Rafael Garcia |
Em noites de lua cheia eu sempre estava só.
Sempre me perguntei quando eu iria me apaixonar de verdade.
Imaginava que o amor era para os outros, aqueles que se encontravam por ruas e bares, vivendo boemias.
Entre copos de cerveja e água mineral eu me perdia, tentando me encontrar deslocado sempre nessa vida vazia.
Só nestas noites de lua cheia, meu travesseiro me acompanhava, onde quer que eu fosse nada adiantava o bom ser dentro de mim.
Risos por toda parte e um rosto triste destoando de toda beleza que coloria os bancos das boates.
Fora dos padrões de beleza, testemunho em voz ativa a maior alegria da minha vida surgiu quando eu chorava.
Era alguém que me perguntava o que eu fazia, de onde eu vinha, como eu vivia, mas eu nunca respondia pois nem mesmo eu sabia de mim.
Dia dos namorados e aliança no dedo foram meus maiores sorrisos, senão maiores os mais verdadeiros.
Ouvir dizerem que eu sou tudo pra alguém é o que hoje me completa, me torna mais viva e mais certa que o amor habita em mim.
Quando beijo outro homem e me vejo tão contente vale a pena todos os tristes momentos que passei.
Por terem descoberto que sou gay não me importo mais.
Nada mais me chateia, nem mesmo as noites em que eu olho pro céu e vejo as estrelas brilharem em volta de uma lua cheia.