que nos dias atuais exigimos mais do que apenas bons produtos, baratos e práticos, exigimos na medida que podemos que estas empresas entreguem um benefício a sociedade e ao bem estar comum. Como agentes transformadores do meio em que estão inseridos, as organizações precisam compreender sua participação na construção de uma comunidade mais justa e inclusiva. Ser socialmente responsável, ser considerada uma empresa cidadã é mais do que apenas produzir e ter relações éticas com seu público e parceiros, tais atitudes é o que se espera de quaisquer organizações com ou sem fins lucrativos. É preciso que empresa possa usar sua estrutura e recursos, sua expertise de negócios para sanar um problema que afete direta ou indiretamente seu público e isso só traz benefícios a todos os envolvidos.
A empresa obtém com projetos sociais um posicionamento de imagem muito positivo perante seus clientes e potenciais clientes, os prospects. Além disso a participação de mindshare, que é a lembrança do consumidor com as marcas, é quase garantida. Muitos consumidores tornam-se fieis as marcas que eles sabem ser socialmente responsáveis e, para além disso, recomendação de cliente é o marketing mais eficaz. Com tudo isso o lucro de determinado produto daquela marca parece ser quase certo. Há pesquisas nos cenários organizacionais que revelam que funcionários vestem a camisa da organização e são mais produtivos quando têm a consciência de que trabalham em uma empresa envolvida com ações sociais. Há também pesquisas que revelam que tais empresas conseguem mais parceiros e investimentos de mercado.
Já o público alvo das campanhas e a sociedade em geral são beneficiados quando a empresa investe no bem social e resolve os problemas que existam naquela comunidade. Muitos exemplos de sucesso podem ser facilmente pesquisados na internet. E aqui podemos falar sobre o tema central deste artigo que é a inclusão de pessoas autistas no mercado de trabalho.
O autismo é um transtorno que afeta as áreas nobres do conhecimento como a comunicação e interação social. No entanto, estudos comprovam que pessoas com autismo conseguem se concentrar em uma única atividade de seu interesse obtendo muito sucesso nela, tornando-se um diferencial em atividades rotineiras. E por serem amigáveis a rotinas possuem menores taxas de atraso ou dispersão no trabalho. Por vezes superam as demais pessoas em tarefas auditivas e visuais sendo, portanto habilidades muito bem vindas no meio organizacional.
Embora não haja dados específicos, estima-se que pelo menos 2 milhões de pessoas vivam sobre o espectro autista. Há estimativas, ainda, que sugerem uma prevalência de 1 criança com autismo a cada 59 crianças. Em questões de gênero, são 4 meninos com autismo para cada 1 menina. Apenas no Estado de São Paulo são mais de 1.000 alunos com autismo matriculados em salas de aprendizado especializado.
Isto significa uma boa parcela de pessoas com autismo que provavelmente não estarão empregadas e, com isso, terão que viver de subsídio do Governo. Claro, que nem todos autistas serão capacitados para trabalhar devido a gravidade e incidência do transtorno em suas vidas, fato este que varia de caso a caso. Mas em muitos deles, considerados de alto grau de funcionalidade, são altamente capazes de trabalhar e viver em sociedade como qualquer outro cidadão, estudando e socializando, ainda que haja as dificuldades impostas pelo transtorno.
As empresas que conseguem compreender esta situação e através de parcerias com ONGS especializadas ou preparando um setor em sua empresa para lidar com este fato, conseguem capacitar autistas, oferecendo cursos profissionalizantes de acordo com os negócios em que a empresa atua, e incluindo em seus quadros de colaboradores terão, além dos benefícios acima já citados, funcionários altamente comprometidos.
As pessoas com TEA que são incluídas no mercado de trabalho, conquistam sua independência financeira e fortalecem sua autoestima e suas habilidades sociais que, durante anos de terapia, são postas em práticas.
Já ao governo cabe que os recursos que antes seriam destinados aos fins de benefícios sejam revertidos para o incentivo de pesquisas, estudos e políticas públicas para compreender o autismo e garantir que as pessoas com TEA continuem sendo inseridas no mercado de trabalho.
Não estamos falando de filantropia, todos os lados ganham com esta empreitada. Mas é preciso também frisar que se trata de garantir o direito destas pessoas. E neste sentido, nem empresa, nem governo, nem mesmo nós enquanto cidadãos, podemos nos eximir desta responsabilidade: a manutenção e o acesso aos direitos fundamentais de cada pessoa.
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Respostas de 6
Meu amigo, investir na potência de cada pessoa humana é investir na melhor riqueza de uma nação. Precisamos acordar para isso. Lindo texto.
Exatamente. É investimento no ser humano e isso é um direito fundamental! Obrigado pelo comentário!! ?
Texto super pertinente, pois a questão do Austimo é constantemente ignorada pelas empresas.
Sim. Há muita resistência das empresas quando falamos em autismo, isso se deve também a falta de conhecimento sobre o assunto. Mas vamos juntos desmistificando a questão! Obrigado pelo comentário ☺️
Raphaelly Bueno , Parabéns pela sua matéria …
Manter um olhar humanizado e garantir o direito destas pessoas é um passo importante ….. e trazer essa orientação compartilhando de forma acessível como a sua matéria por exemplo, desperta um olhar mais atento aos números de pessoas com TEA a serem inseridos ao mercado de trabalho e a vida social,E com essa atitude fortalece a troca de experiencias e a construção da relação de crescimentos para com todos.
É o que acredito! Obrigado pelo comentário. Tentarei trazer mais assuntos relevantes ❣️